Clarinetes na janela – Walber Aguiar*E cada qual no seu canto, em cada canto uma dor, depois da banda passar, cantando coisas de amor. Nara LeãoNaquela manhã o céu estava extremamente azul. Sobriamente, o firmamento vestira seu terno, como se esperasse algum evento cheio de pompa e circunstância. Azul também era a farda dos músicos da banda da polícia militar, pronta para embarcar no ônibus que a conduziria até a cidade porto. Seu Cláudio estava lá, treinando os últimos acordes em seu velho clarinete. A banda estava afinada para mais uma festa.
Na velha estrada de piçarra, o ônibus seguiu seu percurso. Tudo era motivo de riso, desde um simples cochilo, onde o instrumento ameaçava cair, até as piadas de Eugênio “Rififi”. A efervescência era completa, com ‘Calça Preta”, “Antônio Lata”, “Canguru”, “China”, Coimbra, “Mangulão”, Genésio do trombone, cabo Fátimo e tantos outros.
Finalmente chegamos em Caracaraí. Seu Cláudio pediu três ovos cozidos e um café reforçado. Depois uma cervejinha gelada terminaria de matar a sede, tirando a poeira vermelha da garganta.
O velho “Caboré” estava sempre animado, sempre disposto a “cutucar” os amigos e seus instrumentos. A cidade parecia um agitado caldeirão cultural, à espera da banda passar cantando coisas de amor e de alegria.
Com seu clarinete, o velho Cláudio Barbosa anunciou o começo do fascínio e do encanto, do assanhamento juvenil e do garbo esfuziante. O povo não queria apenas ouvir, mas ver de perto cada um dos músicos e suas geringonças mágicas, de onde saíam sons melodiosos, de onde brotavam canções, hinos, marchinhas; de onde a vida irrompia aos borbotões.
Seu Cláudio suava, soprando o clarinete mágico, aquele instrumento preto e nostálgico como a noite. Era uma espécie de “pai da banda”, de todos aqueles que tocavam a vida quando a vida ameaçava tocá-los adiante.
Grão mestre da Grande Loja e adjunto de Ademir Viana, o sereníssimo, Seu Cláudio Barbosa vivia em função de amar a família (principalmente dona Elza), ajudar o próximo e animar o mundo com os acordes bonitos que saíam do clarinete, do clarim que despertava os homens para a tarefa de construir um mundo melhor e mais humano.
O Grande Arquiteto do Universo chamou o velho músico e dedicado maçom para alegrar a Banda Celestial, ao lado de “Calça Preta”, “Canguru”, Antônio “Lata”, Ari, “Coimbra” e tantos outros que desfilavam acordes a fim de que os anjos pudessem dormir com placidez e serenidade.
Naquele dia a banda não perdeu, nem a maçonaria ficou menor; pelo contrário, nas fileiras de uma e de outra estava ainda mais presente o homem que honrou a vida, o ofício de maçom e a sina de músico.
Seu Cláudio foi embora, deixando Dona Elza, Elzete, entre tantos filhos, netos, parentes e amigos que o mesmo soube criar e cativar.
Adeus, amigo. Quando os fins de tarde se fizerem silenciosos e o coração saudoso se sentir vazio e sem graça, debruçaremos na janela para ouvir mais uma vez o mavioso solo de seu clarinete…
*Poeta, advogado, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de [email protected] ———————————————Lei Maria da Penha – Marlene de Andrade*“Um coração perverso se apartará de mim; não conhecerei o homem mau.” Salmo 101:4A Lei Maria da Penha de nº 11.340, serve para proteger a mulher contra a violência doméstica e aumentar o rigor das punições sobre todo e quaisquer crimes contra a esposa ou companheira. Muitas vezes a vergonha de se expor na sociedade impede a mulher de proceder a queixa contra seu esposo e isso é até compreensível. E o interessante em apenas 48 horas pode fazer, o agressor ser afastado de casa e proibido de chegar perto de sua mulher ou companheira e até de seus próprios filhos.
Apesar de essa Lei ser voltada para proteger a mulher, há casos em que o homem é quem é a vítima e isso pode acontecer devido a vários fatores e um deles é a mulher desejar se apropriar dos bens patrimoniais do casal, subtraindo-os e consequentemente os recursos econômicos do mesmo.
