Bom dia! Os canalhas que roubaram a Petrobras e as empresas elétricas do Governo Federal torcem, e estão fazendo o possível, para que esta cassação do mandato do deputado federal, ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB), seja a pá de cal que está faltando para que seja enterrada, definitivamente, a Operação Lava Jato, e com isso reste estancada a sangria que poderia ceifar a vida política de alguns caciques do PMDB e do PT. Cunha, o bode expiatório escolhido para justificar o enterro da Lava Jato, e de tantas outras investigações contra esses canalhas, foi abandonado pelo Palácio do Planalto desde o fim de semana passado, exatamente na perspectiva de que é preciso sacrificar alguém para preservar a espécie.

A prevalecer a estratégia posta em prática pelos canalhas, estaremos diante de mais uma demonstração da validade dos princípios da evolução da espécie, preconizada pelo pesquisador inglês Charles Darwin, e aplicável às espécies vivas. Neste caso, infelizmente, todo o esforço dos agentes públicos da primeira instância da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal, sediada em Curitiba, capital do Paraná, terá apenas como feito principal a velha crença dos canalhas de que vale a pena ser saqueador dos cofres públicos, desde que seja feito com organização e competência, capaz de envolver poderosos de todos os poderes. E, neste caso, o acumpliciamento é estratégia infalível para jogar a sujeira para debaixo do tapete. É uma pena.LAVA JATOA prova de que o governo Temer está empenhado em estancar os efeitos da Lava Jato é, sem dúvida, encontrada na demissão sumária do ex-advogado-geral da União, Fábio Medina Osório. Defenestrado da Advocacia-Geral da União (AGU), Osório disse que perdeu o cargo porque estava mandando apurar o envolvimento de servidores federais nas irregularidades reveladas pela Operação Lava Jato. Sem meias palavras, ele afirmou que recebeu orientação do ministro Eliseu Padilha, o poderoso chefe da Casa Civil de Temer, para que esquecesse essa história da Lava Jato.NÃO ATENDEUFábio Osório Medina disse que não pararia com as investigações para punir os servidores federais envolvidos nas irregularidades mostradas na Lava Jato, e que gostaria de ouvir do próprio presidente Michel Temer a ordem de parar de chafurdar na Lava Jato. Segundo a imprensa que cobre os bastidores da política em Brasília, Temer não quis falar com Medina e mandou que ele lesse o Diário Oficial da União, evidentemente para ver sua demissão sumária. Precisa mais evidência?DECANONa solenidade de posse da ministra Carmem Lúcia como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o mais antigo dos integrantes daquela Suprema Corte, chamado pomposamente de decano, Celso de Mello, fez um discurso que seria histórico, se fosse feito numa Pátria menos contaminada pela imoralidade. Citando, entre outros, Aliomar Baleeiro e Ulisses Guimarães, Mello chamou de marginais da República aqueles que se utilizam de meios desprezíveis para enriquecer ilicitamente, detentores de apetites depravados de se aproveitar do poder em benefício próprio. Na mesa de autoridades, ninguém menos que Renan Calheiros, um dos caciques do PMDB, que preside o Senado Federal e responde a quase uma dezena de inquéritos por corrupção no próprio STF.PARA QUEM?Quem ouviu o discurso do decano Celso de Mello, com Renan Calheiros e Michel Temer, sentados à mesa de autoridades, não consegue identificar para quem estava endereçada aquela fala. É difícil imaginar que Mello não conheça a realidade da pátria tupiniquim revelada pela Lava Jato. Renan, como se sabe, está no centro das denúncias e Temer está cercado de políticos empenhados em estancar a Lava Jato; e, segundo a imprensa, acaba de demitir o advogado-geral da União que desejava aprofundar as investigações.BUÑUELUm experiente político local, leitor assíduo da Parabólica, admirador da sétima arte, telefonou para dizer que o discurso do ministro Celso de Mello trouxe-lhe à memória um filme extraordinário do diretor de cinema, o espanhol Luís Buñuel, chamado o “Discreto Charme da Burguesia”. No enredo, numa imaginária republiqueta da Centro América, a elite administrativa e política do país participa de um jantar tendo como convidados grandes empresários, lobistas da pior espécie, vendedores de armas, dentre outros. Ali, na maior cara-de-pau do mundo, são realizados os negócios mais sórdidos da República, inclusive com negociatas fechadas nas alcovas.DEFERIMENTOApesar de alguns candidatos a prefeito de Boa Vista reclamarem publicamente da rapidez com que o registro de candidatura de Teresa Surita (PMDB) foi deferido pelo juiz Aluisio Ferreira da 1ª Zona Eleitoral, sendo o primeiro a ser decidido, quem acompanha os bastidores das eleições 2016 não vê qualquer estranheza nisso. Afinal, nenhum dos concorrentes, ou mesmo suas coligações, apresentou qualquer pedido de impugnação contra o pedido de registro da candidatura da atual prefeita, apesar de ela responder ações judiciais que dariam trabalho aos juízes eleitorais quanto à temporalidade. Por outro lado, os concorrentes tiveram que responder a quase 10 ações de impugnação, todas impetradas por coligações aliadas ao grupo político de Teresa.