Política, um elogio – Paulo Henrique Martinez*
Não há futuro sem conflitos. O reconhecimento desta afirmação é salutar e nos conduz a outras formas de encarar a realidade em que vivemos, no presente e no passado. Os desafios da imaginação política e do pensamento social, e assim o demonstram as suas próprias histórias paralelas, residem na busca de respostas e na solução de conflitos humanos e sociais. Há uma história do pensamento político empenhado na previsão, na prevenção, na regulação e na superação de conflitos ao longo do tempo, em diferentes lugares no mundo.
A continuidade desta lógica política interativa, reflexiva e autorenovadora abre possibilidades para outros comportamentos e atitudes na vida em sociedade. Primeiro, ela nos sugere não buscar a antipolítica, ou seja, a prática aberta e dissimulada da violência no enfrentamento de conflitos humanos e sociais. Segundo, ela nos sugere não abandonar a política, pois a indiferença e a evasão podem ser atenuantes do cotidiano opressivo e frustrante, mas não implicam em soluções aos conflitos, sejam eles de qualquer espécie. Terceiro, ela nos sugere não rejeitar o sistema político e o pluralismo da vida democrática.
A política não se reduz a um jogo pelo poder. Ela traduz o desejo e a motivação na realização de um projeto de futuro, sem desconhecer e ignorar a existência de conflitos. Nesta perspectiva a política é o espaço da criatividade, da imaginação, da participação, da solidariedade e da liberdade humana. Ideias, instituições, reformas, legislação, organização social, eleições e debates políticos são decorrências da avaliação das transformações econômicas e das aspirações sociais e da solução aos conflitos delas resultantes. Um projeto de futuro é um projeto político, o estabelecimento de um necessário e atualizado contrato social. Um projeto político de futuro elabora e testa as políticas públicas mais apropriadas.
Pensamentos, comportamentos e atitudes políticas possuem fundamentos culturais, são construídos social e historicamente. No Brasil e na América Latina, desde a década de 1990, discutem-se reformas políticas e econômicas capazes de elevar os níveis de desenvolvimento nacional. A inovação cultural e política no século XXI volta-se para o aumento da produtividade na economia, sem o qual não poderão ser sustentadas as políticas sociais. As políticas sociais são inadiáveis e imprescindíveis em qualquer sociedade, sobretudo, aquelas marcadas pela opressão, pela concentração da riqueza e da cultura, pela violência. E a sociedade brasileira é uma delas. A política deve prevalecer e continuar.
*Professor do Departamento de História da Unesp de Assis
A esperança precisa renascer com mais luz – Vera Sábio*
Sou alguém que pensa positivamente e realmente deseja de coração que o bem, a justiça, a prosperidade, o amor, a fraternidade e tudo de melhor sempre aconteça.
Vibro quando observo denúncias de irregularidades com a verba pública sendo investigadas, corrigidas e tomadas medidas punitivas a fim de diminuir a terrível corrupção e termos melhores atendimentos nos setores da educação, saúde, segurança, urbanismo e todos os outros.
Procuro fazer meu papel de cidadã, esclarecendo e indo atrás da verdade para que ela sempre prevaleça. Porém sinto-me muito mal e desanimada quando percebo que andamos sempre em círculos, ou seja: “algo de rosca”, onde roda e roda e não sai do lugar.
Afinal eu sou uma gota no oceano, uma pessoa na imensidade da nação. Alguém que não fará falta, mas que também pode fazer pensar, como tantos que modificaram alguns conceitos que depois de experimentados foram reagidos de outra forma.
Dessa maneira, tento ser a gotinha que consigo derramar, para que a fogueira dacorrupção diminua; mas sinto-me um tanto desanimada diante de tantos acontecimentos egoístas. O qual não compreende como a população não percebe; já que os interesses próprios são distorcidos pelo dinheiro, aquele que compra qualquer consciência.
Assim só me resta pedir a Deus, que transforme e ilumine o coração das pessoas; para que elas não esqueçam o que os políticos atuais fizeram, pois quem não fez, não fará. Conseguindo assim, teremos pessoas novas na política e com elas novas possibilidades de um futuro melhor.
*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cegaCRP: 20/[email protected]
Os novos e velhos fantasmas da política brasileira – Sérgio Mauro*
Se for verdade que os fantasmas ainda assustam, e não apenas as crianças, o cenário político brasileiro conta atualmente com a volta de antigos espectros, que se consideravam praticamente varridos do mapa, além do surgimento de novos e, por certos aspectos, ainda mais perigosos.
Vejamos: trata-se de ghosts populistas, à esquerda e à direita. Mas, na atual conjuntura política brasileira e mundial, ainda há sentido em rotular políticos ou candidatos a políticos como populistas ou como pertencentes à esquerda ou à direita?
Na verdade, as distinções entre as visões esquerdistas e direitistas há muito deixaram de existir, ou ao menos se tornaram menos nítidas, talvez até mesmo antes da queda do Muro de Berlim e do desmantelamento da União Soviética. Quanto ao populismo, a questão é ainda mais delicada, pois ele se apresenta mascarado, mas sempre à espreita, em uma sociedade conduzida pelo gossip das redes sociais e manipulada por grupos midiáticos.
