Opinião

Opiniao 11 11 2016 3236

Para conciliar saúde e ajuste fiscal – Ricardo Barros*Ministério não é contra o acionamento da Justiça para assegurar o direito ao cidadão, no entanto, os custos desequilibram o planejamentoO Brasil enfrenta o grande desafio para voltar a crescer e ampliar o direito à saúde. Estamos em período de ajuste fiscal, o que exige um esforço ainda maior de gestão. Precisamos planejar melhor e valorizar os recursos disponíveis para ampliar a oferta de serviços. Todos reconhecem que o SUS é subfinanciado, assim como reconhecem a sua importância. Reforço o compromisso com a saúde pública, ciente de que a sustentabilidade do atual modelo requer uma administração mais eficiente.Nos últimos cinco meses, o Ministério da Saúde mostrou que, com medidas de gestão, é possível ampliar serviços sem causar impacto no orçamento. Ao todo, R$ 1 bilhão foi economizado, resultado de negociação com fornecedores e melhorias na execução de serviços. Reduzimos em 20% os custos dos contratos na área de tecnologia, mantendo o escopo; economizamos 33% dos valores de serviços gerais como aluguéis e telefone; extinguimos 335 cargos DAS, de livre nomeação, e 88 funções gratificadas; e em 33 contratos de compra de medicamentos reduzimos os preços em até 39%.Esse R$ 1 bilhão foi reaplicado na saúde. Financiamos 99 UPAs que estavam em funcionamento sem apoio do governo federal, sobrecarregando estados e municípios. Habilitamos novos serviços em 216 Santas Casas e hospitais filantrópicos e ampliamos em 7,4 milhões de unidades de medicamentos à população. Incorporamos o melhor medicamento do mundo para tratar HIV, o Dolutegravir, e, em 2017, vamos vacinar adolescentes contra meningite C e incluir meninos nas doses contra HPV.Só é possível planejar bem quando temos segurança sobre onde e com o que estamos gastando. Elegi entre as minhas prioridades a melhoria das informações do SUS, para reduzir desperdícios e coibir fraudes. Lançamos um sistema mais moderno de prontuário eletrônico para que os gestores possam acompanhar o histórico dos pacientes nas unidades básicas de saúde, melhorando o atendimento ao cidadão. Também está em implantação o Conjunto Mínimo de Dados, plataforma que unifica nove sistemas, aprimorando a alimentação de dados da saúde. E seremos a primeira pasta a usar a biometria do Tribunal Superior Eleitoral para identificação de usuários do SUS.Também avançamos na aproximação com o Judiciário. Fizemos parceria com o Conselho Nacional de Justiça para fornecer informações científicas e do SUS. O Ministério da Saúde não é contra o acionamento da Justiça para assegurar o direito ao cidadão, no entanto, os custos — que devem chegar a R$ 7 bilhões este ano — desequilibram o planejamento do gestor. É importante que essa harmonização entre Justiça e a Saúde produza bons resultados.Nossas atitudes corroboram a orientação do governo federal de utilizar os recursos com mais eficiência e melhorar a entrega. Sem informação, não há gestão; sem gestão, não há planejamento; e assim continuaria o ciclo de maus gastos e despesas públicas no SUS. Acredito que, com bom controle do que acontece na ponta, seja possível produzir mais com o orçamento que já existe.

