Cena nos semáforos
A prefeita Teresa Surita (MDB) detém o título de “Amiga da Criança” há um certo tempo, então isso significa que ela já passou do tempo para tomar uma atitude com relação às crianças venezuelanas que estão nos semáforos de Boa Vista mendigando moedas junto com os seus pais. E nem precisava de nenhuma cobrança extra para ela agir, pois a Justiça já havia determinado que a Prefeitura desse assistência às crianças que estão no abrigo.
Além de se recusar a atender à decisão judicial, determinando que a Procuradoria recorresse da decisão, a prefeita tem fechado os olhos para a alarmante situação das crianças venezuelanas. Embora sejam estrangeiros, seus pais estão sob a legislação brasileira, o que mostra também a omissão do Conselho Tutelar, da Promotoria da Infância e do próprio Juizado da Infância.
As cenas são flagrantes nos semáforos das áreas centrais da Capital: as crianças que sabem andar perambulam por entre os carros mostrando suas placas de papelão pedindo dinheiro; as recém-nascidas estão no colo das mães, que protegem os rostos dos bebês com pedaços de papelão. Essas crianças estão submetidas a um risco de serem atropeladas e a todos os tipos de exploração.
Já que o Governo Federal assumiu o trabalho de assistência aos imigrantes, disponibilizando recursos, então que as autoridades locais cobrem a assistência a essas famílias com suas crianças expostas nos semáforos e tomem uma atitude para fazer os devidos encaminhamentos para a assistência necessária.
Afinal, o Brasil é consignatário de acordos internacionais que o impedem de bloquear a entrada de refugiados, o que significa que é necessário as autoridades tomarem atitude rápida a fim de reverter esse quadro social que se desenha, pois essas famílias devem permanecer por aqui por muito tempo, até mudar a situação da Venezuela, ou até mesmo podem morar em Roraima definitivamente.
O que não se pode é fechar os olhos para esta grave questão, que se amplia a cada dia com a chegada de mais refugiados. Já que Teresa é prefeita Amiga da Criança, então que ela encabece essas ações imediatamente, chamando a responsabilidade para si, assim como ela se apressou em anunciar o “aluguel solidário”.
E mais: mesmo que ela não goste de falar em construir creches, esse planejamento para abrir mais vagas na rede municipal de ensino tem que ser feito agora, pois se o ensino infantil já era deficitário antes desse êxodo venezuelano, é de se imaginar que os problemas só vão se ampliar. Chega da omissão das autoridades. Os problemas estão aí, visíveis, e não há mais como tapar o sol com a peneira. Mexam-se!