Gestão das PMEs, um desafio – Marcello Lopes*
O ambiente corporativo nas milhares de empresas que lidam de forma direta e indireta com o poder público passa por fortes mudanças. Entre os motivos está o esforço das autoridades policiais e judiciárias nas investigações de enfrentamento à corrupção, como a Lava Jato. O empenho tem forte influência no âmbito empresarial em virtude do impulso dado para a implantação da Lei Anticorrupção. O cenário atinge as grandes empresas e engloba toda a rede de fornecedores e prestadores de serviços das empresas de todos os portes e ramo.
A Lei Anticorrupção responsabiliza as entidades jurídicas, não excluindo a responsabilidade civil de seus dirigentes ou administradores ou qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito à administração pública. A lei visa fortificar os mecanismos que as empresas possuem sobre as operações em torno do cumprimento da legislação nacional e das regulamentações específicas de cada setor.
As ferramentas de controle são nominadas como programas de compliance, de conformidade com as leis. A instituição desses programas não é novidade. A Lava Jato atinge grandes companhias brasileiras que já tinham códigos de ética e programas de compliance elaborados. Logo, a devida eficácia da Lei Anticorrupção estará comprometida se as condutas dos principais gestores da empresa não convergirem para o respeito das leis.
A regulamentação para que a Lei Anticorrupção seja aplicada impõe o modo como uma empresa deve se preparar para empreender as atividades junto a qualquer esfera da administração pública. Mas a dimensão do impacto da legislação está eclipsada na medida em que o tema é quase sempre relacionado às grandes corporações. O maior desafio é sua adoção por pequenas e médias empresas cuja parcela significativa não possui procedimentos e controle formalizados. Cenário visto nos negócios não profissionalizados.
Todo o circuito que abrange uma grande empresa, com seus fornecedores, pode atingir pequenos e médios negócios. Se uma indústria gigantesca adota procedimentos de compliance, os fornecedores da cadeia produtiva, consequentemente, terão que adotar medidas de conformidade.
A implantação do programa de compliance passa, obrigatoriamente, pela manutenção de profissionais capacitados para implantar os mecanismos, gerenciar informações de forma adequada e consciente da relevância destes dados apresentados nas demonstrações financeiras. Este é um momento que possibilita às empresas, principalmente as de pequeno e médio porte, se estruturarem para que o país cresça e alavanque a economia. Quem não se adequar a esta realidade não sobrevirá às exigências do mercado.
*Sócio da LCC Auditores e Consultores e mestre em contabilidade pela PUC-SP
Reforço escolar: não estamos fazendo isso direito – Ricardo Althoff*
Chega a ser um tanto absurdo o modo como o reforço escolar é visto e utilizado pelo modelo de ensino nacional, atualmente. Quase não há espaço para o programa de ensino paralelo, e muitas vezes ele é tratado como punição, no máximo um intensivo de fim de ano para passar em uma ou outra prova. O problema está na forma como se entende o aluno. Ele é visto como um produto em uma esteira de linha de montagem. Se ele apresenta algum defeito três coisas podem ocorrer: ele é descartado, ele é remendado no fim do processo e passa mesmo tendo problemas estruturais, ou ele volta para o começo da esteira, mesmo sem precisar passar por todas as etapas para concertar um problema, que muitas vezes é novamente ignorado.
Não é a toa que só há três opções plausíveis para esse modelo: abandono escolas, recuperação e progressão continuada, ou repetência. Os moldes de nosso ensino ainda são baseados em necessidades ultrapassadas, acomodadas e ineficientes. Hoje a taxa de reprovação de alunos no ensino médio chega a 13,1% no país, de acordo com o estudo Todos pela Educação. Esse número é enorme quando comparado aos 2% de países líderes em educação como a Finlândia. São aproximadamente U$ 3 bilhões/ano mal investidos em uma educação que não levará o aluno a lugar algum, já que o ensino precisa ser personalizado de acordo com a necessidade individual.
O que mais incomoda é que uma solução simples poderia ser aplicada de forma preventiva e que resolveria esse problema: justamente o uso do reforço escolar ao longo do ano letivo. A maioria dos educadores já entende o reforço escolar como uma ferramenta paralela e necessária para a maior parte dos estudantes. O aprendizado é algo que demanda dedicação fora da sala de aula, e, muitas vezes, é difícil para a criança e o adolescente estudarem sozinhos em casa. A falta de disciplina de estudo e a impossibilidade da maioria dos pais, que trabalham, de ajudar, contam muito para que isso não ocorra.
O uso do reforço bem planejado como atividade paralela durante todo o ano ajuda a dar aprofundamento ao aluno, assim como descobrir e trabalhar pontos de dificuldade. É um braço educacional, não um salva-vidas, e que pode e, deve ser feito por profissionais da educação. Esse inclusive é um ramo em crescimento para o empreendedorismo educacional. A necessidade existe e ela reflete o cenário social. O uso da internet e da EaD (Educação à Distância) deram alternativas para o reforço escolar ser realizado sem a necessidade de grandes investimentos em infraestrutura, o que barateou os custos para educadores e alunos.
