Jessé Souza

Bandido bom e 3600

Bandido bom é…… bandido rico. O Brasil das desigualdades sociais, em que o pobre idolatra tudo aquilo que é glamourizado e busca renegar tudo aquilo que é considerado da ralé, provoca esse tipo de distorção. O caso Eike Batista comprovou que, neste país, bandido bom é bandido rico. Quando se trata de bandido pobre, então o mantra passa a ser outro: “bandido bom é bandido morto”.Preso acusado de envolvimento na Operação Lava Jato, por pagar propina no valor de R$52 milhões, o ex-bilionário Eike Batista, que já constou na lista da Forbes como um dos homens mais ricos do mundo, provocou reações diversas nos brasileiros. Nas redes sociais, houve até comoção pelo fato de terem cortado o cabelo dele e o colocado uma farda de presidiário.Na concepção de muitos, corrupção não se trata de um crime grave a ponto de os acusados merecerem tratamento de presidiário, a exemplo das regras de Bangu 9, onde é preciso ter o cabelo cortado e uma farda de detento. Aliás, ao chegar ao aeroporto, no Brasil, parecia que a Polícia Federal estava fazendo uma escolta ao empresário, e não prendendo alguém.Até mesmo os que penam nas filas dos hospitais, com educação de péssima qualidade e vivem sobressaltados com a criminalidade, não imaginam (ou fazem questão de não imaginar) que esse caos vivenciado no país é resultado de uma sistemática ação de corruptos, que desviam dinheiro da saúde, educação e segurança para bancar seus esquemas e para ficarem cada vez mais ricos de forma desonesta.Em um país habituado a demagogias e glamorização, com o surgimento de falsos ídolos, do nacionalismo exacerbado e das ideologias de ódio avançando nas redes sociais, não foi difícil surgir um movimento que tenta matar a verdade por meio de embustes e manipulações, fazendo pobre odiar pobre e endeusar os ricos.Matando a verdade, significa que estão sufocando todos os valores necessários para continuarmos a conviver em sociedade. Incautas, as pessoas vão aceitando a ideologia do ódio avançar – mas o ódio somente à ralé, aos próprios pobres. E essa é a raiz desse fascismo que avança na internet.Não é à toa que há gente condoída com o tratamento correto de presidiário dado a Eike Batista e outros canastrões da política brasileira. O povo aprendeu a adorar seus corruptos e a odiar os pobres, ainda que seja igualmente pobre. Neste sentido, Eike é o malvado favorito de quem tolera a corrupção no Brasil.*[email protected]: www.roraimadefato.com