SEJA LÍDER DE SI MESMO – Eduardo Shinyashiki*O crescente aumento da competitividade faz com que as empresas demandem um nível sempre mais alto de aprimoramento em termos de performance e inovação. Para isso, a empresa opera por meio de cinco pontos essenciais: produtos e serviços, processos, organização, sistema de informação e especialmente o ser humano.
Entre essas cinco dimensões, a do ser humano representa a fonte de maior desenvolvimento e o fator chave na geração do valor agregado, capaz de assegurar o sucesso da empresa. Uma atenta gestão das pessoas é fundamental para determinar o nível de rendimento e resultados, confirmando a ligação entre qualidade das relações interpessoais, o nível de motivação e o rendimento.
O primeiro passo para gerir pessoas com sabedoria é saber liderar a si mesmo de forma eficaz, reconhecendo que, antes de ocupar um determinado cargo, ele é um ser humano em busca de um significado e um sentido naquilo que faz. Ser líder de si mesmo significa se conhecer, saber se motivar e saber definir estratégias necessárias para agir e buscar o equilíbrio entre as exigências da realidade da empresa e a satisfação dos colaboradores.
Quem tem autoliderança sabe organizar e conduzir a própria vida de forma eficaz. Tem um projeto de vida onde o trabalho é incluído e sabe se observar para modificar os condicionamentos ou limitações instaladas.
O líder de si mesmo define objetivos tem uma autocrítica construtiva, assume as próprias responsabilidades e respeita suas próprias ações e também as dos outros. Ele pensa em termos de oportunidades e soluções, sabendo que o dia a dia é como nós o criamos: podemos fechar os olhos para a realidade, ou mantê-los abertos, mudando assim completamente a relação com o mundo.
Quem sabe liderar a si mesmo tem modelos de pensamentos positivos que são transmitidos também aos colaboradores, dando as condições para que eles adquiram competências e possam se tornar líderes de si mesmo, descobrindo cada vez mais suas potencialidades.
O líder se relaciona diretamente com as pessoas da empresa e para isso são necessárias competências específicas, entre elas:
– Comunicar-se de forma apropriada em conteúdo, contexto e tempo, sabendo explicar, não somente o “que” se está fazendo e o “como” precisamos fazer, mas especialmente o “por que” se faz, o propósito de tudo aquilo. É isso que o torna um líder inspirador.
– Ter uma visão geral do ser humano, como indivíduo que pensa, sente e vive de forma única, complexa e mutável. Saber lidar com as emoções próprias e do outro, para compreender melhor os colaboradores, influenciar os comportamentos, e poder guiá-los para equilibrar os interesses individuais com os da empresa.
O líder de si mesmo reconhece que independente de onde ele se encontra é apenas de passagem, assim como somos de passagem na vida. O importante é transmitir algo valioso às pessoas que encontramos nessa passagem, influenciá-las e envolvê-las emotivamente, para contribuir em deixá-las melhores, tocando a sua alma e para que elas se tornem também líderes de si mesmo.*Palestrante———————————–O Político e o Estadista – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Um estadista acha que ele pertence à nação, mas um político acha que a nação lhe pertence”. (Berbast V. Prochnov)Um antigo senador da República, brasileiro, há muito tempo também nos disse que no Brasil ainda temos bons políticos, mas não temos mais estadistas. Infelizmente essa é uma realidade entristecedora. E pelo que vemos, ainda vamos demorar muito a eleger políticos competentes para serem estadistas. Mesmo sabendo que ainda temos bons políticos. Mas as mudanças devem começar pelos eleitores e, consequentemente, pelos partidos políticos. E o Afonso Arinos também disse: “Os partidos nacionais são arapucas eleitorais e balcões de vendas”. E olha que não estou procurando arenga com a política nem com os políticos. Estou apenas alertando para o cuidado que devemos ter nas próximas eleições. Afinal de contas, somos, todos nós, responsáveis pelos políticos que temos.
E o caminho mais certo para o reparo é o respeito. Comecemos por respeitar a política. Ela tem seus desvios que não devem ser vistos como deslizes. Precisamos entender os caminhos da política para poder entendê-la. E isso faz parte da educação e da cultura. Um povo culto e educado tem que saber ler a política. Entendê-la para poder vivê-la. E são os políticos que têm o dever de nos educar, dando-nos uma educação sólida como esteio da cidadania. E, infelizmente, não nos ensinam isso nas escolas. Nem mesmo nos graus superiores. O que nos leva a tomarmos iniciativa no aprender. E não vamos aprender política com futilidades. Porque é esta que nos leva ao desmando que estamos vivendo na política.
