Polícia do Rio: a que mais mata e a que mais morre – Newton de Oliveira*
O Ministério Público do Rio está dando início a um levantamento em alguns casos suspeitos de confrontos envolvendo policiais militares. Novecentas e dez pessoas foram mortas de janeiro a outubro deste ano e 120 policiais militares já perderam a vida.
Os números desse morticínio, que supera os das guerras em curso no planeta, como na Síria, Afeganistão e Iêmen, agudizam a tendência histórica do Rio de Janeiro como local onde a segurança pública tem como corolário mortes e mortes. Dessa forma, pode-se dizer que a polícia do Rio é a que mais mata e a que mais morre no Brasil.
A experiência das UPPs interrompeu essa lógica na sua região de implantação, demonstrando que uma política de segurança voltada para a prevenção aponta o caminho para a construção da paz em terras fluminenses.
Contudo, essa experiência de redução da letalidade foi geograficamente perversa, pois se realizou no entorno das áreas onde se realizaram os grandes eventos. Fora desse mapa, nas periferias do Rio, o que aconteceu foi o aumento do número de mortes de civis e de policiais.
E analisando a série histórica dessa mortandade no período compreendido entre 2010 e 2015, salta à vista um dado estarrecedor: 20 PMs são responsáveis por 365 autos de resistência.
Esses dados demonstram de forma cabal que inexiste uma política de uso e controle da força por parte da PMERJ, que o baixíssimo nível de elucidação de homicídios por parte da Polícia Civil (menos de 10% dos eventos são esclarecidos) contribui para a consolidação desse cenário e que a pequena atenção que o MP dá a esses casos, apesar dos números gritantes, completa o quadro de um estado onde a vida vale nada, ou quase nada…
Saídas existem, basta olhar as experiências bem-sucedidas de redução de letalidade policial no mundo que temos acesso, e estão à mostra, vontade política para programá-las é o que se deve ter.
Pois a vida é o maior bem a ser protegido, e desde sua fundação cabe à polícia defendê-la, não fazer a sua ceifa.
*Ex-subsecretário geral de segurança do Rio de Janeiro e coordenador de pós-graduação da Faculdade Mackenzie Rio
O tempo… Flamarion Portela*
Filosofia é uma ciência que ajuda os homens a decidirem como viver, como suportar o infortúnio, como pensar sobre o mundo à sua volta e como relacionar-se com os outros. O maior de todos os filósofos, em minha opinião, foi Sócrates (470 – 399 A. C.), que dizia: “Com o passar do tempo, o mundo onde nós vivemos muda, e os parâmetros do debate se alteram”. Depois veio Platão, discípulo de Sócrates e Aristóteles.
Sendo a Filosofia a ciência da sabedoria e a Grécia antiga o seu berço, e sendo o tema deste artigo “O tempo…”, não poderia deixar de mencionar o Kronos e o Kairós. Kronos, para os gregos, era o tempo físico, existencial, sequencial, cronológico. Era o tempo de um dia, uma semana, um mês, um ano, uma década, um século… Daí, vem a palavra cronômetro, que é o relógio e cronologia, o estudo do tempo; Já Kairós era o tempo de Deus, que não dependia da vontade do homem e sim da vontade de um ser supremo e que o homem não tinha nenhum controle ou ingerência.
Resolvi escrever esse tema, porque presenciei uma jovem conversando com os amigos e fez a seguinte indagação: “Quem deixou meus pais envelhecerem?” E continuou: “Aos olhos dos amigos deles, são normais. Aos olhos das minhas sobrinhas, são muito velhos. Aos meus olhos estão envelhecendo. Não sei se lentamente, se rápido demais ou se no tempo certo”. Prosseguiu a jovem: “Lembro-me de quando o meu pai completou 60 anos e minha mãe 53 anos. Afinal, são números que nos assustam”.
Alguém pode ser contra o tempo? O mesmo tempo que cura, ensina e nos torna mais sábios, também é o tempo que avança implacavelmente. Lembra do Kronos? A minha vontade, e com certeza a sua, é gritar: chega, tempo! Basta de avançar tão rápido! Por favor, não avance mais. Porém, tal pretensão é presunçosa demais.
A Terra gira em torno do seu próprio eixo (movimento de rotação), mas também gira em torno do sol (movimento de translação). O universo não para, o mundo continua a girar e nós, todos nós, a envelhecermos inexoravelmente.
Como não conseguimos segurar o tempo, é bom buscarmos hábitos saudáveis para alcançarmos vida longa. Nada é mais salutar do que desejar o bem, nada é mais forte do que um “Deus te abençoe”, um bom dia alegre, um abraço, um sorriso faz bem à gente e ao outro. Vamos viver longamente perseguindo a felicidade sempre. Ela só é plena quando vivemos em harmonia no seio familiar.
Quando buscamos um parceiro ou parceira para formarmos um casal é justamente para nos fortalecer (mais inteligência, mais força de trabalho, mais prazer, mais alegria e mais amor, muito amor).
