Opinião

Opiniao 16 01 2017 3523

Em 2017, você irá liderar ou educar? – Eduardo Shinyashiki* Dentro de uma organização, o que é mais importante: liderar ou educar?

Provavelmente, você já se deparou com essas duas ações isoladamente. Entretanto, a união delas pode trazer resultados e transformações incríveis para empresas dos mais variados segmentos.

Muito se sabe sobre o papel do líder, aquele indivíduo que precisa mobilizar pessoas na busca de resultados constantes e cada vez maiores. Abraham Lincoln deu uma definição muito sábia para esse papel: “A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns”.

Atualmente, as organizações buscam mais do que alguém que saiba exercer a “Liderança Situacional”, importante modelo de Hersey e Ken Blanchard, no qual o líder se adapta ao perfil de cada profissional. Hoje, o estilo mais procurado pelas empresas é a liderança educadora, um “plus” da liderança situacional que tem por essência acreditar no potencial da equipe e preparar um ambiente corporativo que estimule a aprendizagem, o desenvolvimento e a adaptação às mudanças.

O líder educador não só ensina, mas também aprende com os liderados. Ele não apenas delega, mas também realiza juntamente à equipe em busca dos melhores resultados. Os líderes educadores têm forte empatia pelas pessoas e se interessam pelo trabalho de sua equipe. Investir na capacidade dos liderados significa investir nas organizações, e é por isso que devemos sempre construir novos paradigmas de liderança. Desta forma, o gestor educador passa a ser uma referência, um modelo.

Existem algumas atividades que estão relacionadas ao dia a dia do líder educador como integração, desenvolvimento da comunicação, gestão do tempo e o desenvolvimento do potencial profissional de sua equipe.

Esse tipo de liderança utiliza o diálogo, descobre e estimula novos talentos, desenvolve a atenção e o foco, estimula a autoconfiança, tem flexibilidade, cria um ambiente de trabalho em que a alegria, o reconhecimento e o bem-estar estão sempre presentes. Com isso, um gestor consegue manter uma equipe motivada e em constante desenvolvimento.

Independentemente do contexto em que o líder educador esteja inserido, ele é a pessoa chave para a integração e o desenvolvimento dos recursos humanos. Experimente ser um líder educador em 2017 e desenvolva novas habilidades para a construção de uma liderança eficaz e transformadora.*Mestre em neuropsicologia e especialista em desenvolvimento das competências de liderança organizacional, educacional e pessoal. Informações: www.edushin.com.br—————————————-Notas sobre motivação e desvio de finalidade – Rubens Marchioni*No metrô, dois jovens trocam informações sobre o futuro ingresso na faculdade. “O que você vai fazer?”, pergunta o primeiro. “Sei lá, Direito, Publicidade…” Não sei você, leitor, mas eu não me sentiria seguro, num tribunal, sendo defendido por alguém que fez um curso superior apenas porque, concluído o ensino fundamental, é preciso entrar na faculdade, em alguma faculdade, para ser algum estudante e ter algum diploma.

Onde está a fidelidade à vocação original? O que foi feito daquilo a que o teólogo Leonardo Boff chamou “opção fundamental”, indispensável quando se pretende viver experiências fortes de realização pessoal e profissional? São esses os ingredientes capazes de fazer com que o estudante, ainda no primeiro ano, consiga um trabalho efetivo, onde criará textos para empresas multinacionais. No final do terceiro, após a apresentação de um trabalho, seja convidado, pelo professor, para ensinar em uma grande universidade, na qual ele é também o coordenador. No final do curso de especialização, feito em escola de primeira linha veja sua última prova publicada, como artigo, em um dos maiores jornais do país. E no final do primeiro semestre do mestrado, outra prova de rotina ganhe as páginas de uma importante revista. E vai por aí afora. Isso não é ficção.  

Em outro canto, falando sobre a necessidade de trabalhar, alguém afirma categórico: “Comigo não tem disso, eu pego qualquer coisa!” Pegar qualquer coisa?! Não. No mínimo, porque toda empresa, mesmo precisando contratar, obedece a alguns critérios para incluir uma pessoa no seu rol de funcionários. E ninguém dispõe de todos os conhecimentos, habilidades, aptidões, certificações etc. necessários para todas as funções. Logo, a afirmação carece de consistência.

