Sua majestade, a desgraçaA figura do presidente Michel Temer é o resumo do que se tornou o País. Ao não querer reconhecer que sua situação ficou insustentável, ele só agrava o que já era ruim. A gravação de sua negociata para manter o esquema de corrupção mostra um homem que não fala palavrão, que nunca foge ao tom, usa um linguajar muito distante de qualquer fala de um cidadão comum, como se ele estivesse acima de todos, um arauto da desgraça.
Temer é uma figura das sombras e mostrou isso ao agir sorrateiramente para derrubar a então presidente Dilma como parte de uma grande conspiração (ou golpe) para livrar os corruptos da cadeia e frear a Operação Lava Jato. Não houve meias palavras quando ele disse que mataria inclusive um parente como queima de arquivo.
Seu discurso no Dia das Mulheres mostrou bem o que ele pensa como machista, inclusive com sua bela esposa “recatada e do lar”. E não demorou ao mostrar a que veio: enterrar a Lava Jato e instalar um governo que seria responsável por derrubar direitos trabalhistas e sociais conquistados ao longo dos anos sob muita luta de uma geração que inclusive enfrentou uma ditadura militar.
A propósito, Temer não hesitou em convocar o Exército nas manifestações de quarta-feira, em Brasília, fazendo lembrar os sombrios anos de chumbo. Ninguém pode se surpreender com o que pode sair de sua capa de vampiro político e social, já muito bem demonstrado nas suas conversas gravadas no maior escândalo político diante da “delação Friboi”.
Ficou amplamente documentado que ele trama dentro de sua frieza vocabular rococó. Ele quer o retrocesso para servir ao grande capital que não quer perder seus grandes lucros, nem que para isso retire os direitos da população, como o de se aposentar em vida e o de não se tornar um escravo de patrões que se arrepiam ao ouvir falar em direitos trabalhistas.
Ao decidir não renunciar, protagonizou um “Dia do Fico” revesso do que fez D. Pedro, que foi contra as ordens das Cortes Portuguesas que exigiam sua volta a Lisboa e ficou no Brasil. O povo quer que essa “majestade do retrocesso” renuncie para o bem do País, por não haver mais condições morais e políticas para ficar. Temer praticou e participou de um crime que foi documentado em áudio e vídeo. Não há escapatória.
Ao se manter no cargo, apenas agrava a situação e torna o país mais anacrônico ainda. Ninguém consegue mais prever o que vai acontecer daqui para frente, caso Temer mantenha essa postura de achar que pode provar sua inocência que só ele e seus advogados acreditam. O Brasil chegou ao fundo do poço.
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