Opinião

Opiniao 23 11 2017 5209

Um exemplo de amor e solidariedade – Flamarion Portela*

Recentemente, acompanhei pelas redes sociais e até em conversas com amigos, um caso extraordinário de amor e companheirismo. O fotojornalista Antonio Diniz, grande profissional e pessoa de bem que conheço há muito tempo, vem travando uma luta pessoal para conseguir dar continuidade ao tratamento de câncer de sua esposa, dona Edileuza, com quem é casado há 34 anos. A abnegação e entrega de Diniz é de encher os olhos.

No inicio do mês, angustiado pela necessidade de adquirir o remédio necessário para a quimioterapia da dona Edileuza, que é feita a cada 15 dias, Diniz colocou à venda, numa publicação nas redes sociais, seu equipamento fotográfico e sua motocicleta, dois bens que fazem parte do seu dia a dia, seja para o trabalho ou para o lazer.

O ato desencadeou uma grande comoção entre amigos, familiares, colegas de imprensa, e até pessoas anônimas que se juntaram numa grande campanha para arrecadar os pouco mais de 20 mil reais que seriam necessários para a compra das quatro ampolas do medicamento Erbitux 100mg, em regime de urgência. Foram realizadas diversas ações, inclusive um show beneficente, além de depósitos em dinheiro, para que pudesse ser dada continuidade ao tratamento de dona Edileuza.

Pois bem. Em poucos dias a campanha conseguiu arrecadar o necessário para comprar as quatro ampolas e, com a intervenção de um deputado federal de Roraima, amigo de Diniz, junto ao Ministério da Saúde, foram liberadas mais de 80 ampolas, o que garantirá praticamente todo o tratamento de dona Edileuza.

Essa história de desprendimento, de amor ao próximo, de perseverança e luta pela vida que envolve nosso amigo Diniz, é um exemplo de como a fé em Deus e a solidariedade são capazes de mudar o destino de uma pessoa.

Desde o início da descoberta da doença de dona Edileuza, o Diniz vem buscando de todos os meios, garantir seu tratamento e, quem sabe, sua cura. Já são dois anos nessa luta diária pela vida, pois como disse dona Edileuza em um vídeo divulgado pelo próprio Diniz em suas redes sociais, “quem tem essa doença é como se estivesse todos os dias no corredor da morte”.

E, naquele gesto de colocar à venda sua máquina fotográfica e sua motocicleta, Diniz estava abdicando de suas paixões pelo seu amor a dona Edileuza. Esta semana, dona Edileuza vai para o Hospital do Câncer de Barretos, referência nacional no tratamento da doença, onde passará por uma avaliação com especialistas.

Histórias como essas nos emocionam, nos fazem acreditar cada vez mais na vida e nas pessoas de bom coração. Parabéns meu amigo Diniz, por ser esse homem de tanta bravura e amor no coração. Que Deus proteja Dona Edileuza.

*Deputado estadual e ex-governador de Roraima

A verdade é o alimento da alma. (Santo Agostinho) – Tiana Brazão*

René Descartes já afirmava que a certeza é o critério da verdade. E a VERDADE pode ter múltiplas significações estando ligada intimamente ao sentido de lealdade, constância ou sinceridade em atos, vocábulos e postura. A verdade tem significado de real no sistema social de valores.

Escolhi pessoalmente, sem qualquer sugestão ou ingerência – e assumo a responsabilidade desta escolha – de escrever para esta coluna sobre o delegado Renê de Almeida. Não tive um momento sequer de imprecisão quando optei, em deliberação solitária, falar do seu comprometimento, de seu conhecimento técnico e um incontido e admirável desejo de colaborar para o engrandecimento da instituição a qual ele pertence.

No dia 5 de julho deste ano, por INEXISTÊNCIA DE PROVAS, Renê de Almeida foi ABSOLVIDO das acusações de violação de sigilo funcional, ameaça, associação para o tráfico de drogas e formação de quadrilha. A notícia não foi tão difundida ou explorada nos meios de comunicação local, tal como foi a prisão do mesmo.

Foram cinco anos de execração pública de um policial com quase 30 anos de carreira e dezenas de elogios acumulados pelo seu desempenho profissional. Necessários cinco anos para que o Ministério Público, que o denunciou, defendesse sua absolvição.

