Da Rocinha aos bairros de BV
A situação da Rocinha, a maior favela do Rio de Janeiro, com uma população de 70 mil pessoas, serve como reflexão para o brasileiro que assiste aos desdobramentos da Operação Lava Jato pela televisão e vive a violência bater à porta na cidade onde ele vive, diante do avanço do crime organizado e do tráfico de drogas, que andam de braços dados.
Embora um assunto não tenha nada a ver com outro, eles têm alguma relação: enquanto os políticos corruptos tratavam de se locupletar dos cofres públicos, no maior assalto a um país que o mundo já viu, os bandidos se instalaram e montaram um poder paralelo no Brasil.
A Rocinha é apenas um dos casos em que os bandidos exibem suas forças e desafiam o poder constituído, impondo suas próprias leis. Nesta favela carioca caberia a população de sete bairros mais populosos de Boa Vista, o que significa que, se o Estado deixar os criminosos seguirem com suas organizações, eles podem facilmente montar seu poder paralelo em qualquer bairro da Capital roraimense.
Mas isso é apenas uma analogia, a título de reflexão sobre o avanço da criminalidade no Estado, onde o crime organizado se instalou nos presídios e espalhou seus tentáculos na Capital e no interior do Estado, com a polícia registrando seguidos crimes de execução, demonstrando que se tratam de ações do crime organizado.
Obviamente que Boa Vista não tem características de uma favela onde os criminosos podem facilmente se esconder e ter o controle devido à geografia do território. Porém, o poder do tráfico vem sendo mostrado seguidas vezes, desafiando os governantes que só têm agido quando ocorrem crises de alta proporção, a exemplo rebeliões e chacinas nos presídios.
O que precisa ser destacado, a partir do cenário da Rocinha, é que a corrupção na política também permitiu o país chegar a esse momento crítico na vida brasileira, em que os bandidos de colarinho mandam em Brasília e os bandidos do tráfico comandam as favelas e bairros mais pobres das cidades brasileiras.
Em Roraima, embora esse governo tenha falhado em não agir a tempo para frear o crime organizado dentro dos presídios, ainda é possível reverter esta situação. Sabemos que dentro das polícias há gente competente e comprometida em combater a criminalidade de frente. Mas falta o Estado se organizar e dar condições para esse enfrentamento ao crime, longe de bravatas e da pirotecnia de solenidades realizadas em frente do Palácio do Governo.
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