Opinião

Opiniao 21 10 2016 3142

A cultura da arte e a arte do belo  –  Sebastião Pereira do Nascimento*A arte é um conceito de várias acepções, sendo uma definição genérica de que a arte é todo aquele complexo que é construída pelo homem a partir de suas crenças, dos costumes, dos hábitos e de toda capacidade artística adquirida por ele como membro de uma sociedade. Além disso, abrem-se ainda outras definições de arte como vimos em Cláudio Costa, quando cita Tolstoy dizendo que ”a arte é uma atividade espiritual que amplia o horizonte humano, pois faz nos ver tudo o que não havíamos visto antes”. O mesmo autor cita também Collingwood, dizendo que “tudo que o artista possui antes de produzir a sua obra é um sentimento de incitação emocional”.Em certos meios socais a arte costuma ser associada à aquisição de conhecimentos e práticas de vida reconhecidas como “melhores”, “superiores”, ou mesmo, erudição; por outro lado, também se associa ao bem artístico o que é descrito como “arte popular”, onde a arte produzida pelo protagonista retrata o seu cotidiano. Portanto, arte corresponde, neste último sentido, à identidade de um povo, pois ela como um produto humano está imbuída de representa-lo cultural e socialmente.Outros autores convergem dizendo que arte é o resultado dos modos como os diversos grupos humanos vão descrevendo suas histórias ao longo do tempo. O homem não só recebe a arte dos seus antepassados como também cria novos elementos que a renova. Por isso, para muitos a arte é um fator de transformação, onde o homem, a partir dela, se esbalda de alteridade, tolerância e sentimento. Pois, no momento em que o homem passa ter contato com a arte, ele ampliar a capacidade de respeitar o que é diferente para ele e passa consentir outros hábitos e costumes que não seja necessariamente os seus. Sobre a arte, o antropólogo James Geertz diz que somente o homem tem a capacidade de criá-la, produzi-la e transmiti-la, sendo os elementos que compõem uma obra de arte interdependente, mas que se inter-relacionam de forma harmoniosa, a partir das coisas simples do dia-a-dia, assim como diz Ferreira Gullar que “a arte nasce do espanto, ela não se alimenta de coisas extraordinárias, ela se alimenta de coisas simples e banais”.No universo da arte do belo, André Barreto, diz que a estética é o ramo da filosofia que, entre outras coisas ocupa-se do belo. O belo que em vias conceituais significa a beleza artística, levada à percepção de cada indivíduo humano. Para Platão, a arte é a única beleza que resplandece o mundo e onde se reconhece o caráter sensível do belo. Ao lado dessas concepções, outros filósofos que se alinham a ideia de Platão, são convictos em afirmar que, se por um lado, o sujeito reconhece o caráter sensível do belo, por outro continua a afirmar a sua essência, onde ele se sente obrigado a admitir a existência do belo ideal. Portanto, a beleza do belo, não está explicitada apenas na “estética” do objeto artístico, mas na condição de percepção do sujeito. Confirmando isso, Kant contextualiza que o belo é aquilo que agrada universalmente a todos, ainda que não se possa justifica-lo intelectualmente, pois, o belo artístico é uma ocasião de prazer, cuja causa reside no sujeito.A pesar dessas acepções, há outras correntes filosóficas que diferenciam a maneira de interpretar o belo, como Roger Scruton, quando diz que “em qualquer seguimento da arte, entre os séculos XVII e XIX, era realçado a contemplação da beleza, onde o belo era um valor universal que equivalia ao bem e a verdade. Para Scruton, a arte tinha toda a dimensão da estética do belo, o que corresponde à beleza inerente à natureza humana”.Na modernidade, Scruton explica que, “a arte deixou de evidenciar a beleza e passou a promover um culto à feiura a partir do século XX, além de ter objetivo à originalidade a todo custo”. A partir disso, ainda na visão de Scruton, a arte deixa de atribuir sentido à vida e é substituída pelo desejo de causar impacto ao expectador, tendo a arte, atualmente, a função de romper com a moral tradicional e estabelecer o escárnio moral, passando a cultuar o feio. Esse argumento também é enfatizado por Tomás de Aquino, quando diz que “…a beleza envolve integridade e perfeição, uma vez que as coisas defeituosas são, por isso mesmo, feias; a beleza tem proporções adequada e harmônica; e, por último, claridade, donde as coisas bonitas têm cores brilhantes; o que afinal seria o belo…”. Aqui, apesar de não desprezar as concepções de Scruton e Aquino, entendo que uma a obra de arte deve despertar o desejo da compreensão de quem ver, instigando a curiosidade e o desejo de participar. Onde a arte exige de seu observador mais do que o deslumbramento de algo belo. Exige também a participação mental, onde a obra serealiza na cabeça de cada observador. Dessa forma, o belo contido nas obras de artes é um entendimento intuitivo do mundo, tanto para o artista que cria uma obra singular quanto para o apreciador que se entrega a ela para penetrar-lhe o sentido.

