Natal, festa de Jesus ou do Papai Noel? – Marlene de Andrade*
Jesus não nasceu em dezembro e isso não é uma novidade bombástica, contudo e ainda assim, quase o mundo inteiro “festeja” o aniversário dEle nessa data. Cristo nasceu há cerca de mais de dois mil anos em uma época em que não se fazia registro de nascimento, sendo assim, não se registrava o nome do lugar onde a pessoa nasceu, o dia e nem a hora do nascimento da criança.
Mas apesar de tanto glamour, para uma grande parte das pessoas o Natal não passa de uma festa comum de final de ano. Ocorrem nesse dia algumas situações que Deus não gosta como, por exemplo, uso de bebidas alcoólicas em excesso, acidentes de trânsito, brigas, assassinatos e assaltos.
No Natal “rola” mesmo inúmeros atos pecaminosos com muita festa, “cervejada”, roupa nova, cachaça, peru, bacalhau e um grande “alto astral”. Também pudera, boa parte das pessoas estão bêbadas e aí tudo fica mágico mesmo.
Alguns viajam em excepcionais cruzeiros com muito glamour. Beijos e abraços? É o que não faltam por todos os lados por onde quer que se vá. Nesse dia fica tudo vermelho, quer dizer, tudo azul, ou seja, “vai tudo bem e todos ficam de bem com a vida”.
Glamour é uma palavra inglesa que entre outros sinônimos, significa encantamento e/ou feitiço. O Natal festejado por uma grande parte das pessoas é isso, é como se elas mergulhassem em um mundo encantado cheio de feitiço e encantamento.
Por sua vez, mulheres elegantes dão um brilho “especial” a essa “festa de aniversário” de Jesus. Nesse dia, grande parte das pessoas viaja para um mundo de fantasia e mágica, onde tudo é muito colorido, bonito e sem “maldade nenhuma”.
E o mais interessante é que na verdade quem é mesmo ovacionado é o Papai Noel, o qual tomou o lugar de Cristo. As crianças o adoram e muitas delas creem profundamente que o “bom velhinho” traz presentes e a todos o amam de verdade.
À meia-noite ocorre a tradicional ceia, mas Jesus não é lembrado durante a festa, tudo fazendo crer que o Natal não passa mesmo de uma grande festa pagã. Nesse dia quase ninguém se lembra que Jesus existe.
O Natal pode ser festejado sim, porém Jesus deve ser lembrado nessa festa e receber todas as honras que lhe são devidas. Festejar o Natal não é errado, o errado é deixar Papai Noel tomar o lugar de Jesus. É importante também, que estejamos sempre nos lembrando que Jesus voltará e todo olho o verá. “Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela está escrito, porque o tempo está próximo”. (Apocalipse 1:3).
*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT
O Natal existe, é real e científico – Tom Zé Albuquerque*
O final de mais um ano chega trazendo o período natalino com a mesma pregação: “O que importa não é a festa, o Papai Noel e os presentes, o que importa é o nascimento de Jesus!”. Há aí nesse contexto uma meia verdade e uma utopia infiltrada, o que deveria ser objeto de reflexão por mais de 30% da população mundial, portanto, todos nós cristãos.
Consideremos, de início, que Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro, visto que a ciência fincou a tese que somente no século IV a Igreja, visando suplantar o festival pagão do Sol (data no mesmo período natalesco) para preservar as fartas festas, abarrotadas de comida, definiu a data atual do Natal. Resguardava-se, pois, o solstício de inverno (dia mais curto do ano), que para o Hemisfério Norte ocorre por volta do dia 22 de dezembro, data sempre vinculada em caráter simbólico ao nascimento e renascimento, em diversas culturas.
A filosofia e a ciência (especialmente sob o alicerce formal dos conceituadíssimos Richard Dawkins, escritor e biólogo evolutivo; o jornalista Christopher Hitchens; e o filósofo francês Michel Onfray) também apontam que a história de Jesus na Bíblia é apenas um conteúdo lapidado em contextualizações muito mais antigas de heróis salvadores inseridos nas mitologias grega, persa, egípcia e romana. Vale observar o fato de o Deus do Sol, Horus (também pregador) ter nascido em 25 de dezembro através da virgem Isis-meri, que inclusive recebeu visita de reis, possuía 12 discípulos, realizava milagres e, pasmem, foi crucificado depois de ter sido traído por Tifão para, após três dias, ressuscitar.
O Deus da Índia, Krishna, também nasceu de uma virgem, Devaki, após a comunicação de sua chegada através de uma estrela muito brilhante. Assim como fez Jesus, séculos depois, praticou milagres e, após sua morte, ressuscitou. Tem também Dionísio, Deus grego nascido no dia 25 de dezembro, cuja mãe era… virgem. Praticou inúmeros milagres, incluindo a transformação de água em vinho, antes de morrer e ressuscitar. Mitra, o Deus persa do Sol, nasceu também de uma virgem no dia 25 de dezembro, tendo seu aparato de 12 discípulos e, como os demais, praticou incontáveis milagres. Também ressuscitou ao terceiro dia após o óbito.
