Opinião

Opiniao 27 08 2016 2898

Brasília e seus dias de corrupção – Eldo Gomes*A capital de todos os brasileiros não é movida só pela má conduta de determinados políticos. Há uma Brasília propositiva, longe dos holofotes.

Brasília vive dias de corrupção novamente. Parece novela. E a cada momento surgem novos capítulos de uma série de terror que assombra parlamentares e toda sua trupe. O nome da cidade é cada vez mais estremecido por conta de escândalos envolvendo o alto escalão político. Já vimos esse cenário no Executivo e no Legislativo, com vídeos, áudios e fotos, que corroem a imagem da capital brasileira. Uma mancha que poderá levar décadas para ser recuperada.Não adianta reclamar no sofá. Gritar no Twitter. Soltar o verbo no Snapchat e até fazer movimento no WhatsApp. É preciso voltar para as ruas e cobrar respeito e transparência com o dinheiro público, pois a imagem de Brasília e a história construída pelo visionário Juscelino Kubitschek, que hoje estaria envergonhado por tanta obstrução do nome da capital do país.Mesmo com este cenário obscuro, é preciso ter fé e acreditar, em uma Brasília propositiva e vista por outro ângulo. Afinal, engana-se quem pensa que é só de corrupção que vive o quadrilátero do cerrado. Aqui, temos quase 3 milhões de habitantes, divididos em 32 cidades e que constroem suas histórias, longe do epicentro midiático e sem equilíbrio que enxergamos na mídia.São empreendedores, comerciantes, artistas e pessoas que muito além da política, lutam cada dia pela sua história, sua vida e que necessitam de serviços públicos de qualidade, pois pagam suas contas e merecem uma excelência em gestão e atendimento público, pois a qualidade é ínfima, se compararmos com o elevado custo para manter uma casa com serviços básicos.Mas, longe dos holofotes, há brasilienses que constroem a Brasília do João, da Maria, do Seu Gomes e assim por diante. Uma cidade de produtores e de empreendedores, que ao longo dos mais de 50 anos puderam coexistir e fazer desta cidade sua longa história de vida. Nós, brasilienses, não podemos esmorecer por conta dos dias de sombra que permeiam a nossa cidade. É preciso estufar o peito e ter fé em dias melhores.

Em representantes que façam jus ao voto que recebeu e principalmente, a história política e cultural que é construída por nós, que escolhemos e acolhemos essa cidade como nossa.

*Jornalista Multimídia, Youtuber e há 9 anos editor do site Acontece Brasília, que fala sobre cultura, política e [email protected]——————————————

Os filhos das contradições – Jaime Brasil Filho*A história não se repete. Quem afirma o contrário disso não percebe as consequências irreversíveis que cada processo social e histórico guarda em si. Não foi à toa que Marx cunhou a famosa frase rebatendo as afirmações de replicação mecânica dos processos históricos: “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.”

O liberalismo que vigorou como teoria hegemônica, orientando as relações de produção no começo do capitalismo industrial, retornou como neoliberalismo, e sua tragédia é lançar toda a humanidade, bem como toda a biosfera do planeta, à destruição completa.

Também se sustenta no marxismo o método histórico-dialético para melhor se entender e, até mesmo, antever os acontecimentos históricos. Mas, o que seria isso? É uma forma de observação e análise em que se deve identificar quais as contradições que cada processo carrega e que gerará a sua própria superação.

Tentar colocar a iminente queda de Dilma apenas na ascensão das forças mais conservadoras, de direita, ou sustentar que isso se dará por obra e culpa exclusivas de conspiradores é, sem dúvida, ser muito limitado ou desonesto, intelectualmente falando.

Quem usa o método dialético se perguntaria: por que as forças conservadoras cresceram em um suposto governo progressista, de esquerda?

Temos várias alternativas para responder a esse questionamento. A primeira é saber se realmente o governo Dilma foi progressista. E, se foi, até que ponto.

