Opiniao 15 08 2017 4583

Crônica da saudade paterna – Walber Aguiar*Meu pai sentia o que eu sinto agora, depois que cresci…

Um dia tive um pai. Aliás, tenho até hoje. E amanhã de manhã (Dia dos Pais) ele acordará comigo. Me chamará de colega e iremos juntos à feira. Na banca de dona Adalgisa, comeremos uma panelada com mocotó, compraremos um frango assado no Big Star.

Depois do almoço ele sentará na cadeira de balanço e contará as velhas histórias repetidas com o entusiasmo de sempre. No melhor da conversa, ele fechará os olhos e se entregará aos cochilos da tarde morna e ventilada. Aí passarei a mão em seus cabelos e sairei de fininho pra não acordá-lo.

Papai Genésio vai viver sempre aqui dentro. Vai viver naqueles passos lentos que plantavam milho e feijão verde no quintal, que me levava ao circo na “cacunda”, que andava pela Coronel Mota segurando a sagrada caixa do trombone. Também na lembrança da tabuada de multiplicar perguntada a mim e a Cleres, nas lapadas de cinturão, nos bolos de palmatória, nas caminhadas ao Bradesco, na amizade com Carlinhos Freire, nas conversas com o tio Arigó, Zé Chico, seu Valdecir, dona Iolanda, seu Chico Cunha, Lauriston e com quem quer que encontrasse no caminho da feira de São Francisco.

Enfim, eu tenho um pai, e sinto sua ausência-presença nos dias mais festivos, nas noites mais tristes, nas tardes mais tediosas. Um pai que olhava a criança Creyse no bercinho, que repartia a farofa de ovo comigo de manhã, à mesa. Carrego comigo a lembrança da banda “Furiosa”, pois ali aprendi que a vida podia ser tocada, festejada, celebrada.

Aprendi com ele a ser bom e a ser simples, embora a realidade nos empurre na direção de uma “felicidade” consumista, isolada e extremamente individual. Eu tenho um pai que sentiu a minha dor quando me perdi nos “labirintos” confusos e herméticos de Manaus. Um pai que me abraçou durante meia hora, tamanha era a saudade, a carência e o medo que enxergava em meu olhar.

Um pai que me ensinou a orar, a rezar o credo e a amar de modo intenso as mulheres, sem reservas e sem falso moralismo. Ensinou-me que a feira era o lugar do diálogo, que o lar era a geografia do aconchego e do encontro com os outros e consigo mesmo. Jairo, filho do seu Figueiredo, o chamava de maestro. Sim, pois ele aprendeu com o tempo a reger a grande orquestra da vida. Professor que era, ensinou que o simples é um caminho por onde passam os pés da felicidade, que o respeito e a dignidade são inegociáveis.

Eu tenho um pai que me fez ressuscitar dos vales mais profundos da depressão e de uma espiritualidade adoecida. Que caminhou comigo a segunda milha, que tocou profundamente a minha alma e me ensinou que a vida pode recomeçar sempre. Depois de tudo o que com ele vivi, com amigos e irmãos, mãe e outros, descobriram que não tive apenas um pai, tive o maior amigo que a vida me deu.

Um dia tive um pai. E ele continuará comigo para sempre…*Poeta, professor de filosofia, historiador, Conselheiro de Cultura e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]

Para tudo existem leis – Marlene de Andrade*A tua justiça é eterna, e a tua lei é a verdade. (Salmos 119:142)

Existem regras, que obrigam ou desobrigam as empresas contratarem Técnico de Segurança do Trabalho e Médico do Trabalho. Essas regras quem as deu foi o Ministério do Trabalho e Emprego/MTE. Também existem regras para contratação de outros profissionais do mundo do trabalho como, por exemplo, entre outros, Enfermeiro do Trabalho. Sendo assim, toda vez que um empregador estiver pensando em contratar um trabalhador dessas áreas, deve primeiro ir ao MTE para se certificar se está obrigado a fazer essa contratação, ou então solicitar uma consulta a um profissional habilitado.

