A ação da superação – Vera Sábio*
Agir é o que faz a diferença entre tudo que se pensa e consegue transformar em realidade pela superação de fazer. Às vezes, uma simples ação, ao ser feita por alguém, é algo insignificante; porém, esta mesma ação, quando realizada por uma pessoa com deficiência física, cognitiva e sensorial, precisando de adaptações, capacitações, reavaliações e muito mais treino, acaba sendo uma superação.
Assim, ao observar a superação, quaisquer preconceitos devem ser despidos, por perceber que pessoas “limitadas” ultrapassam suas deficiências, fazendo do seu jeito coisas que antes de serem experimentadas, eram vistas como impossíveis de realizar.
Isto ocorreu muito claramente nas Paraolimpíadas, onde aconteceu o maior show de medalhas do Brasil, no entanto as barreiras de preconceitos não deixaram a abertura ser tão cara, nem as medalhas serem tão divulgadas e a mídia fez uma cobertura bem inferior e deficiente em relação a que foi feita nas olimpíadas.
As Olimpíadas conquistaram, através dos atletas brasileiros, a quantia de 19 medalhas, sendo 7 de ouro, 6 de bronze e 6 de prata. Enquanto que os paraolímpicos brasileiros, cada um com sua característica própria, sua garra, sua superação, sua adequação e principalmente sua dedicação, conquistaram 14 medalhas de ouro, 29 de prata e 29 de bronze, somando 72 medlhas.
Algo extraordinário que não deveria ficar despercebido, principalmente perante aqueles que possuem todos os membros e sentidos ditos normais e não são caracterizados como pessoas com deficiências; todavia, são apáticos, insensíveis, fáceis de desistir e reclamam por pouca coisa, tendo preguiça de fazer as simples ações que lhes pertencem.
Estas Paraolimpíadas foram mais uma vez uma prova de que tudo é possível para quem realmente deseja e corre atrás, já que a única deficiência que não tem jeito, é a deficiência da vontade.
Com vontade e oportunidade o ser humano se torna flexível, se adequando e eliminando as barreiras atitudinais, comunicacionais, arquitetônicas e tecnológicas, na conquista do que acreditam e desejam.
*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e [email protected](95) 991687731———————————-
Não à PEC 241! – Jaime Brasil Filho*
De acordo com a lógica de Temer, Roraima não deveria existir. Sim, porque fundamentalmente sobreviemos e temos sobrevivido com os recursos que nos são repassados pela União.
Pela teoria econômica liberal, adotada por Temer e associados, de que o Estado deve ser gerenciado como se fosse uma empresa, não deveria existir em Roraima educação pública e nem saúde pública, já que nós, cidadãos deste Estado da Federação, não produzimos riquezas suficientes para financiar os serviços públicos que, apesar de precários, ainda temos.
Imaginem todo o dinheiro gasto no planejamento da nossa Capital, na estrutura urbanística, na companhia de águas e de energia elétrica, lá no final dos anos 1960 e começo dos 70. Imaginem que esse investimento em infraestrutura jamais deveria ter existido na lógica de Temer, pois não houve retorno financeiro para a União. O Estado de Roraima é insustentável do ponto de vista econômico de Temer, então na lógica do atual Governo Federal, deveríamos ser abandonados.
Pois bem, é exatamente isso que irá acontecer se o Projeto de Emenda Constitucional Nº 241 for aprovado e implementado. Seremos abandonados.
Todos sabemos que nossa economia gira em torno do dinheiro que sai dos cofres públicos, até mesmo porque o agronegócio é isento de tributação e quase não gera empregos. É riqueza para poucos, não serve para nós.
Sabemos que quem faz a economia girar em Roraima é o servidor público.
Pensem que durante 20 anos os salários dos servidores permanecerão congelados, que os recursos gastos nos serviços públicos cairão a patamares de 10 anos atrás e que não ocorrerão novas contratações. Teremos um retrocesso profundo na nossa economia e na qualidade de vida da população. Será o colapso da economia roraimense.
