Os odiadores não são maioria
É fato que, com as redes sociais, tem aumentado o número de pessoas conhecidas como “haters”, que nada mais significa do que “odiadores”, o seja, internautas que se posicionam sem muito critério com suas críticas, apenas expondo o ódio a pessoas ou a situações. E assim muitos passam a odiar alguém apenas pelo fato de pensar diferente, de ser diferente ou por ser de outra nacionalidade, por exemplo.
Em Roraima, tem ocorrido isso na política, nos círculos sociais e, mais recentemente, com a migração em massa de venezuelanos que estão fugindo da pobreza extrema em seu país, os quais passaram a ser alvos do ódio gratuito. Mas, entre odiar alguém e partir para prejudicar este alguém há uma certa distância.
Embora não se possa descartar que alguém saia das palavras de ódio para a ação violenta (a agressão física a uma venezuelana na semana passada é prova disso), as informações que surgiram nas redes sociais de que estavam entregando marmitex com comida envenenada precisam ser tratadas com muita responsabilidade.
Difícil crer que alguém em Boa Vista teria coragem de agir de forma tão desumana. Aí já estaríamos partindo para uma sociedade doente, sem qualquer escrúpulo, e isso o roraimense (os que aqui nasceram e os que escolheram esse Estado para viver) definitivamente não o é.
Embora os “odiadores” façam muito barulho nas redes sociais, parecendo que estão em grande número, eles não são maioria e não representam o perfil de quem mora em Roraima. Existem muitas pessoas desenvolvendo ações sociais e de acolhimento aos venezuelanos, mas em um trabalho silencioso ou sem divulgação na mídia.
O povo roraimense é acolhedor e de longas datas vem aprendendo a conviver com culturas diferentes. No passado, eram os migrantes nordestinos os odiados, apontados como “invasores” e “tomadores de nossas oportunidades”. Hoje são os venezuelanos, alvo talvez dos descendentes daqueles que um dia foram olhados com desconfiança e ódio.
Roraima vai conseguir superar isso pela força dos que não fazem barulho e se houver ações políticas verdadeiras que partam do discurso para a prática, além de um trabalho de conscientização que vem sendo feito, de uma forma e de outra, nas redes sociais, na imprensa, na escola e no seio familiar.
Embora possa existir quem odeie os venezuelanos, servir comida envenenada seria um extremo impensável. Os odiadores logo encontrarão outro alvo nas redes sociais. E a polícia e Justiça não podem deixar de agir contra aqueles que pratiquem violência contra estrangeiros, como forma de não permitir intolerâncias.
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