Bom dia,
Um dos requisitos primordiais para que se consiga desenvolver uma região é estudar a identidade, os sonhos, a visão de mundo e as aspirações de seu povo. Todo mundo, ou pelo menos a imensa maioria das pessoas com as quais conversamos em Roraima reclama da famosa “economia do contracheque chapa branca”. É consensual a ideia de que este modelo de economia baseada na demanda comandada pelo setor público está esgotado, e precisa ser superado através do fomento às atividades privadas, para vivermos definitivamente numa economia de mercado.
Só que não se muda a situação de uma economia anêmica, apenas com discurso. É preciso muito mais, sobretudo é preciso conduta de quem abandona a área de conforto de um emprego público que é seguro; quase sempre exige pouco trabalho e que paga salários, na esmagadora maioria dos casos, muito mais elevados do que a iniciativa privada. E quando dizemos isso, não estamos falando das elites econômicas, políticas, burocráticas e daqueles protegidos pelas corporações. Estas não desejam mudanças, como disse Giordano Bruno, filósofo napolitano do século XVII: “Que ingenuidade pedir a quem tem o poder, para mudar o poder”.
Para mudar é preciso que a população, do ponto de vista coletivo e da consciência popular, esteja querendo a mudança, com seus bônus, mas também com seus ônus, afinal, como lembrou Milton Friedman, importante economista norte-americano morto faz pouco tempo: “Não existe almoço de graça”. A consciência de que o desenvolvimento não ocorre sem muito trabalho e talento, tem que ser acompanhada pela sabedoria da população em identificar o que é importante como fator de estímulo à mudança de uma situação econômica.
O leitor, e a leitora, da Parabólica devem estar curiosos para saber por quais razões estamos falando disso aqui? Pois bem, é para falar sobre a decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) que validou o Código Florestal Brasileiro, que entre outras coisas, autorizou que nos municípios amazônicos com mais de 65% da superfície já protegida por Terras Indígenas e Unidades de Conservação, os agricultores podem utilizar até 50% da área total de seus lotes. Antes, o aparato ambientalista conseguira fixar esse aproveitamento a apenas 20% da área dos imóveis rurais em áreas da floresta amazônica.
É impressionante como são poucas as pessoas que percebem a importância desse fato para o desenvolvimento de Roraima. E mais ainda, como no mundo dos políticos essa conquista fundamental para nosso futuro é ignorada. Talvez por conta de que ela é fruto da capacidade de negociação da senadora Ângela Portela, hoje no PDT, mas à época filiada ao PT, que estava no governo. Ela conseguiu segurar a imensa força do aparato ambientalista. Por uma questão de justiça é preciso lembrar igualmente a contribuição do ex-deputado federal Paulo César Quartiero, que como empresário rural teve participação ativa nas negociações.
INTERFERÊNCIAPolíticos locais, que ainda discutem que rumos partidários vão tomar até o fechamento da janela de transferência no próximo dia 7 de abril, têm tomado todo o cuidado para não serem surpreendidos depois, com intervenções das direções nacionais dos partidos nas instâncias locais. Ruídos que vêm de Brasília dão conta de que políticos que se julgam poderosos utilizam influência para brecar candidaturas ao Governo do Estado e ao Senado Federal para não prejudicar suas próprias pretensões. Quando vão à Capital Federal, esses políticos locais pedem a garantia de que não estão sendo atraídos para uma arapuca.
PSLO Partido Social Liberal (PSL) é uma dessas pequenas siglas partidárias que têm donos. No caso do PSL quem manda e desmanda é o deputado federal Luciano Bivar, um rico empresário pernambucano que o fundou e o preside. Ideologicamente de extrema direita, Bivar trouxe para seu partido o deputado federal Jair Bolsonaro, presidenciável, que aparece como o antiLula em particular e antiesquerda como um todo. Bolsonaro deve levar mais alguns deputados para o PSL, inclusive, seu filho. A única dúvida é saber quem vai dar as cartas a partir de agora naquele partido: Luciano Bivar ou o pessoal de Bolsonaro.
AQUI 1Em termos de Roraima, quem comandava o PSL até agora, era o deputado estadual Jânio Xingu, que chegou a anunciar sua saída do partido ao saber de possível ligação entre Luciano Bivar e o notório senador Romero Jucá. Xingu, que tem dado declarações públicas contra Jucá, sentiu um cheiro de rasteira no ar, e começou a sondar outras agremiações partidárias, entre as quais o PDT, presidido pela senadora Ângela Portela.
AQUI 2Ontem, quinta-feira (8), de manhã, o empresário e, pré-candidato ao Governo do Estado, Antonio Denarium, chamou a imprensa para anunciar sua filiação ao PSL, mediante um acordo com o presidenciável Jair Bolsonaro, que chegou a mandar um vídeo anunciando a filiação do empresário, e já pedindo voto para ele. Como Bolsonaro já fez declarações em redes sociais, divulgadas por aqui, criticando Romero Jucá é de se presumir que ele está dando as cartas no partido.
PACOTEAcontece que aparentemente o PSL não foi entregue com porteira fechada para Antonio Denarium. No pacote vieram já encaminhadas as candidaturas do ex-governador Paulo César Quartiero para o Senado Federal e do polêmico ex-deputado federal Márcio Junqueira para a Câmara dos Deputados. Resta saber, se dentro da proposta dos empresários de uma candidatura situada fora dos partidos e dos políticos tradicionais, o palanque de Denarium estará de acordo com o discurso.