Opinião

Opiniao 09 12 2016 3365

Avanços na luta da pessoa com deficiência em Roraima – Vera Sábio*”Seja capaz de ver a realidade do outro, presente em você”Quero convidar você, leitor, para refletir sobre o 3 de dezembro, quando se comemora o Dia Internacional da Luta da Pessoa com Deficiência. Sobre como está a vida de mais ou menos 24% da população de Roraima que possui algum tipo de deficiência (visual, auditiva, física e intelectual).    Vocês sabiam que, em grande maioria, estas deficiências foram adquiridas no decorrer da vida?   Que muitas pessoas se tornaram com deficiência por acidentes, ou seja, imprudência e falha humana? Que o trânsito, o atraso nos atendimentos médicos, as infecções estabelecidas nos hospitais, a falta de recursos, medicamentos, fisioterapias, equipamentos etc., como a falta de higiene, conscientização e todo tipo de precaução, deixaram pessoas que andavam, viam, ouviam e tinham o intelecto preservado a fazerem parte desta grande parcela de pessoas com deficiência?  E vocês sabiam também que possuir algumas destas anomalias citadas acima não faz uma pessoa ser limitada ou deficiente? Isto ocorre muito mais pela deficiência arquitetônica, comunicacional, atitudinal e tecnológica.    As pessoas com deficiências são bem mais capazes do que se suponha. O que falta são cidades acessíveis e uma sociedade acolhedora que as ofereçam oportunidades de aprendizagem. A deficiência não torna ninguém deficiente, porém requer recursos acessíveis e cursos de capacitações para que a pessoa com deficiência possa se reabilitar e ter autonomia nos estudos, no trabalho e na vida como um todo.    Agora que o COEDE/RR- Conselho Estadual de Direito das Pessoas com Deficiência já vos esclareceu a respeito de como estas pessoas devem ser tratadas, lhes perguntamos: Quais são os avanços acessíveis em relação às condições físicas, arquitetônicas, tecnológicas, atitudinais e comunicacionais, proporcionadas para o melhor desenvolvimento desta população em Roraima?    Já fez 1 ano que, no Dia Internacional da Luta das Pessoas com Deficiência, tivemos da governadora a confirmação de que teríamos um fundo especifico para que o COEDE/RR possa trabalhar com maior eficaz em prol desta população, este fundo ainda não foi aprovado pela Casa Civil. Por quê?    E vocês acham que realmente a acessibilidade das praças, comércios, locais públicos, escolas, centros de saúde, calçadas e ruas estão adequados e proporcionam autonomia e segurança a uma pessoa com deficiência?    Vocês sabiam que nem 5% desta quantia de mais de 90 mil pessoas com deficiência existentes em Roraima trabalham? E as empresas que possuem mais de 100 funcionários e que são obrigadas por lei a contratarem pessoas com deficiência sempre optam por pessoas que têm uma limitação leve ou moderada? Ou seja, evitam contratar quem não enxerga de nenhum dos olhos, ouve de nenhum dos ouvidos ou tem o intelecto bem comprometido e o físico sem movimentos. Assim, normalmente as pessoas contratadas têm suas limitações quase imperceptíveis, porém, para a empresa andar na lei é o que basta, não se preocupando em adequar espaços, equipamentos e serviços para oportunizar os que possuem uma limitação severa.    E para concluir, peço a você, que não possui algumas destas deficiências citadas, que não se permita ser deficiente de empatia, de solidariedade, de fraternidade e de amor, e enxergue no outro seu semelhante, tendo coragem de se colocar no lugar dele pelo menos por um instante.    Quando achar um local bonito, feche os olhos e veja se consegue andar nele, e se os pisos táteis existentes são seguros para sua locomoção. Imagine-se surdo e perceba se tem como compreender o que esta acontecendo em sua volta; observe a arquitetura e pense que se estivesse em uma cadeira de rodas ou com um par de muletas, teria condições de se movimentar, subir e descer aquela rampa, rodar confortável sobre os tijolinhos daquela praça, entrar naquele comércio ou setor público, ter segurança com os desvios proporcionado pelas ciclovias etc.; e quando estacionar seu carro, perceba se aquele local não é para uma pessoa que precise estar mais perto pela dificuldade que possui, ou estará impedindo a circulação e segurança das pessoas com deficiência. E se seu filho tem deficiência intelectual, ele é bem acolhido e incluso?    