Bom dia,É de sentir um frio na espinha. Depois de atingirem em cheio os poderes Executivo e Legislativo, as denúncias dos dirigentes do grupo J&F, no âmbito da Operação Lava Jato, chegam muito perto do Poder Judiciário. Quem ler a ampla reportagem da revista Veja desta semana, sobre a atuação de uma advogada, nos bastidores dos tribunais superiores em Brasília, filha de uma desembargadora do Tribunal Regional Federal da 1ª Regional, enche de apreensão todos quantos ainda têm esperança do país sair dessa crise política e moral, a que foi levada por uma elite de canalhas, que continua dando as cartas nesta maltratada república tupiniquim.

A matéria de que estamos falando mostra, entre outras coisas, a existência de vários filhos e filhas de desembargadores federais e ministros de tribunais superiores que, sob a proteção de um registro de advogado, agem como grupo que se autoajuda para influenciar decisões de empresas e pessoas físicas com capacidade de pagar propinas. Num dos casos, uma briga entre um casal separado resultou na entrega, ao Ministério Público Federal, pelo ex-marido de uma advogada, de um dossiê explosivo em que é citado até o polêmico Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

Ora, a cúpula do Poder Legislativo e uma parte significativa de seus integrantes, nas duas casas (Câmara e Senado Federal), estão atolados em processos decorrentes de denúncias de corrupção, o que lhes tira condições éticas e morais de buscar uma saída para a crise. No Poder Executivo, a coisa não é diferente, talvez até mais grave, uma vez que até a Polícia Federal, órgão subordinado ao chefe daquele poder, diz haver fortes indícios de participação do Presidente da República num grupo criminoso formado por integrantes do PMDB na Câmara Federal.

Assim, saber de mazelas tão graves no âmbito do Poder Judiciário desanima qualquer um. É preciso que o Conselho Nacional de Justiça, órgão criado para controlar o Judiciário brasileiro, chame a si a apuração dessas coisas, sem o que não haverá saída para sair do atoleiro.CAUSAOntem dissemos daqui, da Parabólica, que o ambiente entre os deputados estaduais na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) andava tenso. Agora vazou a causa desse ruído entre os parlamentares: a Mesa Diretora mandou exonerar mais de 100 servidores ocupantes de cargos comissionados e, segundo fontes da própria ALE, os demitidos eram ligados aos deputados que migraram do G16 para a base governista. Embora um desses parlamentares tenha confirmado a notícia para a Folha, nenhum deles quis fazer declaração, alegando que ainda negociam com a Presidência da Casa e revogação da medida, que já foi publicada no Diário Oficial da ALE.ESPERANÇACom a migração dos quatro parlamentares do G16 para a base governista, o governo estadual passou a ter maioria no Plenário da Assembleia Legislativa, uma vez que o presidente da instituição só vota em caso de empate. O agora G12, liderado pelo deputado George Melo (PSDC), passou a ser minoria, o que significa que, estando presentes todos os parlamentares, o governo tem força para aprovar qualquer matéria de natureza ordinária na ALE. Sabedor disso, o deputado estadual George Melo disse a uma repórter da Folha que está trabalhando para atrair para a oposição dois deputados da base governista, insatisfeitos com o Palácio Senador Hélio Campos. Melo não declinou os nomes.NÃO IRÃOO governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplan), vai passar o dia inteiro hoje em audiência pública, convocada para o auditório da Universidade Estadual de Roraima (UERR), para discutir com representantes das organizações indígenas o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE). Como o aparato ambientalista/indigenista, infiltrado no Estado Federal, sob os olhares fiscalizadores das organizações não governamentais, não aceita qualquer medida facilitadora do desenvolvimento econômico de Roraima, fontes da Parabólica dizem que é muito provável que os representantes das organizações não compareçam ao convite do governo. A intenção é esvaziar a audiência pública.EMENDASSobre as matérias, inclusive a entrevista do ex-secretário estadual de Saúde, César Ferreira Penna, com narrativas sobre a questão do setor de saúde pública no Estado, a assessoria do deputado federal Remídio Monai (PR) mandou mensagem à Parabólica reclamando que em nenhuma das reportagens foi enfatizada a participação do parlamentar na indicação de emendas. Foram citadas especialmente emendas que resultaram em várias benfeitorias ao Hospital Regional de Rorainópolis, no sul do Estado. A Parabólica confirma que em várias entrevistas aqui, na Folha e na Rádio Folha, o ex-secretário César Penna ressaltou a indicação de emendas parlamentar do deputado Remídio Monai para o setor estadual de saúde.SÓ TRÊSAliás, sobre a indicação de emendas ao orçamento da União para beneficiar a saúde pública estadual, na última entrevista que concedeu à Rádio Folha, antes de deixar a Secretaria Estadual de Saúde, o médico endocrinologista César Penna salientou e agradeceu, aos parlamentares federais roraimenses, a destinação de emendas de parlamentares para apoiar a saúde estadual. Disse com todas as letras que apenas três dos onze parlamentares nunca destinaram recursos para o governo do Estado, para a Saúde estadual. Citou nominalmente os três: deputado federal Edio Lopes (PR), deputada federal Maria Helena (PSB) e senador Romero Jucá (PMDB).