Opinião

Opiniao 15 01 2018 5482

Inaptidão à brasileira – Tom Zé Albuquerque*

O ano de 2018 no país começou com a mesma adrenalina fincada em 2017. Pelo visto, muita emoção ainda vai rolar, sobretudo por ser um ano de pleito eleitoral, para qual reinará a prostituição política, a hipocrisia, as farsas e lorotas, as difamações de tudo quanto é jeito.

O Brasil permanece com um altíssimo número de analfabetos funcionais, o que pavimenta um futuro sombrio na política brasileira. A imprensa (primordialmente a televisiva) ditará a toada mais uma vez, contribuindo diretamente com os resultados das urnas, não auxiliando a população na escolha dos homens públicos pelo mérito e pela probidade, como deveriam ter minimamente como requisito. A corrupção, algo grave que mata e degrada, tem sido minimizada, comparada (tal qual defende o filósofo-showman da moda) com o ato de furar fila, por exemplo. A palavra “corrupto”, aliás, se transformou num apelido dado à ladroagem, principalmente do patrimônio público.

O nosso país define e julga por impulso, pela paixão, pela caricatura, pelo produto devidamente embalado. A prova disso foi recentemente retratada na escolha do melhor cantor do ano de 2017, um rapaz de nome Pablo; assim como a eleição da mulher do ano, uma garota chamada Anitta, ambos sem nenhum conteúdo artístico, sem algo sequer que pudesse expressar os títulos. Também foi eleito o principal atleta do campeonato de futebol no país um jogador que burlou a regra do esporte, mentiu para a imprensa sem nenhum escrúpulo, trapaceou, contrariando de forma inacreditável as imagens amplamente divulgadas no mundo todo.

Bem, as mesmas pessoas que nomearam e elegeram essas figuras, e acreditam ser isto algo normal e harmônico para a sociedade, serão os que elegerão os governantes para os próximos anos. Essa anomalia culmina na Ineptocracia, cujo sistema governamental gera políticos sem know-how para liderar e coordenar pessoas capazes de engendrar resultados porque são postos no poder por parasitas da sociedade que se sustentam de quem produz para nação sobreviver, num processo cíclico cruel de enfraquecimento econômico e, por conseguinte, na criação de uma dependência cada vez maior entre pessoa-estado, alcançando o propósito almejado dos algozes da nação: a curralização social.

Este conceito coaduna perfeitamente com o manifesto datado em 1920 pela filósofa russa Ayn Rand: “Quando você perceber que para produzir precisa obter autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em autossacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.

O Brasil é um balcão de negócios, numa feira livre de produtos falsos, conduzido por muitos malandros. Enquanto isso as pessoas de bem se lamuriam… somente isso.

*Administrador

Consolidar conquistas – e avançar – Michel Temer*

Começamos 2018 com uma excelente notícia: tivemos a menor inflação em duas décadas. O índice anual ficou, segundo o IBGE, em 2,95%, abaixo do piso do Banco Central, que era de 3%. A inflação baixa é resultado da queda dos preços dos alimentos, graças à nossa supersafra. É fruto também de decisões corretas e equilibradas de nossa equipe de governo.

Estamos consolidando o círculo virtuoso: com os preços mais baixos, os salários têm melhor poder de compra e as famílias podem consumir mais. Isso reaquece a economia, gerando mais produção, mais investimentos e mais empregos, que já voltam aos milhares. Batemos também o recorde de juros baixos – 7% ao ano, a menor taxa SELIC em 31 anos. Em 2018, a inflação vai continuar baixa e o PIB deve crescer mais de 3%, segundo projeções dos economistas.

A inflação foi ainda menor, de 2,07%, para os que ganham menos. Um feito que merece ser comemorado, pois, para os que não podem ter poupança, a inflação é o pior imposto. Quando assumimos, há pouco mais um ano e meio, a inflação estava em mais de 10%.

Conseguimos recuperar nossa economia da recessão mais profunda de sua história. Conto com o Congresso para aprovar em breve a Reforma da Previdência e assim garantir a saúde das contas públicas e a estabilidade da economia como um todo. Almejamos ainda realizar a simplificação tributária.

Em 2017, aprovamos o teto dos gastos públicos e modernizamos a legislação nas áreas do trabalho, agronegócio, meio ambiente, além de modificar regras para incentivar investimentos em energia, petróleo e infraestrutura. Selecionamos 7 mil obras, em todas as regiões, para serem concluídas – e já estamos fazendo as entregas devidas à população. Também ajudamos estados e municípios a equacionarem suas dívidas.

Buscamos austeridade e eficiência sem cortar na área social. Zeramos a fila e reforçamos o conjunto de benefícios do Bolsa Família. É do nosso governo o maior programa de titulação de terras urbanas e rurais. Reativamos o Minha Casa, Minha Vida, com 674 mil unidades contratadas. Em 2017, o orçamento da Educação e da Saúde aumentou – ao contrário do que previram os catastrofistas.

Devolvemos aos trabalhadores R$ 44 bilhões retidos em contas inativas do FGTS, além de anteciparmos mais R$ 21 bilhões do PIS-Pasep, que agora pode ser sacado por quem tem mais de 60 anos – antes a idade mínima era 70 anos.

Início de ano, sobretudo de ano eleitoral, é hora de planejar o futuro. Precisamos preservar tudo que o Brasil conquistou, com dificuldade e esforço. Não podemos retroceder aos tempos da recessão, da incerteza e da desordem. Os brasileiros saberão avaliar e decidir com sabedoria. De nossa parte, continuaremos a trabalhar para ajudar a consolidar, sem ilusões e populismos, um país mais eficiente e justo, que conjugue prosperidade social com responsabilidade fiscal.

