Jessé Souza

Nao precisamos de heroi 4088

Não precisamos de herói

O ponto principal para combater o crime organizado é usar a inteligência. E não se trata apenas da inteligência do intelecto de um ou mais líderes, mas de um conjunto, ou seja, de todas as forças de segurança. Não será um “herói”, um “xerife” ou seja-lá-quem-for. É o Estado que tem de estar organizado por meio de informações municiadas pelo seu Serviço de Inteligência.

Afinal, o grande problema no enfrentamento à bandidagem é que os criminosos estão organizados, mas os governos não. Quem trabalha na imprensa sabe que o Estado de Roraima, independente do governante com a caneta nas mãos, tem um setor de Inteligência à altura de enfrentar o crime organizado por meio de informações. E tem mostrado isso diversas vezes, quando as polícias deram respostas imediatas.

Porém, combater o crime organizado exige uma ação contundente em várias frentes. Ficar bradando na imprensa, dando declaração de guerra aos bandidos não é – e nunca será – uma boa alternativa. Aliás, quem manda recado é bandido; o Estado age com inteligência e dá respostas antes, de forma preventiva, ou imediatamente após a qualquer ação criminosa, pois em uma guerra declarada quem fica na linha de fogo é a população, a parte vulnerável de tudo isso.

Não há como Roraima combater facções criminosas sem colocar ordem no sistema prisional e retomar o comando total dos presídios. Até agora, só fizeram remendos, com os criminosos sempre mostrando força, a exemplo de seguidos túneis escavados para fugas em massa e as ações quase que diárias na cidade.

O combate ao crime também precisa de cooperação ampla e irrestrita das polícias, com estrutura para trabalhar, tecnologia, armamentos à altura e viaturas que não precisem parar porque faltou combustível. Depois, é necessária a reocupação da cidade pela polícia, mostrando que a polícia está presente e tem o controle absoluto, mesmo não podendo ser onipresente.

A corrupção é outro grande mal que fere as instituições, inclusive a polícia. Não há como enfrentar os bandidos se tem policiais do lado do crime e a serviço da corrupção. É preciso uma faxina moral dentro das forças policiais para que não haja a chamada “banda podre”.

Enfim, o crime organizado exige um Estado bem organizado, sem personificação de alguém sendo apontado como “herói”. É o conjunto que precisa estar organizado, pois se o crime tem sua hierarquia bem definida, então são as forças de segurança que precisam estar unidas e estruturas. Se assim não for, haverá apenas uma guerra declarada combatendo somente as ações criminosas, e não minando o cerne do crime e suas lideranças criminosas.

*[email protected]: www.roraimadefato.com