A real extensão do perigo dos novos fantasmas e da ressurreição dos velhos ainda não foi devidamente mensurada. Mais do que populismo ou de esquerdismos e direitismos, trata-se do esgotamento do modo de fazer política, cada vez mais distante do cidadão real, pagador de impostos e vítima da manipulação midiática.
Depois da derrocada dos “-ismos” (comunismo, populismo, etc.) sobreveio o vazio. Quem normalmente se habilita a preenchê-lo? Aventureiros e demagogos, arautos que desejam restabelecer a ordem, geralmente após governos que supostamente se pautaram pela defesa dos direitos dos fracos e dos oprimidos (ou “descamisados”, para usar um termo muito empregado por um dos fantasmas atuais que deseja candidatar-se novamente).
O vazio de poder deixado ao léu por um governo ou por uma sucessão de governos incompetentes constitui o fato mais grave da situação política, brasileira e mundial, pois se por um lado é verdade que os “-ismos” de direita ou de esquerda não levavam e não levaram a soluções, por outro é certo que o vácuo que deixaram como herança tornou-se ainda mais pernicioso, adquirindo ares doentios, no qual bravatas de heroísmo, na defesa de antigos valores aparentemente perdidos, encontram espaço garantido e decolam nas pesquisas de intenção de voto nas próximas eleições.
Quem deveria preencher o vazio antes que um aventureiro lance mão? A responsabilidade é de todos: escola e mídia em primeiro lugar, mas também das famílias, da igreja e dos intelectuais e literatos. Vamos ensinar os que ainda têm ouvidos não “contaminados” pelos discursos de ódio e de suposto restabelecimento da ordem a duvidar, a não confiar em promessas fáceis, a exigir dados concretos e compromissos dos que se lançam em campanhas, a investigar e a analisar a trajetória política dos que se arvoram em defensores do povo oprimido.
Como exigir, porém, discernimento de quem frequentemente nada tem, nem condições mínimas de vida, nem acesso a livros e a escolas decentes? E assim, caímos num círculo vicioso que dificilmente conseguiremos romper. Não será certamente com a violência, já antes usada sem resultados, tampouco com a inércia de quem deixa o barco correr e espera que as coisas se ajustem. Boas intenções que se esgotam em paliativos ou em caridades momentâneas também não bastam, mas ultimamente até mesmo as boas intenções têm sido raras, o que dá a medida exata da gravidade da situação.
Enfim, para que se veja uma luz no fim do túnel é preciso evitar a desmoralização pública das poucas instituições sérias que ainda restam em pé. Cabe modernizá-las e aperfeiçoá-las, mas não submetê-las a críticas infundadas e baseadas em informações tendenciosas e sem critério, muitas vezes veiculadas pelos impérios midiáticos.
*Professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara.
Eu não sou pobre – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Eu não sou pobre, pobres são os que creem que eu sou pobre. Tenho poucas coisas, é certo, as mínimas, mas só para poder ser rico.” (José Mujica)
O Mujica sempre foi visto como um pobretão, pelos que veem na política a maior fonte de riqueza. E ele não está nem aí pra isso. Um político simples que não está interessado na futilidade da riqueza material. Mas não estou a fim de falar de política. Chega. Vamos nos cuidar para viver. E viver é ser feliz. Quem não é feliz não vive. São os que passam pela vida, sem viver. Nossa riqueza está dentro de nós mesmos. São despreparados os que vivem à procura da riqueza, sem nem mesmo saber que ela esta aí. Que não precisa se matar na azáfama do dia a dia para viver como uma pessoa rica.
Viva feliz com sigo mesmo. Ame-se e não caia na esparrela de pensar que você é diferente. Somos todos iguais nas diferenças. Comece a acreditar nisso. E viva sua diferença sem ser diferente. Caminhe pelas veredas da racionalidade. O Racional lhe diz que você é capaz de realizar. E se é, seja. Todo o poder de que você necessita para vencer na vida está em você e em mais ninguém. Só você tem o poder de fazer de você uma pessoa feliz. E quem é feliz é rico. Não importa o quanto tem em valores materiais.
Mas não vamos confundir a pobreza escudada na miséria, com pobreza espiritual. É no nosso espírito que está a nossa riqueza. O reino de Deus está dentro de cada um de nós. E só quando acreditamos nisso somos capaz de realizar o que sonhamos, dentro da racionalidade, ou não. E quando nos conhecemos como seres de origem racional sabemos distinguir o que é certo e o que e errado. E só o que é certo nos interessa para nossa riqueza espiritual. Não estou a fim de ser seu orientador. Estou só comentando o que me veio à mente, quando li a fala do José Mujica. Não devemos nos sentir coitados porque não possuímos riquezas materiais. Ele, o Mujica, não possui porque não quer possuir. E isso já é, de per si, uma indicação de que ele é rico; somos felizes porque sabemos viver. E viver é ser feliz dentro do mundo racional.
Não importa nem deve nos preocupar o que dizem os que pensam que sabem tudo sobre a Terra. A Cultura Racional nos diz que estamos aqui, sobre a Terra, há vinte e uma eternidades. E que lá no mundo de onde viemos e para onde iremos, não há unidade de tempo. Um milhão de anos e um centésimo de segundo são a mesma coisa. Logo, é a nós que cabe o dever de nos prepararmos para nossa volta, o mais cedo possível. E comecemos cultivando a felicidade para que vivamos racionalmente, enquanto estivermos por aqui. Pense nisso.