Opinião

Opiniao 13 07 2017 4386

A cheia do rio Branco e suas implicações – Flamarion Portela*O principal rio de Roraima está transbordando. As fortes chuvas que têm caído em todo o Estado já elevaram o nível do rio Branco para a casa dos 9 metros, um dos maiores da história.

Boa Vista e Caracaraí são as cidades mais atingidas pela cheia do rio. A Defesa Civil, tanto municipal quanto a Estadual, está trabalhando na remoção das famílias que foram atingidas pela enchente, bem como aquelas que estão em área de risco e podem sofrer com a chegada da água em suas residências.

Em Boa Vista já são quase 100 famílias desabrigadas e desalojadas, sobretudo em áreas do bairro Caetano Filho, mais conhecido como Beiral.

A Prefeitura de Boa Vista anunciou um projeto para retirada definitiva de todas as famílias que moram naquela área, para a construção de um complexo de lazer. No total, mais de 300 famílias devem ser retiradas do local e realocadas para residências do programa “Minha Casa, Minha Vida” ou serão indenizadas.

Em Caracaraí, aonde o nível do rio chegou a 9,59 metros na segunda-feira, dia 10, mais de 100 famílias já estão desabrigadas e a Prefeitura decretou Situação de Emergência.

O Governo do Estado já se mobilizou e criou um Gabinete de Emergência da Defesa Civil em parceria com entidades não-governamentais, como o Jipe Clube Roraima 4×4 e o UTV-RR, que realizam trilhas e vão ajudar na remoção de pessoas nas regiões com dificuldades de acesso ao município.

A cheia do rio traz também outra preocupação: o risco de epidemias. As pessoas que moram às margens do rio Branco estão suscetíveis a contrair doenças transmitidas por insetos, ratos e outros animais. Todo cuidado é pouco.

Para atuar diretamente na prevenção e combate às doenças epidemiológicas neste inverno, o Governo do Estado está dando um apoio extra no enfrentamento às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti em Boa Vista e outros municípios atingidos pelas cheias.

É preciso um esforço concentrado de todos, poderes público e sociedade, para minimizar os efeitos das enchentes que atingem nosso Estado.

E o cuidado também tem de ser nas estradas, tanto na Capital quanto no Interior, sobretudo em horário de chuva, como forma de evitar acidentes. Em algumas regiões do Estado, estradas foram interditadas devido a cheia de rios, o que requer cuidado redobrado.

Outro fator importante é a solidariedade. Muitas famílias perderam quase tudo que tinham e precisam da ajuda de todos para reconstruir suas vidas ou simplesmente se alimentar. A doação de roupas e alimentos é fundamental nesse momento.

A Defesa Civil informou que, apesar do alerta, o nível do rio Branco não deve chegar ao 10,28 metros registrados na cheia histórica de 2011, mas é preciso que tomemos todas as medidas de prevenção possíveis.*Deputado estadual e ex-governador de Roraima

Matança sem fim – Ranior Almeida Viana*Em meio à semana das comemorações do aniversário de 127 anos de nossa capital Boa Vista, as notícias do trânsito da cidade chocam, uma mais que a outra. Por conta disso, as principais manchetes não poderiam ser diferentes, a capa da Folha de Boa Vista de sábado (08/07/17) foi “Mais um jovem morre em acidente de carro e moto”. No vídeo que está disponível no www.folhabv.com.br é visível que aquele carro não estava com os 70 Km/h como foi informado pelo condutor à autoridade competente, conforme a matéria. Se, pelo menos, os pardais instalados funcionassem na Avenida Ville Roy, coibiria o pé pesado dos motoristas.

Na capa do principal Jornal local de segunda-feira tem uma notícia na parte inferior da capa que dizia “Idosa morre após ser atropelada em parada de ônibus” e quem vê a foto da matéria percebe o quanto é alta a calçada e que a senhora não tinha segurança no local indicado a quem precisa de condução. Dessa senhora me recordo das várias vezes que ia visitar um irmão no bairro São Bento e ela sempre nos cumprimentava saudosamente.