Devido ao fato, existe a possibilidade da Lei Maria da Penha ter que socorrer o homem que está sofrendo agressões da mulher e nesse caso, ele, e não a mulher é quem vai necessitar de medidas protetivas. Não podemos nos esquecer de que a Constituição Federal no seu artigo 5º nos afirma que somos todos iguais perante a Lei.
Há mulheres que se autoagridem e se ferem para prejudicar o cônjuge, alegando inclusive que estão sofrendo dano psicológico, o qual é totalmente subjetivo. E por que essas mulheres agem dessa forma? Muitas vezes para culpar o marido ou companheiro e assim, quem sabe, conseguir que o mesmo se afaste de casa e ainda de quebra passe para ela todos os bens do casal. Existem mulheres que vão à delegacia toda machucada por ferimentos que ela mesma produziu propositadamente para incriminar o marido. Outras vezes, afirmam que estão sofrendo dano psicológico, o que na prática é um dado bastante subjetivo e que por isso nem deveria ser acatado de imediato pelas autoridades.
Neste contexto, podemos perceber que tanto mulheres quanto homens devem ser beneficiados pela Lei Maria da Penha, visto que também existem mulheres maquiavélicas em relação aos seus cônjuges. Sendo assim, tal fato não pode passar despercebido por nossas autoridades.
“O que usa de engano não ficará dentro da minha casa; o que fala mentiras não estará firme perante os meus olhos”. (Salmos 101:7).
*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT, técnica de Segurança no Trabalho, pós-graduada e Perícias Médicas e Saúde Públicahttps://www.facebook.com/marlene.de.andrade47(95) 36243445—————————————–Eu acredito, e você? – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Alguns homens vêem as coisas como elas são e dizem: por quê? Eu sonho com coisas que nunca foram e digo: por que não?” (Bernard Shaw)Quando não sabemos para onde vamos qualquer caminho serve. Até o sapo da Alice sabia disso. As veredas estão abertas e à nossa disposição. Cabe a cada um de nós saber para onde quer ir. E quem sabe para onde vai, sabe que vereda tomar. Simples pra dedéu. Quando acreditamos no impossível o possível torna-se impossível. O que ratifica o poder dos nossos pensamentos. Você nunca vai realizar um sonho pensando na derrota. A menos que seu sonho seja a derrota. A escolha é sua. Você tem o poder de decidir sobre sua vida. E mesmo sem saber, está decidindo a todo instante. E vai continuar assim até você acreditar que você é o que você pensa.
Eu vinha caminhando pela rua e vi um pedreiro colocando tijolos sobre o muro de uma casa, certamente para aumentar a altura do muro. E nem precisei pensar, para saber o porquê daquela operação. Porque não somos capazes de pensar no positivo, vivemos algemados ao negativo. Como não somos capazes de eleger administradores competentes, ficamos criando prisões domiciliares para nós mesmos, na doce ilusão de que estamos nos defendendo. Quando na verdade estamos, inocentemente, incentivando o crime. Não somos capazes de nos defendermos com nossos pensamentos. E isso porque não acreditamos no poder que eles têm.
Há estudos, e não são banais, que indicam que mais de noventa por cento das pessoas que são assaltadas nas ruas, são exatamente as que saem de casa se benzendo para não serem assaltadas. Quando você se concentra no ladrão, mais cedo ou mais tarde ele estará lá na esquina esperando por você. E essa é uma realidade que vai perdurar, na medida em que você ficar mais tempo perdendo tempo com notícias negativas através dos meios de comunicação. A sociedade está doente. E ninguém está nem aí para o remédio de que ela necessita para a saúde, que é a educação. E se houver uma melhoria nisso, irá demorar décadas. Porque educação não se constrói nos presídios nem nas escolas, mas nos lares. E pelo que vejo, não estamos preparando os novos lares para prepararem futuros preparadores.
A população terrestre aumenta em ritmo astronômico e nossa preparação para ela continua no fundo do baú. Em apenas quarenta anos a população do Brasil praticamente triplicou. E o que melhorou na nossa Educação nesse período? Nada. E continuamos marionetes e títeres de administração paupérrima e cidadania cabisbaixa. Vamos mudar isso fazendo nossa parte como ela deve ser feita. Cada um por todos. Pense nisso.