Um Deus contido? – Walber Aguiar*
Ele simplesmente é…
Deus não cabe num tubo de ensaio, numa mente que não chega a usar nem dez por cento de seu potencial. O Eterno não se deixa capturar pela fragilidade, pela superficialidade, pelo pensamento infinitesimal do ser que tece que elabora que argumenta acerca da humanidade divina e da divindade humana de Jesus, bem como das teodicéias utilizadas para culpar Deus pelo mal no mundo, pelo sofrimento e seus desdobramentos sociais e psicológicos.
Ora, mesmo o sistema filosófico não serve de modelo aferidor, pelo fato de conter racionalismos. Ora, os ismos são a hipertrofia de tudo que se desvia de seu curso mais amplo. O místico, por exemplo, é extremamente viável, quando argumentado dentro de uma perspectiva mais abrangente. Já o misticismo é o apequena mento do místico, a redução de algo que satisfaz à doutrinação e ao modus vivendi de quem, mesmo querendo conduzir à verdade, conduz ao engano. Essa hipertrofia da racionalidade, o racionalismo, diminui, encurrala, afunila Deus.
O eterno não existe; porque tudo que existe pode conter e ser contido, passando assim, a ser um objeto, algo objetalizado, criado dentro de categorias finitas, sob a perspectiva das limitações científicas, filosóficas e religiosas. Assim, nenhum sistema tem a capacidade de enxergar o Deus que é; podendo ver apenas um Deus que existe, que pode ser medido, mensurado pela mente humana e suas limitações.
Desde esse ponto de vista, arrisca-se dizer que o Sagrado não criou marionetes, mas pessoas dotadas de livre arbítrio, ou livre determinação da vontade humana. Seria muito mais fácil ter criado seres autômatos, teleguiados, robozinhos de sua vontade. Aí os que hoje criticam e questionam a livre vontade, usariam o argumento de um Deus tirânico e castrador, impiedoso e despropositado.
No entanto, embora tenha dotado o homem de vontade própria, de liberdade de escolha, nada impede os planos de um Deus cujos pensamentos são mais elevados que os nossos. Podemos planejar também, mas os planos de Deus não podem ser frustrados por aquilo que fazemos ou deixamos de fazer, pensamos ou deixamos de pensar.
Deus não pode ser medido, concebido por nossas categoriazinhas de pensamento, nosso racionalismo árido e sufocante, limitado e cartesiano. Ele não existe, a partir dessas categorias que o reduzem, encurralam e o moldam nas formas do pensamento hermético e afunila dor… Ele simplesmente é…
*Poeta, advogado, historiador, professor de filosofia, conselheiro de cultura e membro da Academia Roraimense de Letras.
Politicalha ao revés – Marlene de Andrade*Quem semeia a injustiça colhe a maldade; o castigo da sua arrogância será completo. (Provérbios 22:8).
Não dá para entender o motivo de nós brasileiros termos que pagar a conta oriunda da corrupção de políticos bandidos e infratores da lei. Eles se apropriam do dinheiro público e fica tudo por isso mesmo? O Temer aumentou o preço do combustível irresponsavelmente, o que além de ser ultrajante é imoral e esse presidente ainda tem a coragem de declarar o seguinte: “A população entenderá o aumento da tributação sobre combustíveis”.
Como entender tamanha insensatez e esse assalto aos nossos bolsos? Mais uma vez é o povo que é prejudicado. E o pior é que não tem Moros da vida para dar jeito em tanta falta de vergonha e escrúpulo por parte da maioria dos políticos brasileiros. Falta pouco para virarmos uma Venezuela.
