Jessé Souza

Cabeca na bandeja 3169

Cabeça na bandejaNão há dúvidas de que é necessário arrumar a casa e tomar medidas drásticas para que o Brasil volte aos trilhos. E a PEC 241 surgiu com esta proposta de ser a “luz no fim do túnel” nesses tempos de severa crise. Porém, o que os defensores do texto da Proposta de Emeda à Constituição da forma que foi aprovada na Câmara não querem enxergar é que apenas o povo será penalizado, como se a vida dos mais pobres já não fosse difícil.Não haverá o mínimo de sacrifício de quem já é milionário e vive com privilégios, a exemplo de parlamentares, magistrados, promotores e os mais ricos que têm dinheiro guardado no exterior. Pelo contrário, os banqueiros serão os mais beneficiados com pagamento de juros na casa dos bilhões.A “PEC da Morte”, como vem sendo chamada, congelará até 2036 todos os gastos na saúde e na educação (como se já não fossem ínfimos), além de mexer na Previdência e no serviço público, com previsões sombrias para o mais os pobres, os assalariados, mulheres, idosos e a juventude, tudo para preservar os já privilegiados mais ricos.É necessário frisar para deixar bem claro: a questão não é ficar contra a aprovação da PEC 241. O fato é não aceitar que somente os pobres paguem pelo rombo que foi feito no Brasil, principalmente pelos desmandos dos políticos e pela corrupção enraizada ao longo de todos os governos. O povo já vem pagando com a falência dos serviços públicos essenciais, como saúde, educação e segurança; e vai pagar mais caro ainda se esta PEC for aprovada do jeito que passou pela Câmara Federal, sem que a elite também sinta o “corte na carne”, ficando livre para continuar festejando e sambando na cara do povo.Vamos às contas. Considerando apenas os salários e benefícios dos 513 deputados, sem contar os demais gastos da Câmara, é consumido cerca de R$1 bilhão por ano, isso utilizando os valores de 2016, já que eles mesmos aprovam aumentos e benefícios.  Isso só para calcular o gasto dos que aprovaram a PEC na Câmara. Não está sendo considerado o Senado, para onde a proposta irá para análise e votação.O Judiciário também é o mais caro do mundo. Em 2014, o sistema consumiu R$68,4 bilhões em verbas públicas, o equivalente a 1,2% das riquezas produzidas pelo país no período. Isso incluindo as repartições federais, estaduais, trabalhistas, eleitorais e militares, sem levar em conta o Supremo Tribunal Federal (STF), que tem R$577 milhões de orçamento.Se incluir presidente, ministros, promotores, procuradores e outras autoridades da elite, iremos chegar a números estratosféricos que são bancados pelos cofres públicos. Mas nenhum deles sofrerá qualquer tipo de corte. É isso o que os defensores da PEC 241 não querem enxergar. Vão cortar o pescoço do povo e servir a cabeça no banquete. É a “PEC da Morte”.*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main