Bom dia,Faz uns quinze anos, o ex-governador de Mato Grosso, Júlio Campos, um mato-grossense de forte sotaque local, disse ao então deputado federal roraimense Salomão Cruz, que Roraima só tomaria o rumo do desenvolvimento quando a elite que decide sobre a Economia, a Política e a Justiça estadual fosse ocupada por gente com vontade de morar no Estado, e especialmente dependente da situação estadual para tirar seu ganho e sustento. Enquanto essa elite fosse formada por gente que apenas passa uma chuva no Estado, mesmo que a permanência tivesse a duração de alguns anos, Roraima, como Mato Grosso por várias décadas, seguiria como uma sociedade e uma economia anêmicas.
O passar dos anos parece demonstrar que o ex-governador Júlio Campos, hoje deputado federal por aquele Estado, tinha muita razão. De lá para cá, Mato Grosso passou a ser governado por gente de lá – Dante de Oliveira, Carlos Bezerra e Júlio Campos, só para lembrar alguns nomes – e foi transformado num pólo agroindustrial que o coloca como um dos mais desenvolvidos do País. Enquanto isso, Roraima continua acorrentado à famigerada economia do contracheque chapa-branca. É, na essência, um Estado de ficção, do ponto de vista econômico, formado por quinze municípios também obras de ficção política.
Muitos, sobretudo os movidos pela má-fé, vão dizer que estas reflexões da Parabólica são frutos de um regionalismo inaceitável, o que é absolutamente imbecil. Na verdade, o que se pretende não é exigir certidão de nascimento, mas que nossa elite governante, de todos os poderes e setores, tenha uma conduta de querer fazer de Roraima sua moradia permanente, e não uma espécie de acampamento, uma passagem onde se junta dinheiro para gastar naquela terra onde pretendem fazer a vida. Isso implica, essencialmente, em valorizar as nossas coisas.MOUCOA governadora Suely Campos (PP) tentou ontem, de novo, sensibilizar o Governo Federal, inclusive o Presidente da República. Michel Temer (PMDB), que recebeu maciço apoio dos deputados federais do Estado, para com os problemas gerados pela enorme onda de migrantes venezuelanos que chegam todos os dias a Roraima, tangidos pela miséria que se instalou naquele país. Até agora, o governo estadual – e dizemos isso por fidelidade aos fatos – tem trabalhado solitariamente para minimizar a tragédia, que está aos olhos de todos. Apesar da crua realidade, até agora o Governo Federal tem feito “ouvidos moucos” aos apelos que lhes são dirigidos.INDIFERENÇAUm dos nossos redatores ficou estacionado por quinze minutos na frente de uma movimentada farmácia de Boa Vista. À porta do estabelecimento, uma mulher venezuelana, com uma criança de algo em torno de três anos de idade no colo, postava-se sentada – com ar de sofrimento, cansaço e fome – na porta. Neste intervalo de observação, entraram na farmácia 18 clientes e 16 deles passaram pela pobre mulher com total indiferença aos apelos dela. Só dois clientes pararam para observá-la e deram-lhe algumas moedas. É igual à indiferença do Governo Federal, responsável maior por uma política de acolhimento dessa gente sofrida.ROMBOO rombo das contas públicas vem aumentado muito mais no governo Michel Temer do que nos tempos da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A torneira do Tesouro nacional está totalmente aberta e liberando montanha de dinheiro para os aliados do presidente, sejam os do Legislativo ou dos governos estaduais e municipais. Sem qualquer critério de prioridade. E ninguém é contra o atendimento de estados e municípios, desde que os órgãos de fiscalização atentem para a utilização desses recursos para o financiamento das campanhas do próximo ano. As lavanderias estão a todo vapor.SERÁ?E a novela do Assentimento Prévio do Conselho de Defesa Nacional (CDN), que permitirá ao Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima) começar a emitir títulos definitivos em oito glebas já transferidas ao Estado, continua. Faz mais de quatro meses que o processo totalmente formalizado foi enviado para Brasília e até hoje só silêncio. Será possível que até no CDN, um órgão que deveria ser eminentemente técnico, prevalece a política de criar obstáculos para governos estaduais que tenha na oposição políticos poderosos ligados ao Palácio do Planalto? SUFRAMAO Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, estará em Roraima nesta quinta-feira, 10, para presidir a 280ª reunião ordinária do Conselho de Administração da Suframa, que será realizada a partir das 9h30, no Palácio Senador Hélio Campos. O superintendente da Suframa, Appio Tolentino, e a governadora Suely Campos (PP), também estarão presentes. A pauta tem 41 projetos industriais e de serviços, sendo 13 de implantação e 28 de atualização, ampliação ou diversificação do Pólo Industrial de Manaus. Juntos, os projetos somam investimentos totais de US$ 317,8 milhões e estimam a geração de 1.727 empregos ao longo dos próximos três anos. Tudo para beneficiar, mais uma vez, o Parque Industrial de Manaus (PIM). PUXÃO DE ORELHAOntem, ao anunciar a suspensão da portaria do presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Titonho Bezerra, que previa a terceirização dos serviços de vistoria nos veículos, a governadora Suely Campos deu um puxão de orelha na diretoria daquela autarquia: disse, sem rodeios, que ninguém no governo tem autorização para aumentar taxas e onerar os serviços públicos para a população sem sua autorização.