Pois bem, em que pese o lastro científico da história do Cristo, nada importa senão a proposta por este perpassada; enquanto muitas pessoas estão preocupadas no Natal com a lembrança do filho de Maria e José, ou se Madalena era ou não sua esposa, estrategicamente deletada da gravura da Santa Ceia, ou outros assuntos correlatos, confesso que pouco me importa essas secundariedades, esses fatos adjuntos. Prefiro me prender ao fato pelo qual Jesus, o Nazareno, foi um grande ser (o mais expressivo, provavelmente) a habitar a terra, que deixou um imensurável legado de moral, ética, equidade, altruísmo e desprendimento, assim como tantos outros expoentes da humanidade, tais como Sócrates, Gandhi, Madre Teresa, Luther King, Chico Xavier e incontáveis anônimos que vivem a pregar e praticar o bem em prol da coletividade, mesmo que no profundo anonimato. Natal é, pois, sinônimo de reflexão! Essa sim é a herança e o sentido.
Quanto à troca de presentes entre as pessoas, ah, isso é importante sim porque integra, ajunta, acalora, pulveriza sorrisos e abraços, porquanto, resguarda o seu valor emocional. Mas a razão há de prevalecer. *Administrador
As palavras e o Natal – Oscar D’Ambrosio*
Tente resumir o Natal em uma única palavra. Talvez as primeiras que venham à sua mente sejam, por exemplo, Família, Paz, Amor, Esperança e Felicidade. Todas seguramente são importantes e nenhuma consegue aglutinar o que é o Natal e como poderia ser um momento cada vez mais de reflexão sobre si mesmo e sobre o mundo que nos cerca.
Neste Natal, gostaria de pedir que cada um fizesse o exercício de selecionar uma palavra e a carregasse durante o Ano Novo como uma espécie de missão existencial, praticando o sentido desse vocábulo da maneira como conseguisse, sem norma, mas com sinceridade; sem o sofrimento de um peso existencial, mas com a leveza da transparência vivencial.
É claro que alguns podem escolher outras palavras, como rabanada, angústia, festa, comércio ou presente. E não há nada de mau nisso: rabanada é uma delícia; a angústia nos faz crescer; a festa diverte; o comércio movimenta a economia; e ser lembrado por alguém é sempre uma alegria.
Os perigos estão nos extremos. Se as cinco primeiras palavras correm o risco de ficarem apenas na teoria, as outras cinco, se colocadas em prática com parcimônia e bondade, não fazem mal algum. Que o nosso Natal seja isso: um olhar para si, para os iguais e para os diferentes que proporcione uma serena e verdadeira construção de mundo melhor.
*Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, onde atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa
Ela nos fortalece – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Bendita crise que sacudiu o mundo e a minha vida.” (Mirna Grzich)
Somos um universo em transformação, dentro das nossas limitações universais. É difícil de acreditar, mas, aqui na Terra ainda somos trogloditas. Ainda estamos descobrindo que podemos dirigir nossos carros com energia solar. Já falei pra você, que na década de sessenta assistimos a um programa de televisão mostrando como separar o hidrogênio do oxigênio, produzindo o combustível para o motor do carro. Já contei a história e não vou repeti-la. Mas foi no programa do Silvio Santos. Quando cheguei a Boa Vista, há trinta e seis anos, havia uma loja que vendia painéis solares. Foi com um deles que assisti à copa do mundo, no meu tapiri, lá na Confiança I.
Por que será que as coisas se repetem da maneira mais ridícula que podemos imaginar? Ainda na década de sessenta, em São Paulo, conversando com um engenheiro, ele me disse que aquele mecânico que mostrara o projeto do combustível a hidrogênio fora indenizado, não se sabe por quem. O que se sabia era que o mecânico estava rico e vivendo numa mansão na Praia do Guarujá. Não é à toa que vivemos nadando nas águas turvas das crises.
Mas deixemos esses exemplos fajutos de lado, e vamos nos preparar para as futuras crises que virão. E a melhor e mais inteligente maneira de encará-las é nos educando. Não fique perdendo tempo com as crises. Elas fazem parte da vida. E por mais que saibamos viver, não estaremos livres delas. Senão não fariam parte da vida. O importante é que marchemos nas veredas da imunização racional. É simples pra dedéu. A dificuldade está em cada um de nós. O que já é uma crise. Vamos procurar nossa evolução na racionalidade. Ontem estive falando com um dos meus filhos. Ele mora numa ilha, no litoral de São Paulo. Ele me disse que no final da tarde esteve caminhando pela praia. De repente encontrou uma garrafa pet atirada na areia. Ele pegou a garrafa e a levou até a lixeira. Saiu irritado, pensando em como ainda há pessoas capazes de atirar garrafas ao mar. Depois ele sorriu e riu de si mesmo, pensando: como é que eu ainda perco tempo me aborrecendo com o despreparo de alguém? Afinal de contas eu fiz a minha parte.
Nunca perca seu precioso tempo aborrecendo-se com os que, sem educação, causam uma crise interna em seus pensamentos. São crises silenciosas, mas crises. Agradeça-lhes por elas estarem ajudando você a distinguir o certo do errado. O erro e o acerto fazem parte de sua evolução racional e tornam as crises benditas. E se são benditas são bem-vindas. Elas nos amadurecem e nos fortalecem nas veredas da vida. Pense nisso.