O país na zonaÉ impressionante a sanha no Congresso Nacional para travar a Operação Lava Jato e blindar os personagens do cenário político citados nas delações premiadas nas investigações do maior escândalo de corrupção de todos os tempos. E o senador por Roraima, Romero Jucá (PMDB), tem feito sucessivas tentativas de uma operação abafa.
Jucá, quando ainda era ministro de Planejamento de Temer, teve suas conversas divulgadas semanas antes da votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff, no ano passado. Na gravação, o senador tratava sobre o estancamento da Lava Jato.
Em meio a palavrões, o que parecia uma conversa de botequim de beira de estrada, Jucá falava em lançar “boi de piranha” e articular uma “mudança” no governo para “estancar a sangria” atribuída à Operação Lava-Jato, ou seja, para livrar a cara de todos os safados envolvidos ou citados nas investigações.
O impeachment se concretizou, os “bois de piranha” foram lançados e agora eles vão emplacar um ministro no Supremo Tribunal Federal (STF) que vai relatar a Lava Jato – e isso depois da morte do ministro Teori Zavasck, vale ressaltar.
Nesta quarta-feira, em mais uma tentativa escancarada de livrar os envolvidos, Jucá propôs a “PEC da Imoralidade”, visando blindar os presidentes do Senado e da Câmara Federal, ambos citados nas delações da Lava Jato. Diante da ampla repercussão negativa, ele retirou a PEC três horas depois. A propósito, Jucá responde a oito inquéritos no STF, sendo dois da Operação Lava Jato e um sobre fraudes na construção da Usina de Belo Monte.
Trata-se apenas de um dos lances do assombroso jogo de poder para transformar o país inteiro numa zona, como diria Cazuza. Enquanto isso, os presídios estão se implodindo, os policiais militares protestando, a saúde foi parar na UTI, a educação beira o precipício e a criminalidade aumenta de Norte a Sul.
Para tentar acalmar a plateia apática, que outrora foi incentivada pela Globo a sair às ruas com a camisa da Seleção para apoiar o impeachment, o governo Temer manda liberar os recursos do FGTS inativos, que pertencem ao trabalhador, mas que ficaram por anos trancafiados, sem poder ser sacados. Muitos pais e mães de família morreram sem poder usufruir essa grana. E hoje estão todos iludidos que isso irá resolver a vida da população e do país.
A lama escorre em Brasília, com os mesmos atores agindo às claras para livrar os corruptos da cadeia e para que eles continuem sugando a nação, que paga caro por meio de impostos e taxas para encher os cofres públicos com recursos surrupiados por eles. É a vampirização do Brasil.
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