*Ministro da Saúde————————————–A lente ideológica – Júlio César Cardoso* O mundo sob a lente ideológica pode trazer aos seus circunstantes uma visão distorcida da realidade. Os partidos de esquerda no Brasil ainda vivem no período jurássico da União Soviética, ostentando uma bandeira socialista/comunista carcomida, que não encontra guarida em países desenvolvidos, mas os seus defensores teimam em defender idéias ultrapassadas.  Em pleno século 21, com o cenário mundial dominado pela Internet, a rede social bombando e a simultaneidade das comunicações, a esquerda política brasileira continua com pensamento retrógrado bolchevique ou se espelhando na Venezuela, Cuba etc. A maioria de seus integrantes são socialistas/comunistas de fachada – Chico Buarque de Holanda, Tarso Genro – pois vivem muito bem no mundo capitalista e se negam a repartir os seus bens com os miseráveis, mas estão sempre arrotando socialismo para criticar a sociedade burguesa ou neoliberalista. Hoje o país conhece o efeito do socialismo/comunista/petista: mais de 12 milhões de desempregados e endividados, empresas com portas fechadas, inflação agora sendo combatida pelo novo governo, descrédito internacional etc. Pois bem, a lente ideológica do PT quebrou, e o resultado ficou estampado nas recentes eleições municipais, onde as urnas mostraram a rejeição às legendas de esquerda, sobressaindo a derrota histórica do Partido dos Trabalhadores. O resultado das urnas reflete, de qualquer forma, o amadurecimento do eleitor, cansado de ser enganado por um partido, que há mais de 13 anos no poder quase levou o país à bancarrota.

*Bacharel em Direito e servidor federal aposentado———————————–Por favor, me ajudem – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Muitas vezes encontramos o nosso destino através dos caminhos que tentamos evitar”. (La Fontaine)Anteontem acordei com o maior susto de minha vida. Fiquei apavorado. Estava deitado, sozinho, na cama. A dona Salete já tinha se levantado. Senti o cheiro do café, mas não me animei. Fiquei tentando despertar.

Foi aí que me assustei. Senti algo esquisito em meu corpo. Mexi as pernas e elas não me pareceram tão ativas. Os braços me pareceram dormentes. Virei-me para o outro lado. Aí o susto aumentou. O movimento na virada do corpo não me pareceu tão ativo quanto antes. Era como se alguma coisa estivesse me prendendo ao colchão. Esforcei-me e me sentei. Meu Deus, tudo parecia querer parar no meu corpo.Você que já me conhece sabe que não me entrego ao desânimo. Mas a coisa não estava tão fácil assim. Meus movimentos já não eram como algumas décadas atrás. Ainda sentado na cama comecei a me lembrar dos meus tempos sadios. Das minhas travessuras nas brincadeiras infantis, juvenis e por tempos distantes. Tentei me movimentar e foi difícil. Era como se algo estivesse prendendo meus músculos. Senti vontade de chorar. Levantei-me e caminhei pelo quarto, para ver se realmente estava me acontecendo alguma coisa fora do comum. E estava. E muito.Recorri ao que aprendi: prometi, a mim mesmo, que não me deixaria cair na armadura do destino, não importando o que estivesse me acontecendo. Fui até ao espelho e me vi com o que acontecia. A fisionomia não era a mesma. Tentei alguns movimentos com os braços e eles me pareceram frágeis. Fiz careta, tentei sorrir, nada parecia como antes. O susto continuava aumentando e o desespero tentando tomar conta de mim. Olhei-me e não me reconheci. Nunca me imaginara num momento de angústia diante dos trancos da vida. Entrei pela cozinha e cumprimentei a dona Salete com um bom-dia muito miado. Ela respondeu e ficou me olhando. Continuei casmurro e fazendo pequenos movimentos com os braços e pernas. A cada movimento o desânimo aumentava. Ela começou tentando me reanimar, mesmo não sabendo que desespero me abalava. Até que ela perguntou:- Não vai pegar o jornal?- Acho que vou.- Acha, por quê? Tá cansado?E foi aí que o desespero chegou realmente. Quase chorei. Ela me olhou, e pelo que vi já meio preocupada. E nessas horas ela sempre assume o leme. E nem imagina o quanto isso me faz bem. Sentamo-nos à mesa e continuei fora de mim. Preocupada, e pelo que pareceu irritada, ela falou sério:- Vai, desembucha! Qual é o problema? Com os olhos lacrimejando, respondi:- Acabei de descobrir que estou começando a envelhecer!Pense nisso.*[email protected]