Depois da ressacaDepois de um Carnaval no Rio de Janeiro marcado pelas tragédias, que é bem a cara do Brasil, será possível juntar os cacos e pensar em um novo rumo para o país a partir de agora? As evidências, infelizmente, mostram que não. A expectativa do brasileiro é viver do subemprego (“bicos”), cortar lazer e continuar morando de aluguel.
Os planos dos políticos de se livrarem das grades, por meio de uma tentativa de abafa na Operação Lava Jato, vêm sendo colocados em prática aos trancos e barrancos, desde que o senador Romero Jucá (PMDB) foi pego na gravação falando em dar jeito nas investigações.
Mas o curioso é que as pessoas que foram às ruas pedir o impeachment, se dizendo cheias de indignação contra a corrupção e em favor da moralização do Brasil, hoje se escondem dentro das próprias calças. Há um silêncio impressionante, como se os escândalos tivessem deixado de acontecer.
Passando ao largo disso, o governo de Temer (PMDB) mantém como ministros alguns dos envolvidos nos escândalos da Lava Jato, além de ter Jucá como líder, no Senado, outro citado nas delações e que responde a oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). Frisando: oito inquéritos!
Esse mesmo governo colocou no lugar do único ministro do Supremo que era temido pelos investigados, Teori Zavascki, o qual morreu em um acidente de avião, um partidário de Temer e de seu grupo enlambuzado com a sujeira que sai da Lava Jato. É a concretização de tudo aquilo que vinha sendo traçado nas falas de Jucá.
Então, com o fim de quatro dias de folia, o brasileiro se levantou de ressaca para encarar essa realidade que se mostra sombria diante de todo esse quadro que vem sendo desenhado. Agora todos vão se preparar para pegar a grana do FGTS inativo, achando que isso será a solução para os seus problemas.
O brasileiro até vai poder pagar algumas dívidas com o FGTS e aliviar um pouco o bolso. Mas logo ele se dará conta de que o que o espera é muito mais tenebroso do que se imagina. Os canastrões da política só estão esperando uma oportunidade para se livrarem das investigações e continuarem no bem-bom do poder.
Em 2018, eles estarão sorrindo e abraçados nos palanques eleitorais, pedindo novamente o voto do eleitor para que continuem no poder, surrupiando os cofres públicos. E o eleitor mais uma vez se deixará enganar, apesar de toda essa bandalheira que está presenciando. Porque a memória do brasileiro costuma ser muito curta e a compra de votos ajuda na amnésia.
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