Como realizar uma venda perfeita? – Carlos Cruz*Todas as profissões possuem rotinas de trabalho, seguidas dia após dia e que fazem os profissionais agirem de maneira automática. Com o vendedor isso não é diferente, principalmente por conta das metas a serem alcançadas.
É comum o profissional desta área ficar preso aos números, pensando no que vai fazer para alavancar suas vendas, quais estratégias utilizará para atender mais clientes e vender o máximo que puder. Essa não é uma atitude ruim, porém, pode ser posta em prática de uma maneira não eficiente.
O processo de negociação é, acima de tudo, um passo a passo para um relacionamento repleto de benefícios e duradouro. O profissional não deve se deixar “enrijecer” pela rotina, muito menos se tornar frio e automático. É necessário investir no trato social, na comunicação com o cliente, para se conquistar a venda perfeita, continuar humano, com capacidade de perceber as necessidades do outro e com o conhecimento para atendê-las.
O vendedor que atende o máximo de clientes em um único dia, que conclui vendas em cinco minutos, fazendo com que o comprador saia rapidamente, obtém bons números. Isso é ótimo, mas não basta. É preciso também obter um resultado melhor para o futuro, ou seja, um cliente fidelizado.
Para evitar esse tipo de situação e ajudar na construção de um relacionamento com o cliente:
1 – Comunicação: O profissional deve ser articulado, se expressar bem, de maneira clara e objetiva. É ainda mais importante saber escutar, captar o que ele precisa e, muitas vezes, servir de divã e utilizar da empatia. O cliente quer mais do que gastar dinheiro e comprar uma “coisa”, ele quer adquirir uma solução para o seu problema ou necessidade e um vendedor que não sabe se comunicar corretamente, não consegue perceber esse detalhe.
2 – Aproximação: Deve ser feita com simpatia, prontidão e deixando o cliente à vontade. O vendedor não pode ser frio, a venda é um processo de relacionamento, o comprador não é apenas um número. É necessário investir na qualidade do atendimento, para cativar uma clientela de qualidade, que sempre volta e traz novas necessidades e novos compradores consigo.
3 – Conquista: Fidelizar o cliente é sempre o momento mais delicado. Quando o comprador fica satisfeito com o atendimento, é criada uma imagem positiva do processo de compra e da empresa.
*Diretor do Instituto Brasileiro de Vendas (IBVendas)
Reforma moral e ética também depende de nós – Luiz Carlos Borges da Silveira*A política é indispensável à governança, principalmente em democracias. Um bom e útil exercício da política é essencial, desde que desempenhado com honestidade, interesse social e patriótico pelos seus atores. No Brasil, para a maioria dos cidadãos a política é vista com qualificativos desabonadores. Porém, não é a política que não presta, são os políticos que por sua postura e por seu caráter pessoal a degradam cada vez mais. Manobras e negociatas estranhas à prática política sempre existiram e certamente continuarão a existir, mas em nosso país a deturpação vem crescendo preocupantemente até chegar aos episódios mais recentes que produziram os maiores escândalos de corrupção jamais vistos.
A Operação Lava Jato, que investiga os atuais esquemas de corrupção, acabou por revelar casos estarrecedores envolvendo parlamentares, gestores públicos e integrantes do governo mancomunados com empreiteiras de obras e empresas que mantinham contratos com o governo e com estatais. Em resumo, são esses os políticos que desvirtuam a essência da política e se valem dos cargos públicos para proveito próprio.
Não será fácil promovê-la porque depende do caráter dos políticos e os que aí estão já provaram que dificilmente se emendarão. A busca desses envolve trazê-los à participação no cenário político. Todavia, sabe-se que a maioria dos cidadãos, especialmente a juventude, não participa porque tem essa visão negativa da política disseminada por todos esses escândalos e pelos maus políticos que precisam ser banidos através das urnas, a via democrática.