Pilar central da estrutura social: a família. Nela se executa a plenitude do verdadeiro amor. O amor é o maior fator unificador do universo, por isso, ame, ame, ame. Daí, o tempo passa e temos filhos. Que felicidade ter filhos, perpetuar a espécie, deixar nosso DNA, nossa carga genética para todo o sempre. Prosseguindo no tempo, nossos filhos nos dão netos, chegando a nossos corações uma alegria exuberante. Viu como o tempo é bom, nos completa ainda mais, nos torna mais centrados, mais conhecedores do mundo e muito mais sóbrios. A sabedoria e o amor alicerçam a felicidade.
O tempo é o senhor da razão, já diziam os nossos avôs e a razão também é uma herança da sabedoria grega. O tempo…
*Deputado estadual e ex-governador de Roraima
Críticas que não constroem, só dividem – Vera Sábio*
Jesus foi bem claro quando disse que “Aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra.” (João 8 – 7)
Portanto, não é julgando ser certo ou errado que padres, bispos ou papa devam casar; que Tiago ou Pedro, ou mesmo Paulo estava a frente da igreja de Cristo e tantos outros equívocos que faz muito mais parte de uma doutrina, ou seja, uma ordem, do que da fé genuína capaz de alcançar tantas graças inexplicáveis. Que uma igreja é melhor ou pior do que outra.
O fato é que toda igreja é Santa, pois vem baseada na palavra de Deus, pregando o bem e considerando Jesus o Líder fundamental; mas também pecadora, pois é composta de homens, de cabeças que pensam e interpreta diferente, pior ainda, de pessoas que se julgam melhores do que as outras e acreditam serem as donas da verdade.
São críticas que nada de bom constroem, e que ao invés de buscarem a salvação e serem melhores, ficam buscando a falha dos outros, como se não tivessem uma trava no próprio olho.
Sabemos também que tudo que é bom vem de Deus e se quando brigamos ou divergimos de opinião com o nosso pai terrestre, o correto é tentarmos entrar em um acordo, fazermos as pazes e não procurar outro pai. Pois, o que mais vemos é que aumentam cada vez mais as igrejas, simplesmente porque discordam do pastor, do padre e pronto, vão procurar outro caminho, sendo que só Jesus “é o caminho, a verdade e a vida.”
É parecido ao grande comentário de que as orações não devem ser repetidas; porém o que mais qualquer evangélico faz é repetir os Glórias, os Amém, os Aleluias e mesmo as leituras Bíblicas as quais quanto mais repetimos mais compreendemos.
Pensamos nisto e controlemos nossas línguas quando formos falar dos outros, já que, todos nós temos muito que aprender e melhorarmos se quisermos seguir Jesus. Afinal, aquele que pensa ser o primeiro que seja o último e sirva.
* Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e [email protected]
Conduzo, não sou conduzido – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Nenhuma vida é tão difícil que não possa se tornar mais fácil pelo modo como for conduzida.” (Ellen Glasgow)
Nunca se deixe levar pelos maus momentos de sua vida. Procure sempre uma saída. A porta está sempre aberta tanto para entrar quanto para sair. Tudo vai depender da sua capacidade de encarar o problema. É nas relações humanas que aprendemos a nunca levar, por exemplo, para o trabalho, os problemas domésticos. Da mesma maneira que não devemos levar para casa os problemas do trabalho. Tenho percebido alguma mudança no comportamento de pessoas que trabalham com o público. Mas ainda há muito a fazermos para sermos o que é considerado profissional.
Seja sempre acessível. E só somos capazes de sermos realmente profissionais quando aprendemos a respeitar, porque nunca seremos respeitados se não respeitarmos. Simples pra dedéu. Nada é mais desagradável, do que você chegar a um caixa de um supermercado, por exemplo, e falar cordialmente com a atendente e ela torcer o canto da boca. Mas, mais importante é você estar preparado para encarar a situação sem que a atendente perceba que você percebeu a atitude dela. O importante é que da próxima vez você seja mais cauteloso no cumprimento. Mas não deixe de cumprimentar.
Não me lembro se já falei daquele cara que ia pra o trabalho, pela manhã, e percebeu que estava sem o lenço. Entrou numa loja para comprar um lenço. Foi atendido por um cidadão já idoso e maravilhosamente simpático e cordial. Logo, o cliente percebeu já tinha um montão de artigos sobre o balcão, que ele tinha comprado além do lenço. Ele olhou para o vendedor e falou abismado:
– Puxa vida, você é um excelente vendedor. Entrei pra comprar um lenço e acabei comprando tudo isso.
O vendedor falou:
– Se o senhor quiser mesmo me ajudar, faça um favor: vá falar isso para o meu gerente. É aquele senhor que está olhando para nós.
O cliente foi até ao gerente e falou:
– Parabéns. Você tem um excelente vendedor. Entrei para comprar um lenço e acabei comprando gravata, meia, e tudo mais!
O gerente olhou pra ele e falou:
– Vendedor coisa nenhuma. O desgraçado é o dono da loja.
Não importa o que você esteja fazendo, nem quem é você. O que importa é que você faça a coisa como ela deve ser feita. É sua obrigação para com você mesmo. Seja sempre cordial, atencioso e educado. Já fiz muito essa experiência com atendentes em todos os setores. E já obtive resultados muito positivos. Mas tenha cuidado. Quando brincar com um atendente, cuidado para não confundir a brincadeira com vulgaridade. O respeito é fundamental até mesmo quando brincamos. Pense nisso.