Se algumas destas situações não acontecem, será que ocorre a participação das pessoas com deficiência no planejamento das cidades, e construções das leis de acessibilidade, visto que apenas elas sabem como devem tornar os locais e ambientes mais acessíveis para elas, cumprindo assim a Convenção da ONU e a Lei de Inclusão que diz que: “Nada seja feito pela pessoa com deficiência, sem a participação das mesmas”.Só assim seremos capazes de avançarmos juntos em prol de um mundo melhor para nós e para todos que também têm direitos aos mesmos ambientes que frequentamos e aos mesmos estudos e trabalhos que ocupamos.    Roraima não é Estado justo se for lugar excludente.  Faça nosso Estado ser um local perfeito.   Trabalhe com o COEDE/RR, ajude no cumprimento dos direitos das pessoas com deficiência, denuncie quando necessário e junte-se a nós. A presidente é Maria Auxiliadora Evangelista da Silva (telefone: 2121-2648).*Conselheira, mãe e cega Cel.: 99168-7731————————————Fiquemos de olhos abertos – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Uma pátria não tem direito ao amor de seus filhos, se não ama todos igualmente” (Maquiavel)Senadora Ângela Portela, meu abraço respeitoso. Estou de pleno acordo. Acho que vai ser difícil respeitar a quem não nos respeita; opinião minha. E o que estamos vendo Brasil afora não é mais do que uma repetição malfadada do que vimos, na política brasileira, nas décadas cinquenta e sessenta. Mas tudo bem. Cabe a cada um de nós fazer sua parte como ela deve ser feita, para não cair no lamaçal que não conseguimos esgotar naquelas décadas lamacentas. Então vamos fazer nossa parte como ela deve ser feita.     Todo nosso problema está na má educação que temos. O médico carioca, Miguel Couto já nos disse no início do século passado: “No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo”. E não há o que discutir no pensamento dele. E na educação está incluída a política. E ainda não nos atentamos para isso. Não há como ser um povo educado se não for um povo politicamente educado. E não somos. Infelizmente, não somos. Ainda vemos a política como um meio de enriquecimento fácil. Estou realmente preocupado. Eu vivi os movimentos anteriores a “64”.    Continuo usando falas de antigos revolucionários, porque eles foram, e são, um exemplo de vivência. Franklin Roosevelt, por exemplo, disse: “Ou nos unimos todos, agora, ou morreremos enforcados, separadamente”. Mas temos que ter muito cuidado, porque não estamos educadamente, como cidadãos de fato e de direito, preparados para o que apenas achamos que queremos. Mas há outra encruzilhada, onde certamente estará o que queremos e necessitamos. La Fontaine nos indica: “Muitas vezes encontramos o nosso destino através dos caminhos que tentamos evitar”. O que no sindica que devemos ter muito equilíbrio nas divergências.    Vamos continuar lutando pelo que queremos não para nós apenas, mas para o nosso futuro que construiremos com nossos descendentes. Vejamos que educação nós estamos lhes dando para que eles tenham uma vida melhor e mais tranquila do que a que estamos vivendo hoje. Mas tudo vai depender do nosso trabalho, agora. E o resultado deste está na nossa capacidade de lutar. E a educação é o esteio da nossa construção do futuro, para o futuro. Não permitamos que nossos descendentes vivam os dissabores políticos que estamos vivendo atualmente, e que vêm desde nossa colonização. Porque fomos colonizados não por políticos, mas por marginais deportados. E ainda não fomos capazes de entender isso por conta da má educação que nos deram e nos dão. Mas cabe a cada um de nós fazer sua parte para melhorar. Pense nisso.*[email protected]