Com tudo isso exposto, concluo que: essa reforma moral e ética, tão necessária e urgente, depende também de quem vota.*Empresário, Médico e Professor
Desenvolvimento Sustentável: Utopia ou uma possibilidade real? – Kaíque Mesquita Cardoso*Ao enfrentar um novo paradigma na sociedade, a academia, o marketing empresarial, relatórios executivos e até discursos eleitorais apelam para a “consciência ecológica”, e cada vez mais procuram resgatar a ideia do ser humano como ser biológico. Pois, sabe-se, mesmo que de forma intrínseca, da dependência direta da vida humana com a qualidade de um ecossistema ambientalmente equilibrado. Então, conciliar o modo de vida da humanidade com a preservação e conservação dos recursos naturais é algo que deveria ser pensado em primeira instância, uma vez que todas as relações sociais e a convivência humana dependem do lidar e da transformação da natureza para com o fornecimento de meios na reprodução da sociedade.
Nesse contexto, a sustentabilidade entra em questão como o equilíbrio da sociedade capitalista com o meio ambiente. Assim, a proposta do desenvolvimento sustentável é manter o modo de produção como se configura na atualidade, atendendo ao trabalho e suprindo as necessidades, sem comprometer a capacidade de oferta contínua do meio ambiente adequado à qualidade de vida.
A legislação brasileira, em sua Política Nacional de Meio Ambiente, com redação alterada pela Lei nº 7.804/89, apesar de não definir os recursos ambientais, cita exemplos que perpassam pelos serviços e produtos ecossistêmicos. Na Ciência Florestal, é considerado produto todo elemento tangível que se pode obter de uma floresta, como produtos madeireiros, látex, sementes e compostos químicos. Já os serviços advêm da prestação de assistência do ecossistema na regulação dos processos naturais, a exemplo do regaste de carbono da atmosfera e até mesmo os rios voadores resultantes da grande quantidade de água evapotranspirada pela Amazônia. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) possui estudos quanto à quantidade de água bombeada para a atmosfera de acordo com especificidade das árvores.
Desta forma, se configura como recurso natural finito tudo aquilo que não possui resiliência no ecossistema em um determinado período de retorno, baseado apenas na expectativa de vida do ser humano. Seria curioso, portanto, não pensar que existe contradição entre uma máquina que não se pode parar de funcionar, mas que depende de recursos energéticos esgotáveis? Como ressalta István Mészáros, em “Socialismo ou Barbárie”, seria necessário então a sociedade pensar em um novo modelo de reprodução da vida social? Pois, para Mészáros, os interesses da humanidade capitalista serão os seus instrumentos de autodestruição e contribuição à extinção da espécie humana do planeta Terra.
Assim, o despertar da consciência social não abrangerá a totalidade das relações sociais em todas as suas formas, mas sim, trará benefícios a algumas partes articuladas em uma totalidade. E, portanto, esse pensamento se torna ideológico. Ideológico no sentido de cumprir uma função social de natureza excepcionalmente burguesa. Enfim, é difícil reconhecer que os pilares do desenvolvimento sustentável (produção ambientalmente correta, economicamente viável e socialmente justa) constroem o caminho sustentável para uma sociedade que se molda na lucratividade de mercadorias e não na assistência das verdadeiras necessidades da humanidade.*Professor efetivo do IFNMG – Instituto Federal do Norte de Minas Gerais
Reeduca porque não educa – Afonso Rodrigues de Oliveira*“No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo”. (Miguel Couto)E fim de papo. Há vários episódios que você pode usar como argumento de que o Miguel Couto estava errado. Mas vamos considerar outro inteligente que disse: “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira”. Quando considerarmos os dois pensamentos, veremos que os problemas do mundo nunca se acabarão. Mesmo porque nós, seus insignificantes habitantes, somos passageiros do tempo. Ainda não nos educaram para sabermos que somos imortais vestidos num corpo mortal e com data de validade. E sabemos que vamos morrer, porque não sabemos que é nossa embalagem que morre, e não nós. E por isso não nos educamos, botando a culpa nos que não nos educam.
Vamos sair da piscina. Pronto. Nadamos o suficiente. Agora sentemo-nos à beira da piscina e vamos refletir sobre o que pensamos enquanto nadávamos. O mundo todo vive num rebuliço infindável. E o importante é que aprendamos a viver de acordo com o ambiente em que vivemos. Vamos pôr os pés em solos brasileiros. Ainda não aprendemos a viver nosso Brasil, nem nele. Ainda vivemos por detrás da porta esperando que os que consideramos educados façam, para que façamos como eles. E esse desmantelo caminha há séculos.
