Cotidiano

Roraima está em alerta por causa da pior seca dos últimos 35 anos

Autoridades estão em alerta e começaram a traçar plano para evitar que tragédia ambiental registrada em 1998 se repita por causa da seca

Representantes de mais de 25 órgãos que atuam no combate à forte estiagem no Estado de Roraima se reuniram com a Defesa Civil na sede do Corpo de Bombeiros Militar do Estado (CBMRR), na manhã de ontem, para traçar ações para o período que compreende aos meses mais secos do ano, entre outubro e dezembro.

Durante as discussões, os meteorologistas alertaram sobre a baixa incidência de chuvas e afirmaram que esta pode ser considerada a seca mais intensa dos últimos 35 anos.

Para o último trimestre do ano, os meteorologistas não estão otimistas quanto às chuvas, que estão abaixo dos padrões climatológicos. “Está começando a estação seca em Roraima. Um fenômeno que acontece há algum tempo e ganhou grande intensidade agora, o El Niño, tem como reflexo diminuir o quadro chuvoso na região.

Isso significa que teremos temperaturas bastante elevadas, o que é muito preocupante em diversos aspectos, tanto nas questões de saúde, com desidratação de idosos e crianças, como nas queimadas, porque ganham maior importância neste período em função do tempo seco”, explicou o meteorologista do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipran), Roberto Dallarosa.

Ele também mencionou que este é o fenômeno mais intenso dos últimos 35 anos e destacou as perspectivas do Sipran diante deste panorama. “As perspectivas, pelo menos as dos próximos três meses, é que o fenômeno vai continuar se mantendo bastante intenso. Nós precisamos acompanhar, mês a mês, para ver a evolução, se vai permanecer, enfraquecer ou tornar-se mais intenso. De qualquer maneira, é importante salientar que as chuvas estão abaixo do esperado”, ressaltou.

De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Edivaldo Amaral, o objetivo da reunião foi planejar ações para a estiagem. “Há uma preocupação muito grande das autoridades. A governadora Suely Campos [PP] ontem fez um pedido para colocarmos em prática, o mais rápido possível, o plano de contingência da Defesa Civil, por isso convocamos o chefe da divisão de meteorologia do Sipran, para dar previsões para o trimestre. Temos que estabelecer estratégias de combate aos incêndios florestais que vão começar a surgir neste período”, frisou.

Para Amaral, a antecipação de combate à seca é para evitar os prejuízos vivenciados em 1998, no Estado, quando os termômetros tiveram aumento em torno de 5 graus. “Há dois anos está incidindo o El Niño no Oceano Pacífico e, como efeito climatológico, temos as queimadas em Roraima”, alertou.

BRIGADAS – Com a baixa umidade relativa do ar e a facilidade de provocação de incêndio, o Comando do Corpo de Bombeiros decidiu se unir à Defesa Civil e órgãos ambientais para fazer fiscalização nas principais áreas de foco das queimadas. “Consequentemente, vão surgir os incêndios, primeiro na região do lavrado. Vamos montar as brigadas a partir da segunda quinzena de outubro para evitar que o fogo não se alastre pelas matas e encostas de serras, o que seria humanamente impossível combater”, destacou Amaral.

Os municípios do interior que têm destacamento de bombeiros (Caracaraí, Rorainópolis e Pacaraima) irão participar das ações e terão materiais de apoio reforçado para fazer frente às situações de queima, sobretudo clandestinas praticadas por agricultores. (J.B)