Jessé Souza

Chegamos a encruzilhada 4665

Chegamos à encruzilhada Os países mais ricos do mundo até hoje não conseguiram apontar uma solução para o êxodo de populações que migram em massa fugindo de seus países por causa das guerras, da miséria, das perseguições religiosas e políticas. Nos Estados Unidos, por exemplo, até um muro foi prometido na campanha eleitoral, mas não será nada fácil cumprir tal empreitada para conter os imigrantes.

Porém, em Roraima, as redes sociais apontam que os cidadãos desse Estado já têm uma fórmula pronta na ponta da língua, ou seja, na ponta dos dedos, dentro de seus quartos refrigerados, na mesa de bar ou no banco de suas igrejas cristãs apontando o dedo em nome de Deus.

O que chama a atenção é que, não faz muito tempo, os internautas roraimenses se derretiam em lamentos por causa da crise humanitária enfrentada pelos imigrantes e refugiados da Ásia e da África, em especial os sírios, afegãos , somalis e nigerianos, que tentam recomeçar a vida em país da Europa.

Em 2015, esses mesmos internautas adotaram a imagem do garoto Aylan Kurdi, o menino sírio-curdo de 3 anos que morreu durante a viagem da Turquia para a Grécia, que se transformou em um símbolo da tragédia dos refugiados do Oriente Médio. Os memes de lamento e pena foram compartilhados à exaustão.

Dois anos depois, esse sentimento solidário aos refugiados do Oriente Médio foi impactado pelos refugiados da Venezuela, cuja crise humanitária ainda não produziu uma imagem igual ao do garoto Aylan. Os discursos que tentam entender esta nova realidade e de apoio são devorados por um barulhento protesto dos que já enxergam os venezuelanos tão somente como um grande problema.

O fato é que realmente este um problema que clama por soluções, mas não há fórmula pronta nem mágica, não existe uma solução fácil e única. Fosse tão fácil assim, a Europa já teria resolvido seus problemas com os refugiados. Essa é uma crise humanitária mundial e, como área de fronteira com um país que descambou para a ditadura, a Venezuela, chegou a vez de Roraima encarar a realidade.

O Estado não irá conseguir encontrar soluções se as críticas ultrapassarem a barreira do bom senso e chegarem ao preconceito e à xenofobia. Esse problema também não é só local, do Estado de Roraima, mas do Brasil, do Governo Federal, das instituições que trabalham com a causa humanitária.

As propostas apresentadas, sejam de onde partirem, precisam ser debatidas e melhoradas, e não rechaçadas e jogadas para o buraco da politicalha. Essa missão é de todos. Ou fazemos isso ou vamos pagar um preço muito mais caro lá frente.

*[email protected]: www.roraimadefato.com.br