Figurinha repetida
Por ventura um leitor pegasse um jornal impresso da década de 90 para pesquisar, iria facilmente perceber que os políticos pregavam os mesmos discursos sobre ir a Brasília não só cobrar matriz energética, mas também asfaltamento de estradas, novos presídios, mais recursos, mais dinheiro, mais grana, mais cifras. Em certos momentos, dinheiro não faltou, mas as obras nem sempre saíram.
Hoje, o Estado de Roraima ainda busca uma matriz energética e os políticos continuam com o discurso de que irão a Brasília cobrar que finalmente tenhamos um fornecimento de energia confiável, pois a energia fornecida pela Venezuela, considerada como o grande feito de outras épocas, hoje é um fantasma a atormentar o roraimense, que teve de voltar às termelétricas movidas a diesel, altamente poluentes e inconfiáveis.
Sempre foi assim. Brasília historicamente deu as costas para Roraima, obrigando a população local a buscar alternativas nos vizinhos Guiana e Venezuela, seja em busca de alimentos e de outros produtos em épocas em que ficávamos isolados por causa da seca do Rio Branco ou das condições precárias da BR-174, ou em busca de melhorias de vida nos garimpos daqueles países.
Hoje se vê gente agindo com xenofobia com os venezuelanos, que estão precisando de Roraima para escapar da fome e do desemprego. Porém, as pessoas esquecem que, no passado não muito distante, é para lá que muitos roraimenses iam buscar formação superior, fazer compras, garimpar minérios ou mesmo refazer a vida; e não iam somente os empreendedores, mas também os ladrões, os espertalhões, os foragidos e criminosos.
Enquanto o roraimense fica discutindo abrigo e apoio a venezuelanos, os políticos seguem com as mesmas balelas, as conversas furadas que mais parecem cenas repetidas do que já vimos no passado. Só para relembrar, o Estado de Roraima tem um dos políticos mais influentes em Brasília, que nunca se mostrou forte para resolver os grandes problemas que enfrentamos.
A influência que os políticos têm usado em Brasília é tão somente para se locupletar, desviar, formar quadrilha, fazer caixa 2, atacar as estatais (a Operação Lava Jato está aí para comprovar), montar esquemas e ficarem ricos ou, no mínimo, acumularem mais do que eles já têm nas contas de seus laranjas e de empresas de fachada.
O que resta para o povo são esses discursos de fachada, políticos que se juntam em comboio para dizer que vão a Brasília resolver nossas questões. E as pessoas não só acreditam como ainda defendem os políticos que sempre disfarçam que estão fazendo algo, mas que, na verdade, usam seus mandatos para proveito próprio ou de seus grupos. Exemplo maior é o político mais influente de Brasília que é enviado para lá pelos roraimenses.
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