Aceitar, mas não se acomodar – Vera Sábio*Começamos a perder desde o momento em que nascemos, por isso o sofrimento se instala quando não aceitamos. Todavia, a aceitação nada tem parecido com acomodação. Aceitar não é se acomodar. Aceitar acontece quando não tem como reverter uma situação, mas conseguimos superá-la cada vez mais, independente do problema em que nos encontramos, já que nunca nos acomodamos diante dele.
Perdemos a cada instante: perdemos o útero aconchegante e seguro da mãe quando nascemos. Perdemos a segurança, conforto, manutenção e proteção dos pais quando começamos a andar sozinhos, trabalhar para nos sustentar e aprender com nossos erros. Perdemos saúde para ganhar dinheiro e perdemos dinheiro para buscar novamente a saúde.
Perdemos amores, perdemos pessoas, perdemos tempo, perdemos trabalho, e as vezes perdemos até mesmo a esperança. Enfim, a cada dia perdemos o presente ao chegar em um futuro desconhecido, onde é preciso continuar, e isto só é possível se aceitarmos nossa realidade e fizermos de cada dia o melhor momento de aprendizagem, com muita luta e sem acomodações frente os obstáculos que a vida nos impõe.
Pois, perder não é o fim, principalmente quando entendermos que ninguém e nada é definitivamente nosso. Assim a perda pode ser o recomeço de um presente bem melhor, que somente será enxergado a partir de nova conquista. Conquista esta adquirida no momento da aceitação, como nos diz a prece da serenidade.
“Deus nos dê paciência para aceitarmos as coisas que não podem ser mudadas. Coragem para mudarmos as coisas que podem ser mudadas e sabedoria para percebermos a diferença…”
Assim sejas forte e corajoso para se incomodar com as injustiças, com a desonestidade, com as corrupções e com as omissões. Não espere acomodado que os outros façam algo de bom, seja cada um de nós, a dar o 1º passo rumo à verdade, justiça e a paz. No entanto, aceite sua condição menos privilegiada, suas características limitadas, sua deficiência física ou sensorial e tudo que realmente não pode ser mudado pelo menos em um período curto, não se deixando abater, mas fazendo a diferença com aparte que lhe cabe.
Não arrume justificativas para não fazer o certo, tenha fé, coragem e persistência para se lapidar. Acreditando que o pouco com Deus é muitos e o muito sem Deus é nada.
*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e [email protected]
Uma grande imoralidade em curso na República – Júlio César Cardoso*Independentemente de que partido seja o indiciado, o Brasil não pode ser administrado por elementos indecorosos ou que seja flagrado em conversas, combinações ou negócios ilícitos, como ficou sobejamente demonstrado nas gravações feitas por Joesley Batista-JBS com o presidente da República Michel Temer, em que o visitante foi recebido pelo presidente, na calada da noite, com a liberdade que sempre o empresário transitou nos descaminhos da República.
É muito decepcionante ao país, em tão pouco tempo, testemunhar os três últimos mandatários serem atingidos por graves denúncias de maus comportamentos no exercício presidencial. E aqueles que só viam defeitos nos representantes do PT, agora têm que conviver com as revelações bombásticas das relações promíscuas de Michel Temer com Joesley Batista.
O país precisa ser passado a limpo. A governabilidade positiva de qualquer dirigente ou o alegado resultado recuperador da economia não podem servir de pretexto para a sociedade contemporizar ou inocentar um presidente corrupto ou que não tenha se comportado com a decência esperada de um representante-mor da República.
Assim como e pelas razões jurídicas foi cassado o mandato de Dilma Rousseff, da mesma forma o Congresso Nacional tem que ter critério equânime para de fenestrar Michel Temer. Pois pau que bate em Chico também tem que bater em Francisco.
Agora, o que é vergonhoso mesmo é o país assistir ao desplante pessoal de Michel Temer, ou através de sua tropa de choque, de sair a campo para cooptar partidos e políticos visando a compor maioria para impedir denúncia contra ele na Câmara, e tudo isso regado a troca espúria de favores, o famoso toma lá, dá cá: distribuição de verbas públicas e cargos a rodo.
E para completar a encardida safadeza, tem-se notícia de que Temer pretende exonerar ministros licenciados da Câmara para votar contra a denúncia na Casa. Aliás, os ministros licenciados da Câmara são todos biltres traidores dos eleitores, pois, depois que se elegeram, deram uma banana ao eleitor para servir ao governo.
*Bacharel em Direito e servidor federal aposentadoBalneário Camboriú-SC
Sempre eu; não é Quintella? – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Tudo quanto está de acordo com as leis naturais é possível.” (Paracelso)E o impossível continua acontecendo comigo, e por isso não me atormento mais. O que cometo de gafes com meu acúmulo de esquisitices não tá no gibi. Acham que estou brincando quando digo que tenho, pelo menos, seis qualidades que toda mulher deseja num homem: sou pequeno, magro, feio, pobre, antifotogênico, e um péssimo fisionomista. E só isso por enquanto. Por isso me faça um favor: mesmo que tenhamos batido um papo hoje, quando me encontrar amanhã não se amofine se eu não o cumprimentar. É um dos maiores vexames que passo. E ainda sou espalhafatoso.
Semana passada vivi um dos momentos mais agradáveis da vida. Fomos, a dona Salete e eu, padrinhos de casamento de um casal muito querido. A Juracy e o Carlos. (Vou mencionar só os prenomes por uma questão de intimidade sadia). Depois da cerimônia do casamento, fomos festejar numa comemoração agradabilíssima. Muito divertida numa ordem maravilhosa. E foi aí que me apresentei.
Minha netinha, Melissa estava conosco à mesa. De repente ela colocou alguns objetos sobre a mesa e foi brincar com uns coleguinhas. Quando olhei, o relogiozinho de pulso estava sobre a mesa. Peguei o relógio e o coloquei no bolso. Só quando cheguei a casa foi que percebi que não tinha devolvido o relógio. Liguei pra minha neta. Ela já estava dormindo. Mas no dia seguinte teríamos um almoço em comemoração ao casamento. Fiquei tranqüilo porque nos encontraríamos lá. O almoço foi na casa do casal maravilhoso, Tavares e France. Dois amigos queridos e um ambiente maravilhosamente aconchegante.
Chegamos à casa do Tavares, procurei minha netinha, mostrei-lhe o relógio e falei feliz:
– Olha só o presente que eu lhe trouxe.
Ela me olhou e franziu a testa. Já cismado perguntei:
– Não é seu relógio?
– Não, vô. Esse relógio não é meu, não!
Aí cara, tremi na base. Eu tinha roubado o relógio de alguém pensando que fosse de minha neta. Controlei-me e gritei para dona da festa:
– France… Pelo amor de Deus, me tire dessa encrenca!
– Qui foi seu Afonso?
– Pelo amor de Deus, me descubra quem é o dono desse relógio que levei pra casa pensando que fosse da Melissa.
Ela riu gostosa e falou como se estivesse esperando o ocorrido:
– Não, seu Afonso, esse relógio é da dona Joana. Ela sabia que ele estava com o senhor.
Eu não sabia se riria ou se cobriria acara com vergonha, sem saber se a dona Joana pensou que tinha roubado o relógio dela. Mas ela veio e me abraçou:
– Obrigado, seu Afonso, eu sabia que o senhor ia guardá-lo.
Abração do tamanho do mundo a Juracy e Carlos. Pense nisso.