Bom dia!E o Brasil que já vinha cambaleante, parou de vez, desde que o presidente da República recebeu quase na calada da noite, no Palácio do Jaburu, hoje residência presidencial, um empresário já investigado pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal sob suspeita de práticas criminosas envolvendo desvios de recursos públicos. O empresário em questão, todos já sabem, é o empresário goiano Joesley Batista, um dos donos da JBS, a maior produtora de proteína animal do mundo, que gravou a conversa mantida com o presidente da República naquele encontro, meio clandestino realizado no palácio residencial presidencial.
Desde então, o mercado acionário do Brasil entrou em parafuso – baixas tão elevadas que levaram a suspensão da compra e venda de ações-, e alta expressiva da cotação do Dólar em relação ao Real. E a reação não parou por aí, o Congresso Nacional – Senado Federal e Câmara dos Deputados – suspenderam as sessões plenárias e foram paralisados os trabalhos, inclusive, nas comissões que tratam da reforma trabalhista e previdenciária, tidas pelo próprio governo como fundamentais para a superação da crise econômica. De igual modo, a presunção é que o chamado mercado também entrou em compasso de espera, na medida é que o mundo empresarial adia suas decisões até que a crise política seja contornada.
Como resposta às acusações de crime de responsabilidade – o Supremo Tribunal Federal (STF) já instaurou processo criminal de investigação contra o presidente da República -, Michel Temer já fez dois pronunciamentos oficiais dizendo que não vai renunciar, e tenta se manter no cargo alegando que as medidas que vem tomando no campo econômico já estão dando resultado e cita especialmente a queda da inflação, a redução de juros e a criação de 60 mil empregos em abril último. São argumentos, que ninguém com a mínima isenção aceita como verdadeiros, pois entre outras coisas, são números que podem não se sustentar num futuro próximo.
Quando os assessores e sua base política mais próxima perceberam que esses argumentos não seriam capazes de segurar Michel Temer no Palácio do Planalto, seus advogados, escolhidos entre os melhores criminalistas tupiniquins, decidiram questionar a validade legal das gravações feitas pelo empresário Joesley Batista. Enquanto tentam atrasar o processo de apuração dos eventuais crimes atribuídos ao presidente, os políticos a ele ligados umbilicalmente tentam fazer voltar o funcionamento do Congresso Nacional, para tentar convencer a opinião pública nacional que o Brasil está funcionando normalmente, apesar de ter um presidente que recebe, na calada da noite, um bandido travestido de empresário, já investigado pelos órgãos públicos de investigação.ERA ESPERADOE depois de ficar uma semana sem fazer qualquer pronunciamento a respeito da convulsão que tomou conta do país – a expressão foi utilizada pelo advogado do presidente Michel Temer – depois da divulgação das conversas gravadas por Joesley Batista da conversa noturna entre ele e o presidente da República, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), decidiu falar. E falou para dizer, com todas as letras, que não irá acatar nenhum dos 14 pedidos de abertura de impeachment contra o presidente Michel Temer. Assim, sem qualquer análise mais acurada, ele jogará na lata do lixo todos esses pedidos, inclusive, o que virá da Ordem dos Advogados do Brasil.SUMIDOSE muitos brasileiros já perceberam que dois dos maiores citados em vários processos investigatórios sobre a roubalheira revelada pela Lava Jato, os senadores peemedebistas Renan Calheiros e Romero Jucá sumiram do noticiário. As revelações de Joesley Batista jogaram na ribalta da bandalheira nacional apenas Michel Temer, Aécio Neves e aquele deputado federal paranaense. Sobre esse aspecto, esses escândalo mais recente caiu como uma luva para os campões de citação em envolvimento no recebimento de propina. E pelo menos um deles, Romero Jucá, não sai do Palácio do Planalto, assessorando o presidente a sair da enrascada onde foi metido. E parece que essa gente é competente nesse mister.LAMAE esses políticos que restaram considerados canalhas pelos indícios de recebimentos de propina, já montaram a estratégia para a disputa eleitoral em 2018. Sabedores que disputarão as eleições como expressão maior do que de pior temos em matéria de política, esses políticos tentarão puxar para a lama fétida de corrupção o maior número de possíveis adversários na eleição do próximo ano. E qual o objetivo? Ora, se os eleitores e as eleitoras ficaram convencidos de que todos são ladrões, o voto será decidido em favor de quem pode pagar por ele, na base do convicto cínico de que é melhor votar em que “rouba, mas faz”. E o pior é que tem muita gente entrando nessa onda.SEMA Parabólica recebeu cópia da planilha de contribuições financeiras – com registro na Justiça Eleitoral – à campanha da senadora Ângela Portela (PTB) para o Governo do Estado em 2014. Na planilha, não consta qualquer contribuição de empresas, locais ou nacionais, àquela campanha. Fazemos o registro por dever de consciência, especialmente, depois que um diretor da JBS disse em depoimento gravado que a empresa teria “pagado propina” à campanha da senadora “para o Senado” em 2014. Além da imprecisão dos fatos, é preciso diferenciar claramente financiamento de campanha, de pagamento de propina, esta ocorre em retribuição à prestação de um serviço sujo, como por exemplo, a venda de Medidas Provisórias.