Opinião

Opiniao 25 04 2017 3947

Estados Unidos e Coreia: problemas de comunicação – Rubens Marchioni*De um lado, a intolerância quase religiosa dos Estados Unidos em relação à Coreia do Norte. O ditador lunático deseja fazer o que bem entende, sem pensar na tragédia non-sense que a sua inconsequência pode causar.

De outro, a busca por uma aproximação dos EUA com o Brasil. O que pode ser positiva para suprir a nossa necessidade de desenvolvimento em diferentes áreas.

Temer e Trump: aliados? Se for o caso, o mesmo não se pode dizer em relação ao papa Francisco. Ele recusou o convite do presidente brasileiro para uma visita do sumo pontífice. A coerência falou mais alto na hora da decisão. E ficou acertado que Francisco não viria porque não deseja compactuar com os principais atores da atual crise brasileira, desumana acima de tudo.

A determinação americana, retratada nos ataques à Síria e Afeganistão, pode preencher a agenda de Trump, inviabilizando o encontro entre os dois presidentes. Isso vai acontecer, sobretudo, se o ditador da Coreia persistir na ideia de fazer testes nucleares e de mísseis do regime norte-coreano. Nisso tudo, a única certeza que temos é a de que, até prova em contrário, hoje é hoje, eu sou eu, você é você e jacaré é um bicho.

Em tempos de efervescência bélica e ideológica, a via mais segura para uma saída inteligente pode estar na comunicação não-violenta. A teoria foi desenvolvida pelo doutor Marshall B. Rosemberg, amigo de Gandhi.

Ela está disponível no Brasil em livro homônimo e imperdível, publicado pela Editora Ágora. O grande achado faz história por ser largamente usado na solução de conflitos em territórios corporativos e políticos, com resultados surpreendentes.

Coreia e EUA bem poderiam deixar o mundo em paz. Afinal, existe uma crise permanente nesse “mundo líquido”, e poderemos nos dar por satisfeitos se conseguirmos entregar o planeta em condições mínimas de uso para as próximas gerações. Sempre com as bênçãos de tudo o que há de mais sagrado, não importa de onde vier, amém. *Palestrante, publicitário, jornalista e escritor. Autor de Criatividade e redação e A conquista

Um brinde ao desejo – Walber Aguiar*“Amamos mais o desejo do que o ser desejado.”NietzscheA noite cai sobre a cidade. Chega empurrando a barra do dia, esparramando seus cabelos negros pelo chão da vida. Todos se aquietam. Uns vão para o bar, cheios de inquietação, outros seguem para casa. Ainda outros continuam trabalhando. O desejo é palpável e caminha ao lado de cada um.

Ora, a noite tem seus cheiros, marcas e inevitáveis lembranças. Cheiro de sexo, de dinheiro, de pulsões e compulsões. E desejar é coisa muito perigosa. Mexe com o peito magoado, com a psique adoecida, com a alegria de se estar vivo e pulsante. Isso porque, não somos amebas, seres assexuados, nem tampouco portadores do celibato forçoso. Se o sangue corre nas veias, o desejo corre pela mente, disposto a cravar as unhas, a sentir os aromas, a beijar a boca que se insinua doce e convidativa.

Somos natureza enquanto estamos nus, cheios de paixão e de loucura por aquilo que desejamos possuir. Sem sermos hipócritas, temos que aceitar o fato de que não somos adeptos da era vitoriana, do tempo em que o sexo era feito por cima da roupa, sendo visto como coisa do demônio, como concupiscência dos olhos e da carne.

Quando a noite cai sobre o palco da realidade, traz consigo o véu do desejo e as cortinas da sexualidade. Traz também o desejo incontido e irresponsável de sair “pegando geral”, sem distinção de cor, raça ou condição financeira. Tal desejo se revela doentio, pois não há limitação para o prazer, que pode ser a dor do outro. São os discípulos de Epicuro que entram em cena, dispostos a todo tipo de lambuzamento, quer do corpo, quer da alma.

A sombra da noite também revela o desejo sadio, a sexualidade sem culpa. Desejar é bom, conseguir o que se deseja é melhor ainda. Isso se dá pelo fato de que ninguém pode se esconder atrás da cultura, da imposição, da tirania social. O homem é um bicho enquanto envolvido pela lógica da natureza e seus naturais impulsos. Não dá pra negar o desejo, a vontade. Não dá pra fingir que não acontece conosco, que somos intocáveis diante da sensualidade. O falso moralismo e o legalismo de usos e costumes não servem pra nada diante da sensualidade.

Desejar é extremamente perigoso quando não queremos aceitar as implicações do desejo. É como despetalar a flor em botão e não deixar que ela se abra naturalmente. É como atiçar uma colmeia e não ter disposição para correr na hora das ferroadas. Daí o autor de Cantares recomendar que não se acorde o amor até que este o queira.

Temos que concordar com Nietzsche quando afirma que amamos mais o desejo que o ser desejado. Se o desejo não for encarado com responsabilidade acabamos por matar o ser que desejamos. Porque o desejo que sentimos ficará sempre conosco, egoisticamente, enquanto o objeto do desejo pode ser facilmente descartado.