Essa PEC, além de ser antinacional, é, principalmente, contra Roraima.
A teoria econômica do Sr. Meirelles não funciona nem para os países ricos que possuem uma estrutura de amparo social bem maior que a nossa. Em 2008, quando eclodiu a grave crise econômica, as providências iniciais nos países ricos se resumiram em aumentar os gastos públicos para aquecer a economia, e, assim, aumentar o consumo e estimular a produção, gerando empregos e renda. Mas só Meirelles quer ter razão diante de um coro dos mais renomados economistas do país e do mundo que acusam o seu plano de ser recessivo do ponto de vista econômico e catastrófico do ponto de vista social.
A economista da USP, Laura Carvalho, demonstrou palestras e entrevistas que não houve aumento de gastos no Governo Dilma para justificar a falta de dinheiro, mas sim ocorreu uma diminuição da receita motivada por vários fatores internacionais e alguns nacionais.
Alguém desavisado poderia perguntar. Para que tanto arrocho, tantos ataques aos salários dos trabalhadores, aos serviços públicos e ao investimento em infraestrutura? A resposta é só uma: dinheiro para banqueiro. Meirelles é homem do mercado financeiro de Wall Street, e Temer é títere dos plutocratas de São Paulo. E sabe qual é o peso que o povo tem para essa gente?
Para eles, o povo é só um item na estrutura econômica, algo que deve servir ao mercado e não o seu elemento central. Eles não consideram o povo a causa e a motivação final da própria existência das forças produtivas e das relações de produção.
Agora, pensem comigo o absurdo que é essa PEC. Se um Estado Nacional não serve para oferecer saúde e educação de qualidade, mas serve para sacrificar a saúde e a educação de seus cidadãos para a alegria dos banqueiros, o que está acontecendo? O Brasil foi sequestrado pelos banqueiros e especuladores. Temos que expulsá-los do poder.
Temer e Meirelles sabem que os banqueiros e especuladores estão ávidos por mais dinheiro, e ameaçam com uma evasão de capitais se o povo não for sacrificado para saciá-los. E, por isso, nos trazem essa irresponsabilidade escatológica chamada PEC 241. Que é algo que só serve para os muito ricos, não servirá nem para o pequeno e médio empresário, principalmente em Roraima, pois os níveis de consumo cairão profundamente.
Os muito ricos poderiam muito bem equilibrar minimamente as constas do Governo, mas eles têm seus dividendos e lucros isentos de níveis de tributação que são cobrados em praticamente todos os países.
O neoliberalismo é assim: privatiza o lucro e socializa o prejuízo.
Independentemente de ideologia, quem ama Roraima não pode apoiar a PEC 241. Essa PEC é um disparate, um acinte, uma afronta aos direitos dos cidadãos. É um plano Robin Hood às avessas, pois tira dos pobres para dar para os muito ricos.
A prova de que essa PEC é sustentada por mentiras econômicas está também no fato de que o próprio Temer disse que “ se a PEC 241 gerar o crescimento esperado, ela pode ser revista em 4 ou 5 anos”. Ora, não bastasse a irresponsabilidade de se lidar com algo tão sério e excepcional, como é o caso de uma Emenda Constitucional, como se fosse algo comezinho aprovar esse tipo de emenda para logo depois revogá-la, Temer ainda demonstra a grande farsa que sustenta o frágil discurso de quem a defende. Temer, quando afirma que “se a PEC gerar o desenvolvimento esperado”, já assume que talvez isso não aconteça, e, ao concluir que se houver o tal crescimento ela pode ser revista, ele acaba por se contradizer de maneira incontornável. Quem é que vai modificar aquilo que estaria dando certo? Ninguém. Em resumo ele diz: não sei se Emenda vai dar certo, mas, se der, a gente pode mudar essa Emenda. Não faz o menor sentido, aparentemente. Aparentemente, porque ele deve saber que o que haverá é só arrocho e o empobrecimento do povo brasileiro, e que, provavelmente, o povo não aguentará mais do que uns 4 anos.