O político tem que ser preparado para a política. E preparar-se para a política não significa preparar-se para a bandidagem, a esperteza, a corrupção. Ser esperto na política é ser experto no assunto, no saber sobre o que é ser um estadista, por exemplo. Você pode se tornar um estadista dentro da política, mas não com desvios de conduta, mas por competência, capacidade em administrar o país dentro da legalidade, da honestidade e, sobretudo, da competência. Vá pensando nisso, e procurando ver o que você vê no seu próximo candidato às próximas eleições. Qual a competência dele dentro da política. Qual a experiência que ele traz no seu currículo. Mesmo porque, mesmo ele sendo um iniciante, tem que ter demonstrado conhecimentos no caminho que quer e pretende ingressar. E não se esqueça de que a responsabilidade pelo futuro do seu município, do seu estado e do seu país, é sua. Ignorar isso implica risco de desvios, o que geralmente é visto e almejado pelos maus políticos.Pense nisso.*[email protected] —————————————Virtudes morais: transgressões e rupturas (I) – Sebastião Pereira do Nascimento* Desde os tempos primórdios em que o homem começa a se organizar coletivamente, surge às primeiras concepções de vida social, regrada por diversos preceitos consensuados que disciplinavam o cotidiano da vida em comum. Diante desse processo de agregação do homem, deu-se o início da “consciência moral” dentro de uma sociedade primitiva, onde qualquer infringência das regras estabelecidas consistia numa prática imoral.
Para outros fins, a ideia dessa capacidade de discernir sobre o “certo” ou “errado” também evidencia que os seres humanos sempre buscaram formas de estabelecer código de “bom convívio”, porém, não imposto por um ente acima do grupo, mas construída no dia a dia e manifestada no próprio meio, com o intuito de proporcionar boa convivência entre os membros da sua sociedade.
No caso da consciência moral, Aristóteles, em Ética a Nicômaco, define como uma das características da ação humana, sendo um elemento muito importante na produção da realidade social, pois toda pessoa humana possui um senso de valor – que se define também como uma habilidade intuitiva –, e por isso está sempre avaliando e julgando as ações humanas, que por consequente, proporcionam a pacificação social entre os pares. A rigor, a consciência limpa dos homens, desde sempre pronuncia juízos morais sem hesitação.
A ideia moral também reside em Sócrates no conhecimento e em vislumbrar na felicidade o fim da ação. Essa dualidade tem por objetivo preparar o indivíduo humano para conhecer-se, tendo em vista que o conhecimento é a base do agir correto e o vislumbramento é o efeito da plenitude. Para este filósofo, o entendimento moral prima pelo bem do coletivo, onde a obediência à lei é o limite entre a civilização e a barbárie. Pois, ainda segundo Sócrates, onde residem às ideias de ordem e coesão, pode-se dizer garantida a existência e manutenção do corpo social.
Por outro lado, o que assistimos atualmente é o fracasso da mobilização coletiva, submetido a um contínuo processo de desconstrução dos valores morais e sociais em detrimento das causas individuais, onde a pessoa manifesta seus mais intensos desejos de satisfazer seus próprios apetites, os quais conduzem sempre a um conflito com o meio social em que vive. A pessoa que age assim está mobilizada para conseguir seus objetivos sem, contudo, reparar os meios para tais fins; decorre daí as diversas transgressões praticadas por pessoas inescrupulosas, alimentadas pela violenta disposição do indivíduo querer se dar bem em detrimento aos benefícios de outrem.
Diante dessas incorreções humanas que incidem contra os valores essenciais da sociedade, observo que a filosofia aristotélica, sobretudo embasada nas virtudes morais, deve ser a base reflexiva no sentido de estimular as virtudes cardiais (apregoadas por Aristóteles) como forma de orientar para mudanças de atitudes e possíveis rupturas das recorrentes transgressões imputadas pela sociedade contemporânea.
Todavia, essas virtudes, por si só, não se manifestam para o bem se não estiverem sustentadas a um alicerce de valor a ser obedecido e outro que é regido pelo caráter e pelos princípios de cada pessoa, como indivíduo. Esse alicerce é que leva o ser humano pensar sabiamente e fazer escolha para o bem, fazendo com que o indivíduo se limite ao desempenho moral de suas ações diante da sociedade, a partir de práticas que se confirmam como o bem correto e desejável, pois é com essas práticas fiéis que ele protagoniza um mundo mais justo e mais fraterno.
Aristóteles faz distinção entre dois tipos de virtudes: a virtude intelectual e a virtude moral. Contudo, tanto a primeira como a segunda não surgem no homem por natureza, elas são adquiridas. Nos dois casos é a natureza que lhes dá a capacidade de recebê-las. A virtude intelectual pode ser adquirida através do ensino a qual requer tempo e experiências. Enquanto a virtude moral, o que a caracteriza é ela está entre as coisas que só se adquirem pelo exercício contínuo, o qual se dedica a deliberar valores e juízos morais e coisas de como devemos conduzir a nossa vida, e é nesta que repousa o interesse da investigação aristotélica.
No que concerne aos juízos morais que guiam a nossa conduta, em Aristóteles consta que de maneira imperceptível é possível aplicar estes atributos a questões mais práticas, com as quais nos confrontamos nas nossas vidas quotidianas. Sobremaneira, quando pretendemos adotar uma postura diante do nosso dia a dia, devemos considerar as questões do ponto de vista moral de todos os entes envolvidos, nos colocando na posição de cada um, assim como na nossa, e de agir de forma que seja gratificante para o outro, como se fosse para nós mesmo, numa livre escolha de transformarmos em pessoas melhores e preparadas para enfrentarmos o cotidiano, controlarmos o emocional, contemplarmos o imaginário e redimirmos a nossa singularidade. *Filó[email protected]