Escondidinho de macarrão
Enrolados em casos de corrupção, os políticos investigados pela Operação Lava Jato tentam aprovar, no Congresso, uma reforma política com a introdução da lista fechada, que nada mais é do que uma forma de sobreviverem a essa avalanche que atinge a política brasileira no país da “carne podre com papelão”.
O eleitor assiste a tudo como se fosse um programa de auditório tipo “Domingão do Faustão”, aquele que babaquizou o Brasil há anos na base do “senta e aplaude”. Com mais de 30 partidos, a maioria servindo como garota de aluguel, é praticamente impossível conhecer a posição ideológica de cada um deles (aliás, que ideologia tem esses partidos que se vendem a cada pleito eleitoral?).
Se colocarem todos na mesma panela, poucos resistiriam à realidade, pois a maioria serve apenas para se vender aos grandes partidos a fim de sustentar o grande esquema que aí está, surrupiando os cofres públicos desde os primórdios da República. Esses “partidos nanicos” acabam fazendo um leilão eleitoral a cada disputa, com seus “donos” abocanhando os farelos do grande bolo da corrupção mantida até então pelo Lava Jato.
Isso significa que a chamada lista fechada, a qual está sendo colocada na reforma política, seria uma forma de os partidos abrigarem os corruptos de sempre para que continuem sendo eleitos em 2018, desta vez sem aparecerem nominalmente, se escondendo nas listas apresentadas pelos partidos. Reeleição, neste sentido, significaria para os corruptos o foro privilegiado para se livrarem das investigações e das delações que estão por vir.
Para isso, no sistema de lista fechada, bastaria que os partidos colocassem o nome dos políticos corruptos no topo da lista para que eles sejam eleitos. Afinal, nessa forma de votação, o eleitor deixaria de votar nos nomes dos políticos e passaria a escolher os partidos com suas listas recheadas de corruptos.
Essa forma de votação mais parece com o que o brasileiro já está acostumado a fazer com clube de futebol, em que o cidadão escolhe um time para torcer já com os 11 jogadores apontados pelo técnico. E os políticos sabem que o brasileiro pode ser facilmente manipulado quando torce por um clube ou, neste caso, por uma legenda.
E tudo o que os políticos não querem é uma reforma política que surja a partir de uma consulta popular, a qual com certeza apontará a necessidade do fim do foro privilegiado e do caixa 2. E se o povo não estiver atento, transformará a disputa eleitoral em uma torcida por sigla partidária como se fosse um time de futebol, que pode contratar como goleiro uma pessoa condenada por um crime bárbaro, sem passar pelo crivo do torcedor, na base do “escondidinho de macarrão”.
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