Estamos vivendo um mundo que já deveria ter sido vivido há milênios. Mas ainda não nos libertamos do círculo do elefante de circo. Ainda vivemos atados, amarrados e presos a um cabo de vassoura, pensando que estamos presos a uma estaca. Ainda não nos educaram suficientemente para que percebêssemos que somos forte o suficiente para nos libertarmos da ignorância mundial, que nos mantém ignorantes. Não se desespere, mas não deixe de prestar atenção às tolices que ouvimos, diariamente; e que vêm de autoridades que não sei se pretendem, mas querem mudar nossas vidas, sem conhecimentos suficientes para isso.
Ainda na década de sessenta do século passado, tirou-se do currículo escolar, a matéria Educação Moral e Cívica, porque ela foi considerada obsoleta. Houve movimentos estudantis, contra o uso do uniforme escolar e hasteamento da Bandeira Nacional, porque eles constrangiam os jovens. Houve até um movimento divulgado pela mídia, para se mudar a letra do Hino Nacional Brasileiro, porque ela é clássica e os jovens não a entendiam. Época em que sem saber que não sabíamos nadar, caímos no lamaçal da ignorância. E está difícil sair dele enquanto não entendermos que sem educação nunca seremos um povo civilizado. E não temos por que buscar nossa educação em exemplos dos que nos parecem educados. Pense nisso.*[email protected]
Mulheres, ao esporte – Pedro Cardoso da Costa*Não é nenhuma novidade para ninguém que o brasileiro não tem o hábito de praticar esporte. Isso é atestado pelos resultados em competições internacionais. Dentre aqueles que praticam com regularidade razoável, numa comparação a olho nu entre homens e mulheres, talvez a diferença ultrapasse os 80% a favor dos homens.
Essa desproporção já vem de muito tempo, talvez da formação humana na Terra. E, percebendo que esse percentual ainda é maior nas denominadas classes sociais mais humildes, tomei a iniciativa de colocar em prática uma tentativa de mudança.
Comprei redes e bolas de vôlei e as levei a pequenos vilarejos em minha cidade natal, Nova Soure/BA. Já no local, com uma cal, demarcávamos uma quadra, fincávamos dois mastros (caibros) e começávamos a jogar vôlei de imediato. Somente com mulheres. Era exatamente o vôlei, por entender que seria o mais conhecido e com mais facilidade para a prática dos fundamentos e para assimilação de regras, sem os detalhes. Para iniciação, começava sempre em duplas trocando passes entre elas.
Depois do pontapé inicial, com a ressalva de que seria para o controle ser delas, íamos para outra empreitada; outro lugar. Ali a semente estava plantada. Ficava a bola e a rede, com o aviso de que voltaríamos logo. Em alguns lugares, a gente voltava, os homens estavam jogando e as mulheres assistindo ao lado. É cultural. É difícil de mudar. Mas é preciso.
Certo é que não existem iniciativas e ações coordenadas para fazer essa mudança e trazer às mulheres o hábito de praticarem esporte, especialmente nas camadas mais pobres. Como todo domínio da cultura, elas aceitam e sequer têm um pensamento voltado para quebrar esse tabu. E não se está falando de estruturas organizadas de clubes. A ideia seria semelhante às condições básicas dos homens simples que lotam os campos de várzea nas grandes cidades ou nos campos de futebol do interior, que se resumem a um terreno limpo, duro como uma pedra, duas traves e várias histórias, torneios, festivais, com premiação que variam de troféus, dinheiro e bois.
Fora essas pequenas sugestões, a menção a minha iniciativa é para reforçar que é possível fazer alguma coisa, e para dar uma satisfação a algumas pessoas que indagam se faço algo ou se apenas critico. Trata-se de um alerta. Não quero convencer a ninguém. Sigo o escritor José Saramago: “Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro”. Será? Nesse caso, bem que eu gostaria.*Bacharel em Direito