Opinião

Opiniao 03 07 2017 4319

Os três poderes têm poder em excesso – Tom Zé Albuquerque*O crime, no Brasil, compensa. É vantajoso sobremaneira para a classe política, salvo algumas exceções, que por estarem legislando, os parlamentares criam ou engessam normas penais de autoblindagem, pois, se locupletam, se investigam e, obviamente, se absolvem. Corporativismo e preservação da espécie maior que essa não pode haver na história política mundial.

Mas, outro senhor sinistro está em evidência nesta década: a atuação da Suprema Corte de Brasil. Antes, a baixa ou falta de credibilidade no judiciário brasileiro se restringia às instâncias inferiores; no entanto, as ocorrências recentes oriundas do Superior Tribunal Brasileiro – STF, têm deixado a sociedade lúcida brasileira embasbacada. Não se sabe mais o que sustenta a ciência jurídica para aquele grupo, para onde se caberá o lastro moral, vez que a regulação das normas desta depende. Onde está circunscrito o espectro ético, vez que a sociedade honesta está em choque com várias decisões daqueles doutos?

De nada adiantam escutas telefônicas; de nada valem inúmeros depoimentos de várias fontes distintas, mas alinhadas; imagens não influem para o posicionamento das autoridades supremas. Diálogos audíveis e indiscutíveis escancaram a tipologia do crime. Malas de dinheiro cunham provas materiais. Mas, mesmo assim, a liberdade é a serventia da casa para o entendimento dos insignes magistrados. Vacari absolvido? Aécio Senador? Moures soltíssimo e lépido? Irmãos Batista impunes? Dirceu, Genuíno… processos contra o Senador Renan Calheiros (também com provas às claras) que retardam. Por quê?

O jornalista Miguel do Rosário publicou no último dia 29 texto sobre sua preocupação sobre o sorteio de Gilmar Mendes e Alexandre Moraes como responsáveis de todos os processos envolvendo Aécio Neves, Serra e Aloysio Nunes, a provocar desconfiança e escárnio por parte da opinião pública, em face de não ter havido a transparência devida nessa escolha: “O STF esconde o algoritmo do sorteio”, cita o escritor. Mencionou a pomposa frase da presidente do STF à Rede Globo: “O escárnio venceu o cinismo”. E complementa suscitando uma aberração, em a mesma Globo ter noticiado este estranho segredo ainda em janeiro deste ano, mas a informação ficou solapada. Não foi para o Jornal Nacional; não virou editorial; não apareceu na capa e, após ser publicada no blog de Lauro Jardim, foi rapidamente soterrada por toneladas de outras notícias, fulminou Rosário.

A própria escolha dos ministros do STF tem sido largamente questionada por boa parte da população brasileira, em razão de o método responder pela livre escolha do chefe do executivo, e não por concurso público, com critérios rígidos de seleção, com requisitos minuciosos. Para se ter uma ideia, o excêntrico ex-presidente Lula nomeou nada mais nada menos que 8 ministros; sua criatura, Dilma, nomeou 4 ministros. E mais impressionante, foram proclamados advogados com históricos na política com filiações partidárias, por exemplo: Nelson Jobim, Dias Toffoli e Alexandre Moraes. Evidentemente que o fato de haver atrelamento partidário e nomeação direta não configura com possível desvio de conduta ou atitudes ímprobas, mas do ponto de vista ético isso é um absurdo.

O desdém com que é tratada a nomeação de um Ministro tornou explícita na bizarra galhofa do símbolo-mor do Partido dos Trabalhadores, Lula da Silva. O ex-ministro Ayres Brito era filiado ao PT havia 18 anos (inclusive disputando eleições para Deputado e Senador pelo Estado de Sergipe) quando foi escolhido pelo ex-presidente Ministro do STF. Em 2003, o Brasil soube do nome do próximo ministro do Superior Tribunal Federal em um palanque (isso mesmo, num palanque), num discurso político em Aracaju: “Eu quero anunciar agora, em primeira mão, que este Estado vai ter um Ministro do Supremo Tribunal Federal, o advogado Carlos Ayres Brito”, anunciou o presente concedido, o pernóstico Lulão. Com deboche, o petista disparou: “Vem aqui para eu te dar um abraço”. Foi uma festa!

O problema em nosso país vai além do voto, da conta da água, da gasolina cara, do mensalão, do petrolão, do saque do BNDES, da operação lava-jato. O problema está enraizado, culturalmente entranhado. A perspectiva não é nada boa, porque depende da mudança do sistema, que é comandado pelo próprio sistema. Tá cruel!

*Administrador

Sem bagunça – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Não se pode ajudar os pobres, arruinando os ricos”. (Abraham Lincoln)Abraham Lincoln disse isso para o Congresso americano, quando ele foi eleito presidente da República nos Estados Unidos, em 1860. Faz tempo pra dedéu. Tempo suficiente para que até os tolos entendessem isso.

Por que você ainda não entendeu que está dando prejuízo ao operário quando causa prejuízo ao patrão? Ou você ainda não foi esclarecido suficientemente para saber que quando você danifica uma porta de uma repartição pública, você está causando prejuízo ao cofre público? Nem imagina que o dinheiro que vai ser gato para consertar a porta virá do imposto que você paga quando compra o pão para o seu café da manhã? Pense nisso, cara, e se manque.

O grito traduz escândalo. Só criança tola é que esperneia. E nós, que ainda pensamos que somos cidadãos, não somos mais crianças tolas. Então vamos parar de espernear. Vamos fazer o que temos de fazer para melhorar a nossa política. E só há um lugar adequado para isso: é a urna. Mas só a usaremos adequadamente quando formos realmente educados para isso. E só então seremos realmente cidadãos, de fato e de direito. Mas só há um caminho para chegar à cidadania: a Educação. E sem ela nunca seremos capazes de entender por que devemos respeitar o patrão, para que ele nos respeite.

Comecemos nossos exercícios de cidadania entendendo que o servidor público, seja ele um mero funcionário ou um governador, deputado, senador, ou seja lá o que for, não é nosso patrão. Ao contrário, ele é um servidor público, a nosso serviço e escolhido por nós. Então vamos nos educar politicamente para podermos escolher e eleger pessoas dignas e capazes de nos representar com dignidade. Ou faremos isso ou continuaremos como marionetes de despreparados para nos representar.

Vamos amadurecer, ou continuaremos sendo usados pelos nossos servidores. Continuaremos votando por obrigação, quando deveríamos votar por dever. E não iremos conseguir ser o que já deveríamos ser, sem a Educação. E esta é o princípio de tudo. E não o alcançaremos enquanto não nos valorizarmos. E só nos valorizaremos com respeito ao poder público. Porque é ele que deve cuidar do que é público. E o que é público é nosso. Ou não seremos cidadãos como nos dizem que somos, e continuaremos acreditando que realmente somos. Vamos fazer nossa parte, mas com ordem e civilidade. Não nos deixemos levar pelos bagunceiros que continuam nos usando como títeres. Cuidemos de nós para cuidarmos do nosso futuro; nosso e dos nossos, libertando-nos e nos livrando dos bandidos que elegemos por pura ignorância política. Pense nisso.*[email protected]