Bom dia!A primeira revolução política na República brasileira aconteceu em 1930, quando políticos do Sul e do Nordeste se uniram para derrubar da presidência o paulista Washington Luís, o último dos representantes do esquema café (São Paulo) com Leite (Minas Gerais). Os brasileiros estavam fartos de ver um esquema de poder que governava o Brasil a partir da visão e do interesse de paulistas e mineiros. A aliança vencedora do golpe indicou Getúlio Vargas como presidente, que iniciou um novo ciclo econômico do Brasil, modernizando o País com industrialização e nas relações trabalhistas.

O golpe que se está perpetrando contra o governo Dilma Rousseff (PT), com forte apoio congressual, vai entregar a presidência da República ao paulista Michel Temer, que estabeleceu forte aliança política com os setores financeiro, industrial e agropecuário tupiniquins, e começa governando como na Velha República, olhando o Brasil com os olhos de São Paulo. Em outras palavras, o governo, que tudo indica será tornando definitivo, começa agindo com os olhos voltados para os interesses dos estados ricos, especialmente os do Sul e Sudeste do País.

Exemplo dessa forma de agir foi a maneira como Temer e seu ministro da Fazenda, Henrique Meireles, trataram a questão do endividamento e da insolvência dos estados brasileiros. Muito rapidamente, o governo federal suspendeu o pagamento das dívidas estaduais para com a União, envolvendo uma bolada, em dois anos, que ultrapassa os R$ 70 bilhões. Essa medida, como já foi amplamente divulgada, só atendeu aos estados ricos de Sul e Sudeste, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, na verdade os grandes devedores.

Os estados do Norte e do Nordeste quase nada devem à União, e foram duramente atingidos pelas desonerações tributárias concedidas no governo Dilma Rousseff. Para compensar, pediram a Temer e a seu ministro da Fazenda, reles R$ 8 bilhões. Depois de muito vai-e-vem, o governo federal mandou avisar aos governadores desses estados nortistas e nordestinos que, devido à crise, não há dinheiro para atendê-los e acena apenas com a possibilidade de autorizar os bancos federais a fazerem empréstimos para aqueles que ainda têm margens de endividamento.NÃO PODENo caso de Roraima, essa decisão do governo Temer de autorizar o governo do Estado a fazer novos empréstimos junto aos bancos federais parece absolutamente descabida. Ora, o governo Suely Campos (PP) vem gritando em alto e bom tom que não está conseguindo pagar os empréstimos feitos no governo Anchieta Júnior (PSDB). De onde vai tirar recursos para pagar os novos empréstimos quando eles começarem a vencer. Decididamente, é preciso olhar o País através de suas crises, e se for assim, parece não restar dúvidas de que não dá mais para empurrar o nosso encontro com a realidade para os outros.MAIS 1O Brasil é, decididamente, um país surrealista. Enquanto país e sociedade nacional, não estamos conseguindo colocar na cadeia parlamentares que roubaram, e continuam roubando, bilhões dos cofres públicos. E ninguém manifesta indignação, contra, por exemplo, o fato de que senadores e deputados ladrões continuem comandando o destino do dinheiro público. Mas gerou forte reação, em âmbito nacional, as declarações do ministro da Saúde, Ricardo Barros, quando afirmou que os homens não cuidam devidamente da saúde porque trabalham mais que as mulheres.MAIS 2Longe dos redatores da Parabólica concordar com o ministro Ricardo Barros, que já disse outras besteiras do tipo, mas, decididamente, exigir punição para os ladrões que levaram este País à falência, assaltando os cofres públicos é uma tarefa muito mais importante do que discutir as afirmações de alguém despreparado, que, às vezes, não sabe nem o que está falando. Que os fogos dos Jogos Olímpicos não tragam a amnésia tão sonhada pelos canalhas.VIÁVELEm entrevista, ontem, no programa Agenda da Semana, da Rádio Folha, o sindicalista Luiz Laranjeiras, um dos mais antigos servidores da Companhia Energética de Roraima (CERR), disse que a empresa estadual tem total viabilidade para fornecer energia elétrica para o interior do Estado. Seu principal argumento é que, dos 14 municípios atendidos pela CERR, 12 já são servidos pela energia de Guri, o que diminui em muito os custos da empresa. Laranjeiras afirma que o interesse em privatizá-la agora é por conta dessa viabilidade econômica.GESTÃODurante toda a entrevista, Luiz Laranjeiras insistiu que o problema da CERR não é econômico e nem financeiro depois que o governo do Estado tomou emprestado mais de R$ 600 milhões. Segundo ele, o que falta para consertar a empresa é gestão eficiente. Ele fez duas revelações com exclusividade para o Agenda da Semana. Primeira: a atual diretoria da empresa, que não pediu a renovação da outorga a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Segunda: os servidores da CERR estariam conversando com a governadora Suely Campos (PP) para que haja mudança na direção da CERR e, segundo ele, seus companheiros estão esperançosos de que isto venha a ocorrer.