Conheço René de Almeida desde que chegou a Roraima. Quando repórter de polícia o entrevistei várias vezes. Acompanhei, ainda que à distância, sua trajetória de êxitos na Polícia Civil e instituições estaduais. Anos mais tarde, fui sua aluna no Curso de Direito na Faculdade onde ele leciona e divide os encargos do estudo universitário com a função de presidente da Adepol/RR, membro da AssociaçãoNacional dos Delegados de Polícia Civil e diretor do DPJI/PC-RR.

Testemunho sua postura sempre com idealismo, capacidade operacional e administrativa, e liderança em todas as funções que ocupou e ocupa em âmbito estadual. E fico feliz em ver seu retorno com a mesma retidão que sempre desempenhou suas atribuições junto a Segurança Pública desse estado.

A decisão da Justiça é reta e clara. Todo procedimento instaurado em desfavor de Almeida foi trancado por AUSÊNCIA DE PROVAS. A verdade é libertadora. A Bíblia diz em Lucas 8:17: “Porquanto não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz”. No mesmo Livro, em João 8:32, a verdade é estabelecida em sua profundidade: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. A verdade se sobrepôs à mentira que não conseguiu se sustentar diante das robustas provas de sua inocência.

Finalizo com a frase do teólogo francês François Fénelon: “O alimento da alma é a verdade e a justiça”. A verdade prevaleceu.

*Jornalista (MTB 396 DRT/RR), graduada em Direito pelo Centro Universitário Estácio da Amazônia, pós-graduanda em Direito Público pelo Centro Universitário Estácio da Amazônia e pós-graduanda em Direito Eleitoral pelo Instituto Pró-Minas

Estão me esculpindo – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Para que levar a vida tão a sério, se a vida é uma alucinante aventura da qual jamais sairemos vivos?” (Bob Marley)

Fico sempre ligado nesse pensamento. E por isso estou sempre numa boa. Nada me irrita a ponto de me deixar irritado. Quando a irritação chega, faço dela uma bolinha de gude. Mas, haja paciência. Estão, faz tempo, tentando fazer de mim um cara chato. E é o que está acontecendo. Quando me dou conta vejo que estou jogando meus aborrecimentos pra você. Mas prometo que vou me corrigir e não permitir que façam de mim uma escultura mal elaborada, com maus comportamentos.

Ontem saí de casa, meio casmurro. Uma empresa de telefonia passou o dia todo ligando pra mim, cobrando-me contas atrasadas. Verifiquei e as consta estavam todas pagas. Peguei as faturas e fui até ao escritório da empresa. O atendimento, no escritório, deixa muito a desejar se levarmos em conta o progresso que as empresas estão vivendo nas relações empresa-cliente. Mas tudo bem. O importante é que fui atendido e não consegui ser grosseiro como gostaria de ser, na reclamação. Expliquei o porquê de minha ida até lá. A moça, calmamente, verificou ao computador e logo levantou-se e saiu.

Poucos minutos depois ela voltou com três faturas recentemente impressas. Sentou-se e falou, mostrando-me a primeira fatura:

– Pronto senhor. O senhor tem três faturas atrasadas: essa primeira de vinte e seis centavos, de uma ligação feita para Criança Esperança. Essa outra de sessenta centavos, e essa de dezesseis reais. E é só.

Recebi as faturas, segurando o riso com muita dificuldade. Ainda bem que minha educação não me permitiu discutir nem comentar com a atendente. Ela cumpriu o seu papel, dentro da desorientação estapafúrdia da empresa. Tive que me aborrecer com telefonemas diários me cobrando uma fatura de vinte e seis centavos que nem mesmo me fora enviada. Depois tomar um sol abrasador na caminhada até o escritório da empresa que não deveria estar mais atendendo, pela ineficiência.

Foi aí que me convenci de que estão realmente tentando fazer de mim uma escultura hilária. Mas não vão conseguir, juro que não. Pelo menos enquanto você me prometer que não vai se aborrecer com minha cara de pau, aborrecendo você, com a incompetência dos outros. Mas o que você faria se uma empresa ficasse o tempo todo ligando pra você, cobrando uma fatura de vinte e seis centavos, quando ela poderia incluir esse valor na próxima fatura? Dá pra ficar calmo? Mas para que levar a vida tão a sério? Tudo que acontece na vida faz parte da vida. Ela é um palco, e nós atores. Então vamos vivê-la. Pense nisso.

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