Presidente da República*

A oposição na Venezuela, qual o caminho? (parte II) – Ranior Almeida Viana*

Dando continuidade na segunda parte do artigo da segunda-feira (08/01/18). Quando parecia que a calmaria estava imperando no país, um erro de cálculo do governo Maduro fez com que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) tomasse a decisão de cassar as competências da Assembleia Nacional.

Isso serviu para que os protestos que ocorreram entre abril e agosto de 2017, quando morreram mais de 120 pessoas, mas que não impediram que se concretizasse a eleição da Assembleia Nacional Constituinte. Mais uma vez, o setor que apoia a via rápida tomou o controle das atuações da Mesa de União Democrática (MUD).

Com a instalação e funcionamento da Constituinte, deixaram nas mãos do governo a iniciativa política. Essa instância convocou as eleições regionais, e a maioria da oposição decidiu participar sem explicar bem os motivos para a mudança de estratégia, nem fazer balanço do ocorrido nos quatro meses anteriores, quando afirmou a seus seguidores que a derrota do governo estava próxima.

Incoerência tem seu custo em todas as atividades da vida, e a política não está de fora disso. Pesquisas feitas depois dessa virada indicavam que mais de 60% dos venezuelanos rejeitavam a atuação da coalizão de oposição. A MUD tinha perdido boa parte de seu capital.

A consequência foi uma grande abstenção em zonas predominantemente de oposição, somado a manipulações do CNE e à pressão para votar exercida pelo governo sobre boa parte dos que recebem algum tipo de benefício social, fez com que a oposição não ganhasse a maioria dos governos, como previam as mesmas pesquisas que refletiam o descrédito da MUD.

A maioria dos venezuelanos rejeita o governo de Nicolás Maduro, mas não vê uma alternativa clara para substituí-lo. Nenhum dos dirigentes políticos de oposição tem o capital necessário para enfrentar com êxito a eleição presidencial que deve se realizar neste ano. Por isso se procura um “Líder”, mas até o momento ninguém decidiu assumir esse papel.

Considerada uma alternativa totalmente inconveniente para o país. Uma possibilidade que só geraria mais anos de instabilidade para a Venezuela.

Portanto, o conveniente, é que as negociações que estão sendo realizadas na República Dominicana terminem com acordos nos quais se inclua a eleição presidencial com garantias de respeito à vontade popular ali expressada e que também se eliminem ou se imponham limites, muito precisos, à atuação da Assembleia Nacional Constituinte.

Não há nenhuma dúvida de que os que governam a Venezuela não são democratas, que utilizaram e utilizarão todas as alternativas ao seu alcance para manter-se no poder, sem importar a opinião da maioria dos venezuelanos, mas é preciso tirá-los do poder mediante o voto e constituir um governo de amplitude porque a crise nacional é das mais graves que a Venezuela teve em toda a sua história.

*Licenciado em Sociologia – UERR, Bacharel em Ciências Sociais – [email protected]

Educar é penoso – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos.” (Pitágoras)

Não sei se você sabe, mas gosto de esculpir. Faço isso desde minha infância. Não sou Ô escultor, mas esculpo. Adoro esculpir em pedra-sabão e em madeira. Já falei aqui, e faz tempo, que só esculpo mulheres, porque as tenho como a Deusa criadora do mundo. Porque sem elas não existiríamos. Mas nunca usei modelos para meu trabalho. As mulheres são meus modelos. E elas estão em toda parte. Falei do hábito que tenho de admirar detalhes nas mulheres que vejo pelas ruas, para colocá-los nas minhas esculturas.

Todas as minhas esculturas representam detalhes encantadores que vi em alguma mulher. E por isso tenho o hábito de olhar muito para as mulheres. Quando você perceber que estou olhando muito pra você, não se assuste nem se preocupe. Estou apenas roubando alguma coisa importante na sua beleza, para usá-la em alguma escultura. E só isso. E estou falando disso agora porque um equívoco estragou meu fim de semana.

Estávamos tomando o café da manhã quando a dona Salete me contou um caso que me aborreceu, e muito. Ela me disse que uma senhora a abordara, recentemente, e lhe dissera que a neta dela tinha ficado assustada, no supermercado, porque eu estava olhando muito pra ela. A Salete não teve como amenizar a coisa, mesmo sabendo que eu jamais olharia para uma garota, com más intenções. O que me aborreceu, e muito. Tomara que este recado chegue até aquela senhora ou à sua neta, que não é uma garotinha.

Cuidado, senhora. Procure educar sua neta para o mundo em que ela está iniciando sua vida. Ultimamente tenho falado do perigo que a sociedade está criando para o futuro, com as campanhas absurdas na procura da igualdade. E para sermos iguais, teremos que ser igualmente preparados para o mundo em que vivemos. E a Educação exige desenvolvimento mental e racional; o que devemos ensinar a nossos filhos e netos, para que eles saibam viver um mundo diferente do nosso. O que exige muito preparo.

Buscar a beleza para meu trabalho, na beleza da mulher é um hábito sadio. Desde que ele seja feito com sinceridade. E é o que eu faço quando olho para uma mulher, admirando algo nela, que represente algo de bom nos meus trabalhos, quer sejam na escultura ou em qualquer outro ramo. Minha senhora; não sei quem é a senhora, nem a sua neta, mas meu aborrecimento não é com as duas, mas comigo mesmo. E isso porque sei que não vou perder o hábito de admirar a beleza na mulher, por quem tenho um respeito profundo. Diga à sua neta para não se assustar mais, caso eu ainda a olhe com respeito. Pense nisso.

*[email protected]