Criticando a febre da autoajuda, o historiador Leandro Karnal lembra que ao ler afirmações do tipo “Se você quer você pode” tem vontade de colocar o autor da obra no décimo andar de um prédio e sugerir que ele salte, sem paraquedas. Se não quer se arrebentar lá embaixo, ele pode evitar isso tranquilamente.

Da mesma forma, quando ouço coisas do gênero, da boca de um semianalfabeto, sobre o preenchimento de uma vaga no mercado de trabalho, sinto um rápido desejo de ver o  candidato sendo conduzido até o aeroporto de Congonhas e desafiado com algo como “Está vendo aquele avião? Seus quase 200 passageiros pretendem viajar e chegar, com segurança, ao Rio de Janeiro. Temos uma vaga para piloto, e se você ‘pega’ qualquer coisa, assuma o comando, o Santos Dumont é seu destino”. A propósito: você entraria num avião se soubesse que o piloto não ama e não sabe pilotar aeronaves, e está naquela cabine apenas por falta de opção, dispondo-se a fazer um trajeto com combustível insuficiente para isso? Ou colocaria seu filho nas mãos de um médico, para uma cirurgia, se o doutor não tivesse na Medicina o seu maior propósito, a sua missão? Eu não.

Muita gente presa à formação judaico-cristã, segundo a qual o trabalho tem de ser um peso, uma forma de castigo, e avessa à ideia de prazer torce o nariz quando ouve a expressão “fazer o que gosta”. Mesmo sabendo que o contrário disso pode trazer implicações muito sérias. Não é por acaso que prefiro entender como é absolutamente normal a busca por um espaço dentro da ampla área de competência, ainda que isso exija algum esforço de adaptação por parte do profissional. Exemplos: um redator publicitário preencher uma vaga no departamento de Planejamento da agência de propaganda ou no Marketing do cliente; alguém cursar Administração em Harvard, trabalhar no Brasil na área de criação publicitária e depois se tornar presidente de um respeitável grupo de comunicação, isso faz sentido e é comprovado por fatos. Mas um excelente motorista acreditando que, por isso, e somente por isso, está preparado para pilotar avião, isso não. Inconsequência e irresponsabilidade têm limites.  

Para concluir, podemos lembrar aquele profissional que, ao se candidatar a uma vaga para a qual não está preparado, apresenta como principal motivação o fato de que precisa trabalhar porque tem contas a pagar e por isso se sujeita a ‘qualquer coisa’. Algo como aquele homem que, perguntado sobre o projeto repentino de casamento, responde que vai se casar porque não aguenta mais essa vida de fazer comida, lavar, passar, cuidar da casa etc. Não há brilho em seus olhos, o nome da futura esposa não lhe diz quase nada – ela é apenas uma ‘qualquer coisa’. Que mulher embarcaria numa vida matrimonial sabendo que a principal motivação do futuro marido foi a de se livrar de algumas tarefas tidas como incômodas?

Convém lembrar que empresas que buscam relacionamentos sérios querem envolvimento com profissionais apaixonados pelo que fazem. Você consegue imaginar o escritor americano, Prêmio Nobel de Literatura, Ernest Hemingway, escrevendo 39 vezes – trinta e nove vezes – o último capítulo do livro Adeus às armas, se ao escrever ele apenas se sujeitasse a aceitar qualquer coisa como resultado final da obra? No lugar de um romance de peso, que enriquece a literatura universal, o infeliz jornalista teria produzido um lambe-lambe de baixa qualidade, talvez.

Dinheiro para pagar as contas? Indispensável, claro. Mas ele é consequência. Consequência natural. * Palestrante, publicitário, jornalista e escritor.————————————-Dê ritmo à sua vida – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Há mais coisas no viver do que acelerar o seu ritmo”. (Gandhi)Pra quê tanta pressa? Por que acelerar tanto quando você pode caminhar normalmente e chegar ao seu destino, sem se cansar. Sexta-feira à noite assisti casualmente, a um programa musical pela televisão, com o Dick Farney. Claro que era um programa antigo e reprisado. Deleitei-me e até me emocionei, confesso. Faz tempo que não ouvimos, com frequência, programas com músicas realmente músicas. Vendo e ouvindo o Dick Farney cantando, imagina-se por que a música considerada moderna exige tanta euforia na apresentação, além de tanta gritaria. Uma das músicas cantadas pelo Dick Farney e que mais me emocionam é “Copacabana”. Sinto saudade dos tempos em que saía de São Paulo para namorar a dona Salete em Copacabana. Parece pieguice, mas não é. Se você tiver vivido aquele período da evolução cultural, política e social no Brasil irá entender meu pensamento.

