Caixas, pandora e QuixoteAo receber o Governo do Estado como uma “terra arrasada”, a atual administração prometeu uma auditoria e a responsabilização de administradores anteriores pelas perdas e danos causados ao Erário, ao bolso do contribuinte, aos cofres públicos. Mas não foi isso o que aconteceu. Quem apostou nessa administração ficou nesse vácuo da falsa expectativa.
Esse é o grande mal da administração pública: os gestores que deixam os cargos vão jogando as bombas no colo das próximas administrações, as quais acolhem em primeiro momento como discurso de “terra arrasada” e, depois, para justificar a falta de um projeto a fim de recuperar o que foi perdido e fazer a máquina funcionar em favor da sociedade.
Foi assim nesse governo, que passou um bom tempo culpando a administração anterior e que ainda continua usando esse escudo para justificar a incompetência em não conseguir administrar melhor. Está sendo assim com a maioria dos prefeitos dos municípios mais pobres do interior, que sentaram na cadeira para administrar com a bomba já explodindo.
Mas, quem está nas redes sociais, pode acompanhar o prefeito de Iracema, Francisco Araújo, um delegado da Polícia Civil, que está narrando praticamente on-line suas desventuras por ter recebido uma prefeitura falida, largada às traças, saqueada e tripudiada. Ele está dizendo que vai recorrer à Justiça a fim de responsabilizar civilmente para que gestores anteriores indenizem os cofres públicos por perdas e danos, além de danos morais pelos prejuízos causados àquele município.
O próprio prefeito tem ciência de que pode ser chamado de “louco e perseguidor”, mas é isso mesmo o que acontece com quem quer ver as coisas funcionando em ordem e com o bem público sendo preservado. O Brasil precisa de mais loucos que façam quebrar essa corrente da imoralidade e da corrupção a partir dos municípios, passando para os demais níveis do Executivo, do Judiciário e do Legislativo.
O problema é que algum momento os interesses se encontram e a “caixa-preta” se torna uma “caixa de pandora”, da qual jorram todos os males que irão acometer de novo cada cidadão, deixando aprisionada a esperança de que dias melhores poderão vir.
Já que o governo não vai abrir a caixinha dos segredos milionários, então acompanhemos o que está acontecendo em Iracema, para saber se realmente é possível encontrar alguém, nesse mundo político pervertido, que faça a esperança acontecer e que sirva de exemplo de zelo com o bem público e com o cidadão contribuinte. Ou se será apenas um Dom Quixote…
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