Filhote de cruz credo
A política roraimense sempre surpreende. Quando a gente pensa que já viu o bastante, aí aparece um vereador de Boa Vista preso sob acusação de envolvimento com o crime organizado. Mas como assim? A política partidária já não era um crime organizado desde há muito tempo, antes mesmo da operação Lava Jato?!
Parece uma redundância, mas o fato é que pesa contra o vereador fortes indícios de ele ter sujado suas mãos com facções criminosas, ou seja, com bandidos que não usam gravata. Os indícios mostram que o crime organizado se entrelaça com o crime de colarinho branco, como é chamado tudo aquilo que é corrupção cometida pelos que usam termo e gravata.
Não seria exatamente uma novidade. Muito tem se falado que a política partidária se lambuzava com as facções criminosas, porém nunca havia provas para atestar isso e tudo ficava somente nas especulações. Agora surge um possível elo que indica a veracidade desse cruzamento de filhote de cruz credo com o coisa ruim.
Seguindo essa linha de raciocínio, agora dá para imaginar por que o crime é tão organizado, a ponto de bancar candidatura própria, assim como os envolvidos na Lava Jato também têm suas candidaturas, inclusive em Roraima. Já que o povo elege qualquer um, não seria uma aberração extraterrestre o crime organizado ter seus representantes legítimos.
O caso do vereador que saiu da tribuna da Câmara direto para o xilindró serve de alerta ao eleitor roraimense nesse ano eleitoral. É necessário que o cidadão não se deixe enganar pelas antigas raposas que tomam conta do galinheiro. Mais que nunca, o momento é de fazer uma faxina moral na política, pois não podemos permitir que a organização do crime em todos os níveis se concretize definitivamente.
A polícia está fazendo sua parte, investigando o crime; a Justiça faz a dela, mandando as acusados para a cadeia; então é hora de o eleitor assumir a sua parte no processo, não enviando ou reconduzindo os políticos envolvidos em bandalheiras e que são investigados por corrupção, pois se o crime é organizado, então a política partidária obviamente é visada pelas facções criminosas.
É preciso cortar o mal pela raiz, para que a política não fique refém do crime. Daqui a pouco, quem ficará refém do medo é a população de Roraima, já aterrorizada pelas facções criminosas, que mandam e desmandam nos presídios e que, pelo visto, agora querem mandar nos gabinetes dos engravatados. Aí seria o cúmulo da organização criminosa.
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