Do ponto de vista macroeconômico, Dilma e Lula foram tão neoliberais quanto FHC e Collor; em alguns aspectos, até mais. O tripé macroeconômico do neoliberalismo manteve-se intocado: câmbio flutuante, superávit primário (leia-se: transferência de dinheiro público para especuladores e banqueiros), e metas inflacionárias. Na verdade, tivemos com os governos do PT e Cia os mais exorbitantes lucros que os bancos privados já experimentaram, sem falar no financiamento público e no subsídio do grande agronegócio e dos lucros estratosféricos das grandes corporações, via incentivos fiscais.

É verdade que políticas sociais de compensação do neoliberalismo foram utilizadas contra o desemprego estrutural, que é próprio do modelo neoliberal. Programas como o bolsa família e Minha Casa Minha Vida, buscaram salvar da fome os expurgados do sistema, aquecer a economia e gerar paz social para que os grandes ganhadores, ou seja, os grandes capitalistas, nadassem de braçada no dinheiro. No final, a classe média, que é quem paga imposto na fonte, e os pobres que pagam impostos no consumo, transferiram bilhões de reais para as mãos dos banqueiros, especuladores, agentes do agronegócio e grandes corporações.

Assim, a despeito das políticas de transferência de renda, a gestão macroeconômica do PT e CIA aprofundou o modelo neoliberal no Brasil.

Já do ponto de vista político o PT e aliados vinha acendendo, como se diz popularmente, uma vela pra Deus, outra para o diabo.

Se por um lado várias bandeirasde lutas setoriais tiveram mais espaço e efetividade, como foi o caso da luta contra o racismo, contra a homofobia e o machismo, bem como a luta dos povos indígenas e quilombolas, por outro lado, setores extremamente conservadores da sociedade foram alimentados diuturnamente com concessões e dinheiro públicos.

Nada se fez contra os oligopólios da grande mídia. Nada se fez em relação ao uso do espectro de rádio – usado para a transmissão de imagens e sons em sinal aberto, e que tem que ser objeto de concessão pública-, para garantir a laicidade do Estado Nacional, e dissipar discursos extremamente conservadores e hidrófobos que desfilam por aí.

O PT e aliados, desde 2003, aprovaram inúmeras leis e normas que retiraram direitos dos trabalhadores e aposentados para agradar a banca rentista.

Nada se fez para alimentar uma perspectiva de democracia mais aprofundada. Pelo contrário, houve uma acomodação das organizações sociais progressistas no seio da estrutura pública, e a cooptação institucional de várias de suas lideranças.

Ainda, politicamente, o PT e Cia em vez de buscar a construção de uma hegemonia política popular para garantir governabilidade, manteve a velha estrutura fisiologista, do toma-lá-dá-cá com o Congresso Nacional, o que, por consequência, deu margem a todo tipo de corrupção, seus escândalos e demais consequências jurídicas e políticas.

Mas isso é somente um resumo. Poderíamos passar dias enumerando os fatos que ajudaram a criar o cenário em que vivemos.

O certo é dizer que tudo o que está acontecendo é fruto das contradições históricas dos processos econômico e político capitaneados pelos governos Lula e Dilma. Abandonando princípios ideológicos, éticos e filosóficos, perderam, inclusive a capacidade de análise da realidade, de autocrítica e de ação.

Temer, que é de direita, é a consequência dialética de uma esquerda que transigiu com o conservadorismo. Temer nos traz o aprofundamento ainda mais rápido, e sem viés social, das bases macroeconômicas neoliberais.

Temer se alça ao poder de forma ilegítima, com o apoio da plutocracia e da grande mídia, acreditando, de forma equivocada, que a maioria do povo estava insatisfeita com Dilma por conta de sua, digamos, “lentidão” neoliberal. Muito pelo contrário. A maioria do povo – que, ressalte-se, não é essa classe média que esteve nas ruas- quer é mais direitos, mais atenção do Estado, mais saúde, mais educação e mais segurança. Essa grande massa não aceitará os retrocessos que se anunciam. As novas gerações de lutadores do povo já se apresentam: ocupam escolas e prédios públicos e enfrentam a as forças de repressão não apenas com cartazes e faixas.

