Jessé Souza

Batendo a nossa porta 4689

Batendo à nossa portaMuitas pessoas só começam a perceber a que ponto a criminalidade chegou, em Roraima, quando algo acontece bem próximo delas. O brutal assassinato do economista João Bosco Baraúna – que era conhecido de muitos roraimenses e ativo nas redes sociais por sua posição política firme – refletiu bem isso e deixou às claras como a violência está muito perto de todos.

A realidade alcançou o nível de enredo de ficção em que as pessoas começam a se perguntar: “Quem será o próximo?”. Este caso também chama a atenção para outro fato: se de um lado o crime organizado mostra suas forças, de outro os criminosos iniciantes estão se sentindo fortalecidos com a insegurança e a impunidade, em que bandidos declarados nas redes sociais passam a ser soltos na audiência de custódia.

O crime brutal de João Bosco, cometido por adolescentes e um adulto, leva a crer que os bandidos contam com a impunidade e sentem-se motivados a cometerem seus crimes diante de um Estado dominado pelos criminosos que mandam e desmandam a partir das cadeias.

E a força do crime organizado foi exibida mais uma vez. Depois que executaram um rapaz e enviaram a foto do corpo para a namorada dele, corpo este que só foi achado somente uma semana depois, outra vez mataram uma mulher e enviaram para a família imagens do corpo degolado (e dizem até que com a língua cortada). E o corpo ainda está sendo procurado.

Por enquanto, os crimes mostram acerto de conta entre os próprios membros de facções. Mas, do jeito que a situação se encaminha, quem pode garantir que as próximas vítimas serão agentes do Estado? Ou alguém, um pai ou mãe de família, que contrarie o mundo do crime?

A opinião pública tem visto as ações policiais para combater e minar a força dos criminosos, mas é necessário que o Estado adote a segurança pública como prioridade absoluta, com mais recursos empregados no sistema prisional, nas polícias e nas ações preventivas. Também deve ser prioridade a educação, da educação infantil (responsabilidade do município) à formação de jovens e adolescentes.

Roraima não vai vencer essa guerra se focar as ações somente nas polícias e esquecer a garantia de uma educação de qualidade para minar o número cada vez maior de crianças que encontram cedo a permissividade das ruas ou as drogas no caminho da escola. Não é uma questão fácil, mas o povo paga bem os políticos para que eles busquem soluções. É preciso que os cobremos, pois a violência está batendo à nossa porta.

*[email protected]: www.roraimadefato.com.br