Sinal vermelho 4474

Sinal vermelho Em 1987, o então Banco do Estado de Roraima (Banroraima), que faliu anos depois devido à corrupção dos políticos da época, mantinha um programa chamado “bancário aprendiz”, em que alunos do ensino médio das escolas públicas eram convidados a fazer um seletivo para trabalhar naquela instituição bancária.

Todos os adolescentes da época que passaram nesse seletivo hoje estão bem colocados no mercado de trabalho, graças a esse projeto do Banroraima. Os estudantes faziam cursos preparatórios nas áreas de matemática, contabilidade, economia e recursos humanos antes de começarem a estagiar.

Como tudo que dá certo em Roraima é fadado a acabar, esse programa morreu junto com o banco, que foi extinto e seus servidores até hoje tentam um enquadramento na União por terem sido largados por causa da falência da instituição (frisando: falência por causa do ataque sucessivo dos corruptos aos cofres do banco).

Até hoje, nunca mais se viu uma instituição pública investindo nos jovens e adolescentes, por meio do programa “menor aprendiz”. Um programa semelhante até chegou a existir no município, chamado Guarda Mirim, o qual também foi extinto há um certo tempo, pois, afinal, tudo que é bom em Roraima tem prazo de validade.

Sem investimento na infância e adolescência, o resultado é este que estamos vendo: jovens envolvidos no tráfico de drogas, jovem sendo executado porque trocou de facção criminosa, adolescentes que integram quadrilhas de assaltantes e infratores tutelados pelo Estado sendo batizados pelo crime organizado.

Fora algumas instituições que têm ações voltadas para jovens e adolescentes, os governos locais não dispõem de programas que deem atenção a esse público, no qual repousa a esperança de um futuro promissor para o Estado. Se os adolescentes estão se envolvendo cada vez mais cedo com a criminalidade, isso significa uma realidade muito sombria para a nossa sociedade.

Não só o setor público, mas a iniciativa privada também pode assumir essa responsabilidade de investir no programa menor aprendiz (inclusive existe lei amparando isso). Afinal, se o jovem de hoje está sem perspectiva, obviamente que ele é um alvo fácil para o crime organizado ou não.

Resta constatar que o Estado está perdendo esse confronto com o crime. Se não houver investimento na juventude, tanto por parte dos governos quanto da iniciativa privada, estaremos alimentando uma legião de gente desocupada, que irá engrossar a pobreza e a violência urbana, além de alimentar as fileiras das facções criminosas. O sinal vermelho está ligado há tempos. Mas quem liga para isso?*[email protected]: www.roraimadefato.com.br