*Filósofo – [email protected]———————————–

Ser ou não ser – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Nossa maior glória não reside na ausência de fracasso, mas no fato de nos erguermos sempre que fracassamos”. (Confúcio)Por que ficar perdendo tempo com lamúrias? Por que ficar alimentando o fracasso quando ele não é mais do que o reflexo de mero erro? Se não errássemos não aprenderíamos a acertar. O fracasso está em você não aprender com seus erros e com os erros dos outros. Porque é assim que crescemos e enriquecemos espiritualmente. Não devemos nos esquecer, nem vilipendiar, a nossa origem. Somos todos da mesma origem. Viemos todos do mesmo Universo. O que nos indica que somos todos iguais, navegando como timoneiros dos nossos erros, no mar infinito da racionalidade. Logo, não podemos atingir nossa racionalidade perdendo tempo com o irracional. R. d. Hitchcock também disse: “A riqueza não é necessariamente uma maldição, nem a pobreza uma bênção”. O que nos encaminha para o equilíbrio entre a riqueza e a pobreza. Porque, sabemos, nem todos os endinheirados são ricos, embora tidos como tal. Assim como nem todos os sem dinheiro podem ser considerados pobres. Tudo depende da maneira pobre ou rica, como encaramos a riqueza e a pobreza. Nem todo rico é rico, nem todo pobre é pobre. A convivência sadia e racional nos mostra claramente quem é quem. Como você se sente diante de uma pessoa considerada muito rica, e outra considerada pobre, de acordo com o comportamento de cada uma? Você é que vai avaliar quem é rico e quem é pobre. E a sua riqueza depende da sua avaliação.Mas estamos enveredando pelo caminho da racionalidade. Estamos falando da riqueza de espírito. Que é a maior riqueza de que dispomos para ser feliz; viver dentro do potencial do nosso nível, na imunização racional. Há milênios, os chineses já nos ensinavam que devemos ensinar o cidadão a pescar, em vez de lhe dar o peixe. Simples pra dedéu. Façamos isso ensinando na orientação, em vez de tentar ajudar dirigindo. Não podemos tirar o jovem da criminalidade sem orientá-lo para a racionalidade. Mas temos que orientar dentro do nível de evolução de cada um. E não conseguimos orientá-los porque não somos capazes de entender o racional. O poder de Deus está dentro de cada um de nós. Depende de sabermos o que é Deus, e não quem Ele é. Acredite em você mesmo. Procure reconhecer o valor que você tem como um ser de origem racional, num mundo em evolução que depende da sua evolução. Faça sua parte valorizando-se no que você é, e não no que você pensa que é. Sinta-se um ser superior. Só assim você vai respeitar a superioridade dos outros, respeitando as diferenças. E isso é racionalidade. Pense nisso. *[email protected]