Aqui em Roraima são poucas as empresas que possuem a necessidade de contratar Técnico de Segurança do Trabalho ou qualquer outro profissional da área de saúde ocupacional pela CLT, porém que fique claro que mesmo não precisando contratá-los, todo empregador precisa terceirizar os serviços de um Técnico de Segurança e também de um Médico do Trabalho e isso quem deixa claro é a legislação vigente.

Outro ponto importante que todo empresário deve saber é que Técnico de Segurança do Trabalho não é babá dos empregados da empresa. Portanto, não precisa contratar esse tipo de profissional para que o mesmo fique vigiando os trabalhadores a fim de que eles não sofram acidentes de trabalho. Trabalhador não é criancinha e se receberem corretamente instruções acerca dos eventuais perigos existentes dentro da empresa e usarem o Equipamento de Proteção Individual/EPI, exigido por lei, de forma correta, através de palestras, dificilmente sofrerão acidentes de trabalho. Nessa linha de raciocínio há até quem diga que acidentes não existem, mas ao contrário, são provocados, muitas vezes por ignorar a prevenção dos mesmos.

Portanto, cabe ao Técnico de Segurança do Trabalho e ao Médico do Trabalho, entre outras funções, conscientizar os trabalhadores dos riscos que eventualmente podem enfrentar no seu local de trabalho. Todavia, para que essa conscientização ocorra, basta o empregador terceirizar os serviços desses profissionais para que os mesmos, através de algumas palestras, instruam os trabalhadores como devem se comportar dentro de sua área de trabalho, evitando assim sofrerem acidentes de trabalho que poderão deixar sequelas irreversíveis e até mesmo levar o trabalhador à morte.*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT Técnica de Segurança do Trabalho/IEL-SENAI

Nada de saudosismo – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega pelos olhos.” (Bob Marley)Só sente saudade quem foi feliz. Então não há por que se encabular quando estiver lacrimejando. Essa de “o homem que é homem não chora” é a maior cafonice da paróquia. A dona Salete sempre me viu como um cara fingido que quer mostrar que não tem sentimentos. Se ela souber que estou falando isso, vai me deixar sem almoço, hoje. Por isso só irei pegar o jornal depois do almoço. Mas voltemos ao sério.

A verdade é que pareço mesmo um cara desprovido de sentimentos. Mas só eu sei como sou sentimental. A confusão está no meu preparo dentro da racionalidade. Sei que tudo que há de ruim e de bom faz parte da vida. Então, cabe a cada um de nós saber escolher o que lhe convém. Quando encaramos os acontecimentos como parte da vida, aprendemos com eles. O importante é que saibamos o que definir entre o bom e o mau, o bem e o mal. O que nos torna responsáveis por nós mesmos. E é aí que aprendemos a dirigir nossas vidas, no timão da racionalidade.

Senti tudo isso no dia dos pais. Comecei o dia meio carrancudo. Sempre achei que tais comemorações não vão além de interesses comerciais. Mas os filhos, netos e bisnetos começam a chegar para festejar. Aí a carranca vai caindo fora e o sentimento, ou sentimentalismo, que eu tanto desprezo, começa tocar minha orelha; que começa a coçar, porque aquele cara que fica sentado no meu ombro esquerdo começa a cutucar. E é no cutucar que ele me desperta para a beleza da vida em família. Da felicidade que está no ambiente familiar, desde que ele tenha sido construído com amor e respeito. Aí me entroso. Vivo cada momento da vida naqueles momentos, como se eles fossem o último.

E foi isso que vivi. Senti saudade de momentos que me fizeram feliz. E a felicidade é indestrutível. Você pode esquecê-la por algum tempo, mas vez por outra ela volta em forma de saudade. Tudo depende de como você a recebe. Então seja inteligente e não desperdice seus momentos de felicidade, mesmo que eles lhe pareçam sem importância. Porque são eles que lhe dão importância e não você a eles. E comece por não levar esse papo como insignificante. Laudo Natel disse que: “Saudade é a presença da ausência.” Não desperdice nela a ausência do que lhe fez feliz em certo momento.

Que futuro você está construindo hoje, para vivê-lo na saudade amanhã? Sinta-se feliz nos momentos de saudade. Se chorar, chore com amor. Reviva cada segundo na lembrança do passado feliz. Não importa o que você estiver comemorando. O que importa são as recordações da felicidade. Pense nisso.*[email protected]