Mas deixemos o derramamento de saudosismo de lado e vamos viver a vida como ela se nos apresenta. O encanto na música anterior aos anos setenta é realmente encanto. Não é mera força de expressão. Ouvi-la e senti-la não significa sentimentalismo nem tampouco arcaísmo. Somos todos sentimentais. Se não fossemos, não seríamos seres em evolução. É porque amamos que nos sentimos felizes com a beleza da música. E o que me preocupa, sem arcaísmo, é que ela está servindo de instrumento para o exibicionismo fútil. Desculpem-me cantores modernos. Nada contra vocês, claro. O que estou vendo é que a beleza natural da música está sendo encortinada pela exibição do bumbum, pelas garotas, pelo rebolado e pelos homens.

Enquanto estivermos mais preocupados com a euforia gritante nos aplausos, deixamos de lado a beleza natural e emocional da qualidade musical. Senti-me muito feliz em assistir ao programa com o Dick Farney. É importante que sejamos felizes. E a felicidade está onde estamos. O importante é que saibamos vê-la onde ela está e vivê-la com intensidade, mas com a moderação da racionalidade. Há momentos em que vivemos sem nos deixar navegar pelas águas turvas do sentimentalismo barato. Procure, vez por outra, viver momentos agradáveis e saudáveis, assistindo a programas de qualidade. Ouça a boa música no sentido da qualidade que ela carrega. Porque é essa qualidade que carrega de otimismo e felicidade nossas almas. O clássico está na qualidade do trabalho e nem sempre no estilo ou classificação. É nosso senso apurado que nos diz o que é clássico ou vulgar. E apuramos nosso senso na racionalidade e nada mais. Pense nisso.*[email protected]   —————————————A clínica da consciência social – Izabel SadallaGrispino *“A alma de toda cultura é a cultura da própria alma”, já diziam os filósofos gregos.

Em meio a tanta desorganização, a tanta frustração na correspondência de atitudes humanas, presencio comovida, uma clínica médica – Serviço de Nefrologia de Ribeirão Preto – de atendimento alentador, em termos de humanização e de qualidade de serviços prestados. É dirigida por médicos de alto gabarito, de indiscutível competência, fator por si só indicador de tranquilidade, de confiança no tratamento ministrado.

Nela, há uma preciosa interação médico-paciente. Uma atuação cuidadosa de todos, na busca de melhor qualidade de vida aos doentes. Este é colocado em primeiro plano. Tudo é programado a seu favor, em seu benefício. É clínica com status de escola, além dos cuidados médicos, ensina, apoia, respeita a dor, as queixas, compreende a revolta, o medo que a doença traz. Cuida do contexto geral do paciente. Junto à técnica, ao conhecimento, cultiva-se a sensibilidade, a cultura humanitária, a consciência social de ajuda a quem sofre, ricos ou pobres, às desigualdades reinantes na sociedade.

Assisto, há dois anos, às reuniões do turno em que meu irmão faz a hemodiálise. Todas elas presididas pela médica Maria Terezinha Infantosi Vannucchi. Dra. Terezinha sempre se faz acompanhar de outra colega ou de uma enfermeira, ou de ambas, e quando há orientações burocráticas a passar – preenchimento ou renovação de fichas, encaminhamento de receitas, de exames clínicos etc. – também de um funcionário da secretaria.

Nessas reuniões, ela faz um balanço geral dos acontecimentos ocorridos no turno durante aquele mês. Após os cumprimentos calorosos, geralmente inicia-as dizendo: “Neste mês, felizmente, não perdemos ninguém ou perdemos fulano de tal, que partiu, deixou este plano, com certeza está redimindo, no outro lado, tudo que passou por aqui”.

Forma-se ali uma grande família de doentes renais crônicos, confraternizando-se, solidarizando-se na esperança e na dor. Todos participam da vida de todos, conhecendo os problemas específicos de cada um.

A capacidade de entrega, de falar a linguagem do amor, de amenizar as dores, de sorrir, coloca, nessa insigne doutora, o distintivo das mãos estendidas, da fraternidade, da estrela que traz o brilho da esperança.

Permita Deus que tal comportamento contamine, se prolifere, resgatando, na praxe médica, a consciência ética, religiosa, valores hoje, tão esquecidos da sociedade como um todo.* Supervisora de ensino aposentada