Opinião

Opiniao 10 10 2016 3088

E o povo preferiu os ditos “golpistas”, “coxinhas” e “fascistas” – Percival Puggina*Enquanto rolava o processo de impeachment, a máquina publicitária petista saiu em busca de um discurso que, se não servisse para neutralizá-lo, ao menos fosse útil à manutenção da hegemonia do partido na cena política nacional.Os chamados do povo às ruas para uma suposta resistência democrática não deram o resultado esperado. Aquele foi o primeiro indício da tragédia que sobreviria. Sobrou, então, o xingamento aos opositores do governo petista. Os adjetivos golpista, coxinha e fascista passaram a ser distribuídos como se argumentos fossem. E quem apoiasse o impeachment era imediatamente proclamado sócio, discípulo e seguidor de Eduardo Cunha. Imaginava o comando petista que essa estratégia produziria o objetivo desejado?Suponho que sim, porque a alternativa era incompatível com a estrutura psicológica do partido. O PT vê a si mesmo como tabernáculo, como depositário do conhecimento e da revelação sobre o bem nacional. E vê seus líderes como profetas e sacerdotes incumbidos de guiar o povo nos caminhos da salvação. Não há como, em qualquer das duas perspectivas, penitenciar-se por erros e culpas. E, menos ainda, aceitar que qualquer outro que não um petista governe o país. Assim, os profetas e sacerdotes do partido, autocraticamente, decretaram a ilegitimidade do mandato do vice-presidente constitucional da República: “Fora Temer!”.