Temer ainda ameaça os servidores públicos e trabalhadores celetistas com uma reforma previdenciária que piorará em muito as condições de vida do trabalhador. Temer promete nivelar tudo por baixo e aumentar ao máximo o tempo de contribuição para que se tenha o direito humano ao descanso.
Temer se aposentou aos 55 anos de idade, não abriu mão da aposentadoria e não quer abrir agora, mas quer que os outros brasileiros trabalhem muito mais que ele para ter esse direito que ele já tem. Qual é o nome disso?
Esse Governo não tem legitimidade popular, foi construído sustentando-se em câmaras e camarilhas, em acordos de alguns de uma elite política que deve ser varrida do mapa do Brasil, e por uma elite econômica que age contra os interesses nacionais.
Precisamos Tomar as ruas e as telas e denunciar esse Governo de poucos e para poucos.
Não à PEC 241, não à Reforma Previdenciária.
Por Roraima e pelo Brasil: fora Temer!
*Defensor Público
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Vamos mudar a página – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Os pontos de cultura são a bolsa-família das entidades, dos valores, dos significados e da imaginação criativa dos que são maioria, mas tinham se tornado minoria silenciosa”. (Emir Sader)Faz exatamente oito anos que estivemos em Brasília, participando de um dos mais extraordinários movimentos da cultura no Brasil: a TEIA – 2008. Foi um movimento inesquecível. Todo o Brasil esteve envolvido. Mas o que restou? Por onde andam os Pontos de Cultura? Em que poço de descaso foi atirado o entusiasmo do Ministério da Cultura, tão alardeado e vivido, uma década atrás. O desmando político foi mais poderoso. Mas não vamos perder nosso tempo com os porquês. Sabemos exatamente os motivos, então, vamos evitá-los. Que é que estamos fazendo para recuperar a força e o entusiasmo demonstrados naqueles anos de atividades culturais? Foi uma década maravilhosa para o desenvolvimento da cultura brasileira.
Momentos em que as culturas fundiram-se no cadinho da cultura. E a escultura cultural saiu, apareceu, atuou, mas sumiu. Verdadeiros elementos humanos fundidores da cultura não desapareceram, apenas estão ignorados e desprezados pelos que deveriam estar cuidando do desenvolvimento do seu potencial. A incompetência política encobriu a competência dos competentes que apenas fazem o que devem fazer para o engrandecimento da nossa cultura. A nossa, e não a trazida até nós, na euforia fantasiosa da vulgaridade.
Vamos mudar, porque já é tempo, o cenário cultural do Brasil, que está restrito ao triângulo considerado cultural, pela história que requer mudanças. Não somos mais o país da Semana da Arte Moderna. Somos um cadinho cultural em que devem ser fundidas todas as culturas. E temos uma riqueza imensa espalhada por esses brasis afora. Riqueza natural em pessoas naturais na sua simplicidade cultural. Mas ainda confundimos cultura com empáfia, no saber de quem não sabe. Está na hora de nos mexermos rumo às veredas culturais desse imenso território que ainda não foi medido culturalmente.
Vamos fazer nossa parte. Vamos mudar o cenário político, mas para melhor. E só nós, cidadãos incipientes, temos esse poder de mudanças. Mas é preciso que nos valorizemos no que somos para sermos o que não somos, mas sem deixar de ser o que somos. Porque nunca seremos cidadãos, enquanto os não cidadãos nos obrigarem a sermos o que não somos: títeres de maus titeriteiros. E nunca seremos um povo culto e civilizado, enquanto formos obrigados a eleger os que não elegeríamos com o voto facultativo. Vamos pensar mais na nossa cultura e fazer o que for possível para reativá-la. Pense nisso.