Claro que ainda há um problema envolvendo as diferenças de ensino particular e público. A falta de verba torna complicado investir em mais professores, espaços e materiais na escola pública. No ensino particular o reforço pode inserir um gasto alto com as escolas, que ainda entendem o reforço como o “extra” de seu serviço. Entretanto, plataformas de reforço online estão disponíveis para a maioria dos alunos, e pelo barateamento do processo é possível cobrar mais barato. É negócio para o empreendedor, e é acesso para o aluno, que muitas vezes, mesmo na rede pública, já possui internet em casa.
Há de se mudar paradigmas, aproveitar oportunidades e investir na educação. Só não adianta esperar que o sistema mude. Os resultados estão ai há anos e ele continua parado, preguiçoso e mal planejado. Cabe aos educadores tomar em suas mãos a oportunidade, pois eles podem fazer a diferença, mudar suas vidas e a de outros. Vivemos em uma época que demanda essa nova postura. Aproveite o fim de ano para refletir. Tudo tem potencial para mudar.
*CEO de Seu Professor Empreendedor & Negócios.
Lembra do Menino Maluquinho? – Oscar D’Ambrosio*
Lembra do menino Maluquinho? Criado por Ziraldo em 1980, o livro é um marco com mais de 2,5 milhões de exemplares vendidos. Mas o que ele te a nos ensinar hoje? A última frase traz uma chave: “E foi aí que todo mundo descobriu que ele não tinha sido um menino maluquinho. Ele tinha sido um menino feliz”.
Parece que a sociedade perdeu essa capacidade de preservar a felicidade mental. É claro que problemas não faltam nas nossas mentes, casas, famílias, país e mundo, mas, acima de tudo, há a ausência de encantamento no cotidiano. E cada um de nós pode retomar essa fantasia.
A proposta pode parecer ingênua – e certamente é em diversos aspectos, mas busca apontar para um dos grandes fascínios do personagem de Ziraldo, a capacidade de inventar. O polêmico filme ‘A vida é bela’, por exemplo, de Roberto Begnni, tangencia a questão de uma outra forma, é claro.
Mas existe em comum a preservação do sorriso no rosto e do coração, a capacidade de manter o deslumbramento da infância para sempre dentro de nós e a convicção de que crescer e ter dificuldades são questões que, sim, podem nos impedir de voar. A capacidade de ser felizes, mesmo quando tudo parece conspirar contra, nos salva, como aponta Ziraldo.
*Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, onde atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa
Podando o radicalismo – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Um radical é um homem que vive com os pés apoiados no ar.” (Franklin Roosevelt)
Você nunca vai resolver os problemas, voando nas asas do radicalismo. Por que radicalizar? Nossas vidas são estruturadas nas mudanças. Quando não mudamos paramos no tempo. E este está mudando e nos levando.
Mudando ou radicalizando, você será sempre levado pelo tempo, do mesmo jeito. Mas vai pagar caro pelo atraso no seu desenvolvimento racional. Sabemos que somos imortais. Ou não sabemos? Nossa vida é um eterno ir e vir. E cabe a cada um de nós se desenvolver, na permanência por aqui. Porque, como somos todos iguais nas diferenças, é com esta que devemos nos preocupar para evitar, ou eliminar as diferenças. Porque esta está na superficialidade. E quando radicalizamos, estamos eternizando a mesmice.
Pare de gritar, cara. Procure fazer sua parte no desenvolvimento do mundo. Você pode fazer isso, fazendo o melhor que você pode, e deve, fazer no que faz, seja o que for. O tempo muda, o mundo muda, mas as pessoas tendem a não mudar. Pretendem, sempre, acreditar mais na competência das outras pessoas do que na sua própria. E por isso vivem a vida toda, na gangorra da incompetência, tentando resolver os problemas através de gritos e arrufos.
Desprenda-se da corda-bamba. Sua queda, por maior que seja não será maior do que o resultado positivo. É só você saber aproveitar os resultados. Já sabemos que aprendemos com os erros. São eles que nos ensinam como fazer, na nova tentativa, de modo diferente do que fizemos na tentativa anterior. É assim que saímos do radicalismo. A racionalidade nem sempre é entendida pelos que ainda não conhecem o racional. E não há racionalidade no radicalismo.
Quando respeitamos os pensamentos das outras pessoas é porque respeitamos suas diferenças, enquadrando-as na igualdade. Se não concordamos com os pensamentos delas, por que discuti-los? Se discutirmos ou discordarmos estaremos radicalizando. O que nos leva ao radicalismo. Porque este não respeita o direito que as outras pessoas têm de pensar, de acordo com sua evolução racional. E é aí que estão as diferenças que devem ser respeitadas. Deu pra sacar?
Sabia que o radicalismo é o maior fabricante de rugas? E aposto como você fica diante do espelho, todos os dias, preocupado com as rugas que ameaçam sua aparência. E se você está se aborrecendo com esse papo, cuidado, você pode estar radicalizando futilmente. Procure viver sua vida como ela deve ser vivida. Com amor, simpatia, responsabilidade, respeito, e muita alegria. São alguns dos ingredientes mais importantes na felicidade. Pense nisso.