A noite cai sobre a cidade. O desejo cai sobre cada um de nós. Resta saber o que vamos fazer com ele.*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]

As superbactérias – Marlene de Andrade*O mundo jaz sob o Maligno. (1 João 5:19). Em 1943, a descoberta da penicilina trouxe esperanças para o tratamento de doenças bacterianas. Que vitória! A medicina estava vencendo a antiga batalha contra doenças infecto contagiosas. Porém, o tempo passou e algumas cepas de bactérias estão vencendo e estão se tornando resistentes a vários antibióticos. Estamos voltando à estaca zero.

Quando eu tinha 13 anos, na década de 50, comecei a usar óculos. O oftalmologista que me atendeu impressionou-me bastante. Esse médico me asseverou que o mundo iria se acabar não devido a uma guerra mundial e sim por causa dos micro-organismos, uma vez que os mesmos tornar-se-iam muito mais fortes do que o homem e o exterminaria. Saí daquele consultório muito preocupada.

Bactérias resistentes têm a ver com o uso indiscriminado de antibióticos. Esses pequenos seres vivos adentram todos os órgãos do nosso organismo sem pedir licença. Alguns são do bem, contudo, alguns são maléficos e se a pessoa possui imunidade baixa e usa o antibiótico de forma errada pode adoecer gravemente.

O uso de antibiótico pode matar os micro-organismos, mas se o tratamento é interrompido antes do prazo, nesse caso a situação se complica, pois as bactérias ficam resistentes. Sendo assim, o antibiótico não fará mais efeito.

Infelizmente, inúmeras pessoas usam esses remédios indiscriminadamente. Outro agravante é que antigamente antibiótico era vendido sem receita médica o que, com certeza, permitiu as bactérias se tornarem resistentes a muitos antibióticos. E tem mais: prescrever esses medicamentos como medida profilática, quando não há sinais de infecção, é equivocado, pois essa não é a função desses remédios. Outra situação preocupante é prescrever antibiótico sem identificar exatamente qual é bactéria que está provocando a infecção, pois a cada tentativa que for dando errado, mais chance haverá de as bactérias se tornarem mais resistentes ainda. É verdade que, às vezes, temos que jogar com a sorte, mas a que haver muito critério quando o assunto é antibiótico.

Ainda bem que a Saúde Pública tem implantado medidas para diminuir o desenvolvimento de resistência bacteriana exigindo a receita médica para a compra de antibióticos, diminuindo assim o uso indiscriminado desses medicamentos. Outra situação lamentável é que os antibióticos podem estar presentes até na produção de alguns alimentos. Que caos, hein? Será que aquele oftalmologista tinha mesmo razão e as superbactérias vão mesmo destruir o ser humano? *Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT(95) 3624-3445

Está na sua maneira de pensar – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Minha maneira de pensar música vai continuar viva depois de mim”. (Naná Vasconcelos)Bob Dylan também disse que: “O homem é um sucesso quando ele acorda de manhã e vai para a cama à noite e entre as duas coisas ele faz o que gosta de fazer”. Quando gostamos do que fazemos sempre procuramos fazer o melhor. Porque se gostamos do que fazemos, fazemos com amor. E o amor é sempre construtivo. Como o Naná, todos os profissionais competentes sabem que o resultado do seu trabalho vai muito além das suas vidas. Miguel Ângelo também foi explícito quando disse para a autoridade da Igreja, que reclamou pela demora do trabalho: “Eu não estou trabalhando para a Igreja, mas para a posteridade”. Foi mais ou menos assim.

E é assim quando fazemos o melhor no que fazemos. O importante e mais inteligente é saber que sempre podemos fazer melhor do que o melhor que fizemos. Faça isso no que você faz no seu trabalho, seja ele qual for. Já falei pra você daquele dia em que eu estava naquela reunião de trabalho. Estávamos na reunião quando o presidente da empresa chegou e, curiosamente, ficou assistindo à reunião. Um caso inédito. De repente o dirigente do setor de mecânica pediu para o gerente industrial que lhe indicasse um ajudante. Inesperadamente, o presidente da empresa ergueu a mão e falou para o gerente indicar o faxineiro da portaria.

Até aí, nada de mais. Só que o presidente vendo que todos nós, os presentes, ficamos estáticos, ele explicou. O motivo era que o faxineiro lhe dava, todos os dias, quando ele entrava para o escritório, um exemplo de profissionalismo. Realmente foi uma das maiores lições que aprendi na Universidade do Asfalto. Aprendi que devemos estar sempre alertas para nossa postura. Onde quer que estejamos, e não importa o que estamos fazendo, estamos sendo observados. Tenho certeza que aquele faxineiro nunca soube que sua promoção foi uma indicação do presidente da empresa.

Inicie seu dia, hoje, como se fosse o primeiro dia do seu futuro. Porque é o que é. Seu futuro começa agora. E é agora que você deve iniciar a caminhada rumo ao horizonte. Construa seu próprio arco-íris. É lá no final do arco-íris que você vai encontrar o pote de ouro. E se você estiver sorrindo, pensando que estou brincando, pare. Porque você estará sorrindo de você mesmo. Sei que você sabe que a terra é redonda, e por isso você nunca vai alcançar o horizonte. E é por isso que a caminhada é tão importante. Porque você já sabe que a caminhada é a Universidade do Asfalto. E o aprendizado é um problema seu e só seu. O livro está aberto e ao seu alcance. Pense nisso.*[email protected]