Deu para entender? Não? Pois é. Não dá mesmo. Ninguém entendeu, vieram as eleições municipais e, na campanha, o segundo indício da tragédia: os candidatos do PT escondiam a sigla, seus símbolos e cores.Contados os votos, as legendas ditas golpistas foram eleitoralmente endossadas por 66,8 milhões de brasileiros enquanto o PT alcançou apenas 10% disso. Perdeu 10 milhões de votos. Enquanto o PSDB e o PMDB conquistaram 1.855 prefeituras, o PT elegeu apenas 263, perdendo 400 que já tinha. Seu alter ego, o PCdoB, saiu da eleição quase clandestino.Para completar o desastre, ficou mais do que provado: foram Michel Temer e o PMDB que proporcionaram a Dilma e ao PT o mandato presidencial de 2014. E não o contrário.*Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org.———————————-Educação e Disciplina – Francisca Monteiro*Recentemente repercutiu nas redes sociais e meios de comunicação uma denúncia de constrangimento e maus tratos que um aluno de 17 anos da Escola estadual Elza Breves teria sofrido, uma vez que o aluno em questão teria sido retirado da sala de aula e obrigado a permanecer durante algum tempo com os braços estendidos o que teria causado hematomas no aluno segundo a família denunciante.Causou-me estranheza o fato de que em nenhum momento se perguntou: o que teria motivado o suposto“constrangimento” ao aluno? Sim, porque se supõe que nenhuma ação dessa natureza seria praticada se o aluno estivesse na sala de aula apresentando comportamento condizente com o que se espera de um aluno que faz uso do serviço público ao receber educação formal e científica em uma escola que certamente utiliza vários mecanismos para oferecer uma educação significativa que prepare o aluno a seguir na caminhada da realização pessoal e profissional. A sociedade como um todo, vive tempos angustiosos, fruto da ruína dos valores morais e afetivos, pilares fundamentais na construção do caráter e nas relações entre os seres. As mudanças sociais exigem em sua face negra, a luta pela sobrevivência que contribui sobremaneira para a desagregação familiar gerada também pelas “ausências” e “faltas”, cujos resultados nefastos deixam uma herança maldita chamada “indisciplina”.A escola é o segundo grupo social mais significativo na vida do ser humano. É também palco de incontáveis conflitos, haja vista a importância de seu papel na formação do caráter e academicizados alunos. Espera-se que os que ali estão sigam as regras que norteiam as ações que viabilizam a consecução de seus objetivos. Sabemos que todas as sociedades são regidas por regras, sem as quais a desordem se estabelece e inimagináveis resultados são colhidos.No início do ano, a sociedade roraimense exultou com a notícia da parceria do Governo do Estado com a Polícia Militar na administração da escola Elza Breves, cujo histórico de desordem é conhecido de todos, principalmente pelos professores que diariamente sofriam todo tipo agressão por alunos drogados, bêbados, mal-educados, liderados por traficantes que mandavam na escola e a seu bel prazer impediam que os professores ministrassem suas aulas e consequentemente prejudicavam os que queriam aprender. A presença dos militares na escola Elza Breves provocou verdadeira corrida por pais e responsáveis que há muito transferiram seus filhos para outras escolas por medo da violência, agora fazendo o caminho inverso para conseguir vaga, uma vez que certamente a ordem e disciplina seriam restabelecidas.Alegraram-se também com a novidade, professores e todos que ali trabalham e desejavam ofertar uma educação de qualidade. Como educadora e mãe, sei que só conhecemos nossos filhos enquanto eles estão em nossa presença. Em nossa ausência eles se revelam. Quem conhece mesmo nossos filhos são as outras pessoas que pela obrigação da convivência, muitas vezes são desrespeitadas em sua dignidade. Que se presenciássemos o comportamento inaceitável de nossos filhos, certamente pensaríamos muito mais antes de defender o transgressor, ainda que seja nosso filho e desmerecer o difícil trabalho da Polícia Militar na escola Elza Breves. *Psicopedagoga            ————————————Abrasileirados ególatras – Tom Zé Albuquerque*A cultura brasileira é formatada com baixíssimo senso de coletividade; eu diria que ela chega a ser esdrúxula diante de comportamentos tão doentios de boa parte da população. Em nosso cotidiano não raro nos deparamos com atitudes individualistas e, pior, desrespeitosas aos demais cidadãos.O que dizer de uma pessoa que ao estacionar um veículo num local público, mesmo com a delimitação de espaço no chão, atravessa seu veículo tomando duas ou até três vagas de outros? E estacionar em espaço reservado para idoso ou deficiente físico já chega a ser aberração, concorda? Como podemos definir uma pessoa que vai consumir bebida alcoólica em praça pública (isso por si só já não é algo normal) e joga as garrafas e despeja outros detritos no chão daquele logradouro, sem cerimônia, sem constrangimento, sem recato? Pois é, todos os sábados e domingos ao amanhecer é essa a chocante cena em Boa Vista, e em bairros considerados “nobres”.O brasileiro elege político despreparado e corrupto pelo interesse enojado de “se dar bem” nos próximos anos, mesmo que isso traga enormes problemas para a sociedade. E o homem público quando opta em se locupletar se apropriando daquilo que não é seu, tira recursos da população, geralmente das pessoas mais carentes, relega à desumanidade enfermos que morrem nos corredores dos hospitais, massacra famílias que perdem entes queridos pela falta da segurança, e assim por diante. O egocentrismo é uma tragédia, subtrai de quem mais precisa e incorpora o resíduo indevido àqueles que sugam brutalmente da coletividade. Aliás, creio que, salvo algumas exceções, todas as pessoas tidas como abastardas economicamente só chegaram a este patamar através de algum tipo de exploração ou esbulho. A prática de galgar níveis altos de poder e riqueza à custa do sofrimento alheio começa justamente nas praças, nos estacionamentos, nas filas…A banalização ao senso de coletividade é patente na cultura brasileira; a todo o momento estamos nos defendendo do desrespeito das pessoas, nas ruas, nas empresas, nas escolas, nos restaurantes, enfim, o que importa para os egoístas é que com eles estejam tudo bem, tudo vantajoso. As ciclovias são criadas e os veículos invadem e os pedestres se apoderam, agigantando os riscos de acidentes para todos. As calçadas existem, mas os motoristas as tomam como estacionamento. Nos hospitais, pouco importa a gravidade do estado de saúde próximo, o atendimento deve ser pra mim, nem que seja pela burla. Ao negociar a propina, é patife o corruptor, é facínora o corruptado. E toda a sociedade perde com a predominância do individual sobre o coletivo.A antropóloga Lívia Barbosa, autora do livro “Jeitinho Brasileiro”, defende que no Brasil não há falta de ética, mas sim várias éticas aplicáveis em situações diferentes: “Convivemos com uma enorme contradição entre as atitudes dos brasileiros. Há uma ética para o familiar, outra para o amigo, outra para o inimigo, outra para o espaço público e por aí vai”. De que adianta tirar ou colocar outro presidente, vereador…? A mudança está onde, então?*Administrador – email: [email protected]—————————————–O rumo dos filhos – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Vossos filhos não são vossos filhos. São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco não vos pertencem. Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos. Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas. Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho”. (Gibran Khalil Gibran)O filho retrato-do-pai nem sempre depende do pai. É uma questão de origem, no ir e vir racional. É um processo fora do nosso alcance. Mas o importante é que você seja cuidadoso com o que faz na preparação dos seus filhos para a educação, no rumo da vida deles. E você não deve preparar seus filhos para a vida que você quer para eles. E nisso está incluído o comportamento deles durante suas vidas quando elas passam a independer da sua. E tudo é muito simples. Oriente seus filhos sem os dirigir. E orientação a damos com bons modos, paciência e sem arrufos ou grosserias. Respeite a personalidade de cada um, para orientá-los de acordo com a personalidade de cada um. Faça com que seus filhos recebam sua orientação como orientação, e não como uma ordem.Quando sabemos como orientar não há por que dirigir. Faça com que seu filho se sinta bem com sua presença, sempre. Porque quando sabemos como corrigi-lo, com certeza, ele assimilará a lição, dentro do tempo que a racionalidade exige. Seja mais cortês com seu filho, independentemente do comportamento dele. Não se esqueça de que somos todos iguais nas diferenças. E é por aí que devemos respeitar as diferenças.

Porque elas nos colocam cada um na sua. Enquanto você cria e orienta seu filho, você está abrigando o corpo, e não a alma dele. O sucesso dele vai depender do respeito que você teve por ele durante o tempo em que o orientou para a vida dele.É na mansão do amanhã que seu filho vai viver. E ele vai viver a vida dele e não a sua. No entanto vai desfrutar o que semeou orientado por você. O Rui Barbosa também disse que: “Há os que plantam a alface para o prato de hoje, e os que plantam o carvalho para a sombra de amanhã”. Veja o que você está plantando para seu filho, se a alface ou o carvalho. Há uma diferença astronômica no processo de evolução de uma planta para o da outra. E os resultados são, igualmente, diferentes. Veja que mansão você está construindo para ele. E tudo vai depender do que você está plantando na alma do seu filho, se o entendimento ou se a revolta. Construa a mansão do seu filho com carinho, respeito e muita atenção, dentro do que ele é e não do que você acha que ele é. Pense nisso.*[email protected]