A capa de anteontem é mais precisa no que se refere a estes acontecimentos e outros com o título: “Assassinato e morte no trânsito marcam o fim de semana na capital” (11/07/17), nesta mesma edição é informado que os dois casos além de terem sido instaurados os inquéritos, estão “bastante adiantados”. Com brilhantismo e de forma para nos fazer refletir, a Editoria de Cidade trouxe uma matéria com o seguinte título: “Número de condutores bêbados no trânsito cresce quase 20% na Capital” (11/07/17). A legislação a respeito destes crimes de trânsito tem que ser mais dura, além de tipificar os casos. Como diz a psicóloga Jucilene Kipper tem que acabar com esse “pagou a fiança e pronto”.

Embora tenham acontecido em locais distintos da cidade, têm suas semelhanças, além da alta velocidade, em nem um dos casos foi se prestado o socorro às vítimas pelos condutores responsáveis. Outra similaridade nos casos é que ambos se apresentaram no 1° Distrito Policial, acompanhados de seus respectivos advogados.

Por fim, aos que gostam de fazer tratamento com gelo via oral (goró) e depois dirigir, chamem um táxi, agora tem o Uber também, ou combinem com o motorista da rodada (o que não bebe, mas leva os amigos bêbados). Externo aqui o sentimento de solidariedade para com as famílias que estão passando por esta dor da perda. *Licenciado em Sociologia – UERR, Bacharelando em Ciências Sociais – [email protected]

Sem ele, nada feito – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Os que não erram não experimentam; quem não experimenta é um estacionário; o estacionário é necessariamente um temeroso; o temeroso indiscutivelmente não acredita em si mesmo, muito embora só raramente admita isso.”De que adianta ter medo de errar? Isso, por si mesmo já é um erro. Quem tem medo de errar já está errando. O medo não leva você a lugar nenhum, a não ser ao fundo do poço. E é aí que você vai se dar mal porque não aprendeu a subir o barranco. Mas tenha cuidado. O erro voluntário pode ser perigoso. O importante é que você esteja sempre preparado para o que vier. E sem medo. Lembre-se sempre de que os covardes e os cachorros sabem quando você está com medo deles. Nunca demonstre medo. Esteja sempre preparado para os trancos. Eles fazem parte da vida. São eles que nos amadurecem. Quando sabemos encarar os problemas eles deixam de ser problemas.

A vida é um pandeiro sem fundo. Os sambistas de antigamente falavam isso. O importante é que saibamos bater no pandeiro independentemente de ele ter fundo ou não. Porque é assim que encaramos os trancos para poder viver a vida. Não podemos viver com felicidade, presos ao passado. Do passado só devemos trazer o que nos fez feliz. Pensamentos negativos nos prendem a um passado negativo. E por que reviver o que deveríamos esquecer? Tudo que nos acontece na vida faz parte da vida. Cabe a cada um de nós saber levá-la como ela deve ser levada, mesmo porque ela está nos levando.

Dei uma paradinha, ainda há pouco, para dar uma olhada no tempo, pela janela. Um dia mais preguiçoso do que eu. Monótono, nuvens cobertas por nuvens de água. Rua coberta de lama e sem movimento. Um dia que meu pai chamaria de dia azedo. Não sei por que ele falava isso, mas falava. E eu gostava pra dedéu. E fiquei pensando: como será que vai ser o dia hoje? Olhei pro meu espelho interior e me perguntei: e daí? Sentei-me aqui, ao computador, liguei o som numa coleção de clássicos e estou me deleitando. Acabei de ouvir “Summartime”. Pode haver coisa mais deliciosa do que você ouvir uma canção de niná numa música clássica, num dia chuvoso e preguiçoso?

Depois que ouvi a música lembrei-me de um episódio de que já falei por aqui. Naquele dia em que eu ia pela Rua Barão de Itapetininga, em Sampa. O dia estava exatamente como o de hoje. Na minha frente ia um garoto de rua. Devia ter uns dez ou doze anos de idade. Caminhava lentamente e assobiava o clássico, “Claire de lune”. Uma das músicas que mais me emocionaram, desde minha infância. E aquele garoto-de-rua emocionou-me.  A vida é boa ou má, dependendo de como você a vê. Pense nisso.*[email protected]