Bom dia!Esta é a primeira Parabólica depois das eleições municipais. Por conta disso, para atender a vários leitores, vamos comentar um pouco sobre os resultados das urnas e procurar entender para onde apontam os ventos soprados desde as urnas abertas e concluídas na noite de domingo (02). É claro, num ambiente de pouca fidelidade aos eleitores e menos ainda entre políticos que guardam quase nenhuma aliança entre um pleito e outro, qualquer projeção futura deve ser olhada com cautela.
Mas, sem qualquer dúvida, o maior derrotado neste pleito municipal foi o grupo político – aqui não é possível sequer falar em partido – comandado pelo ex-governador Neudo Campos (PP) e por sua mulher, a governadora Suely Campos (PP). Dentre os 15 prefeitos e prefeitas eleitas, apenas o do Município do Uiramutã é filiado ao partido da governadora. E, segundo fontes da coluna, ele obteve o êxito muito menos por prestígio do Palácio Hélio Campos e muito mais pelo apoio da ex-prefeita daquele município, Florany Mota, que se empenhou pessoalmente na campanha.
Nos outros 14 municípios, ganharam candidatos apoiados por adversários políticos da governadora ou, na melhor das hipóteses, por parlamentares que guardam muita distância do Palácio Helio Campos. Paramétrica deste desastre político do governo foi a derrota da candidata da governadora no Município do Amajari – onde Suely tem fincada sua origem familiar -, que amargou o último lugar na disputa pela prefeitura local, com menos de 15% dos votos válidos.
Em Boa Vista, maior colégio eleitoral do Estado, o grupo político governamental não conseguiu eleger um único vereador para uma Câmara que tem 21 vagas. O candidato Sandro Baré (PP), teoricamente apoiado pelos governistas, não chegou a 10% dos votos validados, fugindo uma tradição que sempre deu ao governo estadual um patamar mínimo de 30% dos votos em cada eleição.
Na outra ponta, não resta dúvida de que, isoladamente, o notório senador Romero Jucá (PMDB) pavimentou bastante a campanha de sua reeleição para o Senado Federal em 2018, caso não seja ele alcançado pela Lava Jato até lá. Jucá apoiou a reeleição da prefeita Teresa Surita (PMDB) em Boa Vista e do prefeito eleito de Rorainópolis, Leandro Silva (PSD), os dois maiores colégios eleitorais de Roraima. Além deles, o PMDB elegeu o prefeito de São Luís do Anauá, e aliados do peemedebista também ganharam a eleição em Mucajaí, Alto Alegre e Caracaraí. É, de fato, um capital eleitoral não desprezível para quem vai disputar uma eleição dentro de pouco mais de dois anos.
Alguns deputados estaduais também tiveram confirmado prestígio político nestas eleições municipais. A começar pelo presidente da Assembleia Legislativa, Jalser Renier (Solidariedade), que apoiou cerca de oito dos prefeitos e prefeitas vencedores, elegendo também cerca de dez vereadores, dois dos quais em Boa Vista, o que pode lhe garantir certo conforto também em 2018.
Dois deputados estaduais, Coronel Chagas (PRTB) e Jânio Xingu (PSL), fizeram irmãos prefeitos, respectivamente em Bonfim e Cantá. Chagas reelegeu também a esposa Aline Rezende (PRTB), vereadora de Boa Vista, enquanto Xingu foi fundamental para a vitória do prefeito eleito do Caroebe, apesar de sua filiação ao PSDB do ex-governador Anchieta Júnior e da deputada federal Shéridan Estefani.
Dentre os demais deputados federais, o desempenho eleitoral mais significativo foi o de Édio Vieira Lopes (PR), que reafirmou sua força eleitoral em Mucajaí, elegendo a mulher prefeita do município e quase consegue eleger o genro no Município do Bonfim, perdendo a eleição por pouco mais de 100 votos. Os demais foram figurantes no processo eleitoral, talvez por saberem da dependência de todos os eleitos das emendas ao Orçamento Geral da União (OGU), de autoria dos parlamentares federais para que os municípios possam tocar suas vidas, especialmente, em relação aos investimentos, impossível de ser realizados com recursos próprios.RECOMENDAÇÃO 1Embora não tenha revelado a causa, o Colégio de Procuradores do Ministério Público do Estado, cuja presidente é a procuradora-geral Elba Christine Amarante de Morais, aprovou e expediu uma dura Recomendação aos promotores de Justiça, designados procuradores eleitorais. Em síntese, eles devem permanecer na respectiva zona eleitoral, efetivamente ou em regime de sobreaviso, quando for o caso, uma vez que a gratificação eleitoral pressupõe eventual labor aos sábados, domingos e feriados.RECOMENDAÇÃO 2Também devem comunicar ao procurador-geral de justiça quaisquer afastamentos, para que este, após eventual deferimento, no uso de suas prerrogativas funcionais, proceda comunicação à Procuradoria Regional, indicando o promotor eleitoral substituto, quando for o caso. Ainda devem se abster de encaminhar diretamente à Procuradoria Regional Eleitoral quaisquer informações relativamente ao período de afastamento por motivo de férias, recessos, licenças, suspensão de expediente forense, compensações ou quaisquer outros.