Temer certamente tem um “plano de emergência” para enganar o povo até 2018. Provavelmente ele se utilizará de artifícios para aquecer a economia temporariamente, e, assim, tentar fazer seu sucessor ou se reeleger, o que é mais provável. Usar o FGTS para garantir empréstimos consignados, como anunciado, será um desastre para trabalhador no médio prazo, mas, pode ser o canto da seria para a atual crise que atravessamos.

Certamente a desigualdade crônica do nosso país se agudizará com Temer. A violência explodirá, teremos menos saúde e educação. E um novo cenário político se apresentará.

Uma reorganização das forças progressistas urge. Precisamos de uma frente antifascista e de aprofundamento da democracia, que priorize a ética na política e repila o comportamento fisiologista e oportunista que tem permeado praticamente todas as forças políticas oficiais até hoje.

Estamos assistindo ao fim de uma era, e as novas contradições do sistema estão criando forma, delas nascerá o mundo que virá.

“A produção capitalista acarreta, com a inexorabilidade de uma lei da natureza, a sua própria negação.”

Karl Marx, O Capital.

*Defensor Público ———————————————De quem é a culpa? – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Se você é capaz de sorrir quando tudo deu errado, é porque já descobriu em quem pôr a culpa”. (Thomas Jones)Se algo deu errado e você tirou de letra é porque você se olhou no seu espelho interior e se reconheceu. É o único espelho em que nos vemos como realmente somos. É quando você descobre que alguém não enganou você, você é que se enganou com ele. E há uma diferença enorme dessa visão. Por que eu tenho que me aborrecer quando acho que fui enganado por alguém? O que tenho que fazer é ir até meu espelho interior, que está dentro de mim mesmo, e me mirar. Se eu for uma pessoa madura, vou descobrir que, tolamente, me enganei com alguém. E nesse caso, eu é que fui o boboca. E o que tenho que fazer é botar a culpa em mim mesmo e encerrar o assunto. E uma vez que o assunto está encerrado, não tenho por que continuar aborrecido. E fim de papo.

Já sabemos que “o ser humano sempre envelhece, mas raramente amadurece”. E nunca iremos amadurecer enquanto ficarmos acariciando a dor. Não devemos ficar sofrendo com a dor, mas procurando um meio de eliminá-la. E, mesmo que você não acredite, a mais eficiente anestesia está na nossa mente. Você já conheceu alguém em quem a anestesia não faça efeito? Eu conheço. E, acredite, ele não faz da vida dele um inferno sempre que tem que fazer alguma cirurgia. Mas vamos deixar as doenças, e falemos de saúde. E o mais intrigante é que só procuramos a saúde nos postos onde só há doenças. Sem brincadeira, falando sério. Poucas pessoas procuram o médico para cuidar da saúde, mas para combater a doença. Já pensou nisso?

A cruz sempre foi o símbolo da morte. Sempre que alguém morre, a primeira coisa que fazemos é colocar uma cruz sobre seu caixão, colocá-la sobre sua cova e por aí. Mas todos os carros dos prontos de socorro têm a cruz com símbolo. Eles pegam o doente e o levam para o hospital, escudado com uma cruz. Não parece irônico? Quando será que vamos acordar para a realidade da vida real? Faça de você seu timoneiro. O Og Mandino disse que “Ninguém pode viver sua vida por você. Ninguém pode conseguir o sucesso por você. É sua vez”. Procure você dentro de você. Você nunca vai se encontrar lá fora. Tudo de que você necessita para ser o que você quer ser, está dentro de você. Até mesmo quando você duvida disso, está fazendo pra você o que você merece. Então veja o que você realmente merece e busque em você. Veja se você é capaz de sorrir pra você mesmo. Ou se vai continuar esperando que os outros façam por você o que você mesmo deveria fazer. Não brinque e leve isso a sério. Procure-se no seu espelho interior. Pense nisso.

*[email protected]    99121-1460