Mais do mesmo na cena brasileiraEstá cada vez mais irritante assistir aos telejornais de qualquer emissora. É como se fossem notícias repetidas. As narrativas dos atos de corrupção são tão semelhantes que o telespectador acha que é um repeteco sem fim da Operação Lava Jato.
A diferença que se tem dos escândalos desse governo, do presidente figurativo Michel Temer (PMDB), para o anterior, de Dilma Rousseff (PT), é que a qualquer rumor político e movimentação da Polícia Federal as pessoas batiam logo a panela em seus apartamentos, com direito à transmissão ao vivo, ou vestiam a camisa verde-amarela para ir às ruas pedir impeachment, com apoio dos grandes empresários.
Agora, não só os ministros e lideranças políticas desse atual governo, como o próprio presidente, estão todos atolados até o pescoço com os escândalos, mas as pessoas se comportam como se tudo isso fosse algo banal. Até esqueceram que, no argumento a favor do impeachment, diziam: “Primeiro a gente tira Dilma, depois damos um jeito no Temer”. Então deram poder a um presidente sem voto e sem popularidade para tocar o terror contra todas as conquistas do trabalhador, por meio das reformas.
O que mais indigna o trabalhador brasileiro, que não teve tempo de bater as panelas nem vestir a camisa da Seleção, porque não podia faltar ao trabalho assalariado, é ver que a Operação Lava Jato está em curso há mais de três anos e os corruptos continuam agindo, mesmo aqueles que já estão presos.
O mais recente caso foi a ação da PF, chamada de Tesouro Perdido, que encontrou uma montanha de dinheiro em um apartamento de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), em Salvador. Cumprindo prisão domiciliar, ele é investigado por fraudes na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal. Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa no governo de Dilma e, no governo Temer, foi ministro da Secretaria de Governo.
Já que os noticiários de TV não indignam mais os “paneleiros”, nesse caso de Geddel o que chama atenção é o pedido feito à Justiça, pelo Ministério Público Federal, que assinala que o ex-ministro é um criminoso em série e que faz dos crimes financeiros e contra a administração pública sua própria carreira profissional.
Na verdade, todos os envolvidos nos casos de corrupção, dos políticos aos empresários, de ministros ao presidente, todos são contumazes na arte de surrupiar o bem público. Todos são criminosos em série e se profissionalizaram em crimes que solaparam do brasileiro a esperança de um país melhor. Eles e todos aqueles cuja Justiça ainda não alcançou e que jamais alcançará.
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