No mundo de Bobby
A leitura da Mensagem Governamental feita pela chefe do Executivo estadual, Suely Campos (PP), na abertura no ano legislativo, na terça-feira da semana passada, na Assembleia Legislativa, é o que se pode classificar como uma mitomania em seu grau mais elevado, em que o próprio autor da compulsão não sabe mais o que é verdade e o que é invenção.
O que preocupa a população roraimense é saber se realmente o próprio governo acredita no que foi escrito e lido naquela mensagem, a qual enumerou um Estado que não reflete a realidade que enfrentamos no dia a dia, em que a violência e a imigração desordenada são apenas um dos inúmeros desafios.
Culpar as administrações anteriores pelas mazelas foi outra face da mensagem, antes de discorrer sobre um Estado que só existiria no Fantástico Mundo de Bobby, muito distante das praças e semáforos da cidade, além da angústia de servidores e trabalhadores terceirizados com seus pagamentos em atraso.
É fato que a administração anterior deixou um governo capengando e sem recurso até para pagar o funcionalismo público. Porém, a atual administração não promoveu as mudanças e reformas necessárias a que o Estado conseguisse sair do buraco e respirasse novos ares que tanto o eleitor desejava ao votar nesse grupo que está no poder.
Ao contrário, o que se viu foram empresas de fora sendo contratadas para obras e serviços, principalmente na Educação, deixando na penúria as empresas locais e permitindo que o dinheiro que deveria ficar aqui fosse parar bem longe.
Como a auditoria nas contas do governo não foi feita, conforme prometido, ninguém sabe realmente o tamanho do buraco nem quem foram os culpados por permitir os desmandos que jogaram os cofres públicos nesse buraco de desesperança. E o funcionalismo público é um dos setores sob sérios riscos nesses tempos de crise, pois ele é o primeiro prejudicado quando os cofres públicos secam devido à corrupção ou incompetência administrativa.
A realidade só não é pior porque o Governo Federal, com tempos de atraso, assumiu a situação da imigração desordenada que vem da Venezuela. Mas a violência avança, com o crime organizado tocando o terror e comandando a criminalidade a partir dos presídios. Nem as obras nos presídios, que se arrastam há anos, o governo consegue concluir.
As eleições estão se aproximando e tudo indica que o roraimense irá conviver com duas realidades: a que está sendo fantasiada pelo governo, em que só existe nas peças publicitárias e nas planilhas dos marqueteiros, e a das ruas, a que o povo vive, do quadro de desalento e sem saber aonde vamos parar.
*Jornalistae-mail: [email protected]: www.roraimadefato.com.br