A propósito cito as palavras do meu amigo no facebook, Carlos Assunção, o qual colocou a seguinte mensagem em sua página principal: “Demissão de parasitas do serviço público, corte de mordomias, fim dos super salários, cobrança e execução de dívidas de grandes devedores da união, inclusive de países que levaram bilhões do BNDES, revisão de contratos de obras públicas superfaturadas, fim dos privilégios do judiciário e do legislativo. Essas e outras medidas ajudariam a diminuir o déficit público, mas como não temos governo há muitos anos em nosso pobre Brasil, apenas quadrilhas organizadas para saquear os cofres públicos, com os olhos vendados de magistrados indicados pelos ladrões, resta jogar a conta no bolso do trabalhador, carinhosamente chamado de ‘contribuinte’”. Aqui dá para perceber claramente que esse brasileiro, Carlos Assunção, como tantos outros patrícios, inclusive eu, não somos idiotas para engolir goela abaixo tamanha insensatez do Temer e seus asseclas. Sei que ele é o Presidente do Brasil e por isso merece todo respeito por parte de todos nós, mas ficarmos calados diante de tanta injustiça é impossível.
Os corruptos têm que devolver o dinheiro que eles se apropriaram vergonhosamente de nosso país a fim de cobrir os rombos que eles mesmos fizeram na economia brasileira, todavia fazem o quê? Aumenta os nossos impostos, o que se torna um verdadeiro rombo no bolso do brasileiro.
Dizem que quando o Presidente da República deixa o cargo herda o seguinte: carro de luxo, gasolina à vontade e alguns funcionários à disposição do mesmo. Se isso é verdade eu não sei, mas de uma coisa todos nós sabemos, nenhum deles sai da presidência pobrezinho. Aliás, são raros os políticos que deixam o mandato pobre e desprotegido. Nós brasileiros é que estamos a ponto de sucumbir devido a tanta corrupção.
*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT
O berrezo de ouro – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A experiência aumenta a nossa sabedoria, mas não elimina as nossas tolices.” (Leon Tolstoi)Foi um domingo felicíssimo, no casamento da Juracy com o Carlos. Mas falarei disso depois que a memória descansar um pouco. Mesmo porque assisti a um episódio engraçado, pela manhã de ontem, com um Mestre encontrando dificuldade para pronunciar a palavra “mestre”. Parece tolice, mas momentos simples assim sempre me levam a belos momentos de minha infância. Não sei se você vai acreditar, mas eu tenho mais de cinco mil matérias, aqui no meu arquivo. E nem sempre me lembro de qual a que escrevi ontem. Por isso não me censure se eu já tiver falado do assunto de hoje.
Eu tinha pouco mais de doze anos de idade. Em frente à minha casa tinha uma igreja evangélica. Eu a frequentava sempre que o culto estava mais ativo. Sempre fui curioso nesses momentos. Naquela época as igrejas evangélicas eram muito visitadas por pastores norte-americanos. Naquele domingo estava presente um visitante norte-americano. E, naturalmente, eu estava lá. E não resisti àquele momento. Por isso nunca o esqueci, mesmo com sua simplicidade.
O pastor fazia a pregação, com a bíblia. De repente ele falou:
– …e Moisés avistou o BERRESO de ouro.
Sempre fiz isso ingenuamente: virei-me para o público, e garanto, todo mundo segurava o riso com muita dificuldade. O pastou olhou para todos com surpresa. Mas o auxiliar o corrigiu:
– É bezerro, pastor.
O pastor olhou para a bíblia e repetiu vagarosamente:
– Moisés avistou o BERRESO de ouro.
Todos seguraram o riso, mas eu nunca sou tão eficiente nesses momentos, mas dei um de esperto: saí de mansinho e fui rir em casa. Mas antes de sair ouvi o pastor falando:
– Bem… Vamos continuar.
Você costuma se lembrar de momentos felizes da sua infância? Eles existiram. E se existiram deveriam ser guardados na memória para lhe trazer felicidade em momentos, muitas vezes não agradáveis. Mas o mais importante é você não se deixar influenciar pelos desagradáveis. Aí você só se lembrará dos agradáveis com felicidade. A dificuldade daquele Mestre em pronunciar a palavra mestre não é nada interessante, mas me trouxe lembrança interessante de minha infância.
Provavelmente ninguém prestou atenção ao episódio singelo do Mestre. E porque deveria prestar atenção? A menos, claro que lembranças estejam acumuladas na sua memória, sadiamente, claro. Procure viver o dia de hoje como ele deve ser vivido. Com amor, amizade, sinceridade e muito respeito. Porque é por essa vereda que chegamos ao caminho da imunização racional que é o caminho aberto à racionalidade. Pense nisso.