Doido ou preguiçoso
Vera Sábio*
Já esclarecendo o tema deste texto, não quero de forma alguma tratar ninguém de maneira pejorativa ou degradar a personalidade das pessoas. Respeito também aqueles que possuem deficiência intelectual e doença mental, revelando claramente que não são desse tipo de pessoas que o texto quer relatar.
Pretendo expor uma frase que ouvi sobre fracasso e condições para o sucesso, que diz assim: “É mais fácil segurar um doido do que empurrar um preguiçoso”. Não sei o autor, mas para mim o significado da frase é muito certo.
Sabemos que existem doenças mentais difíceis de serem entendidas e principalmente controladas, doenças estas que retiram a consciência básica do ser humano, a respeito do que pode e não deve fazer, precisando por vezes de tratamentos medicamentosos radicais e que o deixem dopados sem conseguir reagir, muitas vezes para sua própria segurança física e dos que o rodeiam.
No entanto, a condição de uma pessoa preguiçosa é muito pior. Ela não possui doença mental e nem física, mas por mais que a necessidade bata a sua porta, se agarra em familiares, se torna um encosto para os outros, já não tendo dignidade de reverter sua situação.
Expõe as maiores justificativas para não descer o nível, no caso, como irá fazer tal serviço que sua condição intelectual não condiz, deixando de reconhecer suas necessidades essenciais, suficientes para submeter-se ao que for necessário até conseguir algo melhor.
Sei que existem casos e casos e existem pessoas que querem trabalhar de qualquer jeito, mas não encontram serviço. Agora que existem pessoas preguiçosas que não saem do lugar com justificativas insignificantes, somente comprovando sua falta de vontade de lutar, fazer diferente, ter dignidade para não ser adereço de sofá, isso tem.
A preguiça e o desanimo são armas malignas poderosíssimas e normalmente se confundem. Todavia, ao se livrar de uma, é bem possível que se livre da outra. O que irá acontecer somente quando passar das palavras para as ações e esta é uma decisão intransferível. Pois é impossível empurrar um preguiçoso.
Levante, sacuda a poeira e dê a volta por cima. Não espere resultados fáceis sem muito sacrifício. O sucesso só vem antes de trabalho no dicionário e precisamos transpirar muito se quisermos outra realidade. Fé na vida, fé no homem, fé no que virá e faça hoje bem mais do que fez ontem, não deixando para amanhã a decisão que mudará sua vida.
*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e [email protected](95) 99168-7731
Terceirização realizando atividade-fim?
Ranior Almeida Viana* Em reportagem da Folha de Boa Vista de segunda-feira, 27/03/2017, com o título “MPT pede a Michel Temer veto integralmente ao projeto da terceirização”, o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, aponta que o projeto de lei da terceirização, que foi aprovado pela Câmara Federal e que em breve será sancionado pelo então presidente da República, é inconstitucional por ferir o artigo 37 da Constituição Federal, mais precisamente a alínea II do texto, que diz: “a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego.”
Da forma como o projeto passou pela Câmara, os profissionais de empresas terceirizadas poderão realizar atividades-fim, ou seja, poderá ter enfermeiro, professor e outros profissionais que sejam terceirizados, o que é bom para a União, estados e municípios, que não precisaram realizar concursos públicos, o que está alinhado com a PEC do Teto dos Gastos Públicos. Por outro lado, porém, acabam com as esperanças de muitos trabalhadores e estudantes brasileiros que almejam um lugar no serviço público.
Há estudos que indicam que a terceirização prejudica, sim, as condições de trabalho. Com dados de 2013, técnicos do Dieese (Departamento Sindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostraram que os terceirizados recebem salários 24,7% menores do que aqueles dos efetivos, além de terem jornadas maiores. Menos renda e menos direitos para os mais vulneráveis.
Os congressistas sabem que a terceirização é algo que beneficia o empresariado e não os trabalhadores. A proposta é vista pela equipe econômica como forma de diminuir as taxas de desemprego, e quem defende esse projeto de lei afirma que o número de carteiras assinadas crescerá significativamente. Bom para os empregadores que terão mão de obra barata, mas, em contrapartida, e a segurança da renda do trabalhador? Terá emprego por seis meses podendo ser prorrogado por mais três meses, o que não dá nem doze meses para não ser pagos os direitos integrais, como, por exemplo, férias e décimo terceiro salário, FGTS e outros.
Portanto, é interessante que aconteça a discussão sobre os dois projetos da terceirização (pois enquanto um aprovado na Câmara e outro que tramita no Senado), que ambos dialoguem entre si e que eles levem em conta, acima de tudo, o lado dos trabalhadores, para aí sim ser sancionado pelo poder Executivo.
*Licenciado em Sociologia – UERR, Bacharelando em Ciências Sociais – UFRR[email protected]
Na teia do amor
Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Não se ama nada se não se ama tudo”. (Jean-Paul Sartre)
Costumo sempre dizer que o amor é indefinível. Recentemente andei dando uma olhada num dos livros da coleção do Padre Charbonneau e o que li de definições do amor não foi pouco. E me ocorreram duas frases legais para o assunto. Uma foi a do Sartre e outra do Proust que diz: “O objeto amado não existe senão na imaginação do amante”. E pronto. Tudo vai depender da sua capacidade de amar. E quando amamos de fato, não confundimos a intensidade no amor. Quando amamos, amamos tudo. E quando não somos capazes de amar de verdade, confundindo amor com paixão, por exemplo, acabamos tornando o amor um sentimento em descontrole.
Nós demonstramos no amor o sentimento de alegria, mesmo nos momentos e coisas mais simples no nosso dia a dia. Quando o casamento, que foi construído com o amor ardente, se destrói, comprova que o amor não pode ser ardente, mas seguro, equilibrado e sensato. Não é o amor que se acaba no casamento que se desfaz. O amor não se acaba. A confusão esteve na mistura infantil que se fez, no desequilíbrio causado pela paixão. Então tenha muito cuidado quando se sentir apaixonado, ou apaixonada, por alguém. Você pode estar sendo dominado pelo foco do amante.
O amor é o esteio do equilíbrio emocional. Quando a emoção toma conta, o amor é jogado pra escanteio. E é aí que a jiripoca pia. Quando amamos, amamos de verdade. Mesmo que haja a separação conjugal, ele permanece, mas sem arrufos de sentimentos desequilibrados. Procure controlar seu amor sempre que ele estiver extrapolando. E tal controle só se consegue com mente sadia e equilibrada. E como sua mente é a maior força que você tem com o poder de controlá-la, controle-a com amor. Ame sempre, com o equilíbrio mental que o amor exige. Você tem o poder de viver uma vida amorosa sem desequilíbrio mental nem emocional.
Dê uma paradinha para uma reflexão. O Ibrahim Sued disse que “O importante não é forçar a porta alheia; vá batendo devagarzinho e entrando de mansinho”. Faça isso com sua mente sempre que a paixão estiver tentando você, fazendo com que você a confunda com amor. Ela é traiçoeira. E quando nos deixamos enganar pela traição é porque somos despreparados. E é aí que a paixão judia os despreparados. Ria dela e lembre-se da fala daquele delegado de política que dizia: “Não existiria os vigaristas se não existissem os otários”. Ame com amor. Seja feliz, construindo seu lar, sua felicidade, com muito amor. Mas cuidado para não misturar no cadinho do desespero, o quarteto, amor, paixão, ciúme e sexo. São coisas distintas. Pense nisso.