Bom dia!A Parabólica começava a ser escrita quando estourou o escândalo divulgado pelo jornalista Arnaldo Jardim, colunista do jornal carioca “O Globo”, dando conta que o empresário Joesley Batista da Silva, um dos donos do grupo JBS, um dos maiores do mundo no ramo de processamento de alimentos, teria entregado ao Ministério Público Federal gravações de uma conversa gravada por ele feita no Palácio Jaburu num encontro com o presidente Michel Temer (PMDB).

Na gravação, Joesley teria comunicado ao presidente da República que estava pagando uma “mesada” ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para mantê-lo em silêncio na prisão, que cumpre por determinação do juiz federal Sérgio Moro. Em português claro, para evitar que ele, Cunha fizesse delação premiada.

Segundo ainda o jornalista Lauro Jardim, o presidente teria dito ao empresário goiano que ele continuasse a fazer o pagamento da “mesada”. As revelações, que também flagram o presidente do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves, caíram como uma bomba no meio político em Brasília. As sessões plenárias do Senado Federal e da Câmara dos Deputados foram suspensas e os parlamentares mais ligados ao presidente correram para o Palácio do Planalto, na tentativa desesperada de encontrar, como sempre, uma saída para engabelar a opinião pública brasileira. E não tardou vir a reação dos governistas: em nota, o Palácio do Planalto negou a existência das gravações e que o presidente jamais pediu para o empresário para dar dinheiro a Eduardo Cunha.

Daqui, nossos leitores sabem, em diversas ocasiões registramos o estranho comportamento de Michel Temer de se fazer cercar de gente envolvida até o pescoço em corrupção e malfeitos com o dinheiro público. Todos lembram que ele nomeou vários ministros, entre os quais o notório Romero Jucá (PMDB), que tiveram depois que ser demitidos. O pior é que na proporção que se sentia mais forte no cargo, Temer nomeava ministros – a exemplo do secretário-geral da presidência Moreira Franco, alcunhado de “Angorá” por vários delatores-, e os manteve no cargo apesar das evidências de seus envolvimentos com a corrupção revelada pela Operação Lava Jato.

Michel Temer não negou ter recebido, em março, no Palácio do Jaburu, a residência oficial do presidente, Joesley Batista. Só isso já bastaria para colocá-lo na linha da suspeição, afinal, o empresário – fazia um bom tempo – estava na mira dos órgãos de investigação por citação em vários malfeitos envolvendo o recebimento indevido de dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e também da compra de Medidas Provisórias.

Ora, por quais razões um presidente da República receberia em sua residência um empresário enrolado em falcatruas. E insistimos, por que Michel Temer gosta de cerca-se de gente comprometida com malversação de dinheiro público? Agora mesmo, quando se reuniu no Palácio do Planalto para analisar o estrago feito pela revelação das conversas com Joesley Batista, estavam em torno da mesa presidencial o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha; o secretário-geral, Moreira Franco; e o líder do governo no Senado, senador Romero Jucá. Todos envolvidos em sérias denúncias de recebimento de propina, com evidências irrefutáveis.

E agora, poderá o atual presidente da República continuar do Palácio do Planalto a comandar os destinos da pátria? Como será a reação da população mais lúcida do País? Mesmo diante de tantas evidências, o presidente continuará tendo maioria no Congresso Nacional?

Sem dúvida, estamos numa encruzilhada. Ou o Brasil segue os rumos indicados pela Lava Jato, desde Curitiba, ou, só para lembrar um dos protagonistas deste caos, vamos para uma “suruba” total.